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Presidente da União Brasileira de Circos defende uso de animais em espetáculos

25 de setembro de 2009
3 min. de leitura
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Marli Moraes, ativista pelo fim do Holocausto Animal
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Em recente artigo publicado no O Globo, a sra. Marlene Olímpia Querubin, presidente da União Brasileira de circos itinerantes, se mostrou totalmente desatualizada em relação à posição da sociedade no que se refere à presença de animais em circos, já que o percentual dos contra é muito superior às suas mais pessimistas expectativas. Se a regulamentação emperrou no Congresso, foi exatamente por ouvir a voz das ruas. Boa parte do público se afastou desses espetáculos exatamente por não concordar com a imagem deprimente de criaturas selvagens forçadas a praticar atos completamente alheios à sua natureza. Se o fazem, é pela tortura, pelo medo e para isso nem precisa de vídeos, é uma questão de raciocínio.

Na realidade, ao defender o uso de animais nos circos, a sra. Marlene  trabalha na contramão de programas governamentais que buscam ampliar o mercado de trabalho para uma população de desempregados ou mal empregados. Manter animais em circos é sempre lucrativo,  pois eles não geram encargos trabalhistas, não fazem greve, não protestam, geram seus próprios sucessores, só lucro para os empresários do ramo e, quando falta algum bicho, basta importar, inclusive na ilegalidade do tráfico de animais.

Um dos artigos do projeto nº 397/2003 diz que: “… respeitadas as legislações estaduais e muncipais… portanto, nos Estados e municípios onde houver lei proibitiva, os circos não poderão ter animais em seus espetáculos”. E essa tendência é geral, virou bola de neve, a cada dia mais municípios aderem a essa ideia. Chegará o dia em que os circos terão de abdicar dessa mão de obra escravizada, serão forçados pelo respeitável público e pelas leis.

Os fiscais do IBAMA são os grandes avalistas em nossa luta por essa proibição, são eles que se deparam em primeira mão com as atrocidades, como uma leoa parindo numa jaula minúscula e imunda, animais sem as garras, sem nenhum dos dentes, com problemas visíveis de estresse. O encaminhamento desses animais passa a ser problema burocrático, data de época em que torturar bichos podia ser considerado uma coisa milenar, assim como os circos.

As notícias de barbaridades saem nos noticiários, não dá para esconder, camuflar com a defesa de uma arte milenar;  é crueldade mesmo, é tortura que se estende aos animais urbanos, errantes. Até por anúncio de jornal os donos de circos pedem que as crianças levem cães e gatos em troca de ingresso, pois esses bichos serão as refeições dos felinos enjaulados e famintos. É esse tipo de cultura que se pretende dar às crianças?

Nós os acusamos de maus-tratos, sem dúvida. Basta enjaular um animal de 3 metros de comprimento numa gaiola de 3 metros de comprimento ou colocar uma argola numa pata de um elefante. As técnicas dos domadores excluem a compaixão, usam artifícios para resultados artísticos, não para a preservação, acrescentando que nos santuários os animais tem à disposição veterinários e biólogos, além de seus protetores, voluntários que abdicaram de uma vida mais confortável para consertarem os erros de humanos gananciosos, são os heróis nessa contenda.

Novamente alheia ao mundo contemporâneo, a Sra Marlene… Os rodeios já são proibidos em várias cidades e vamos lutar para zerarmos também essa barbaridade. Quanto aos gatos, coelhos… é assunto nosso, há muito deixou de ser da esfera privada dos tutores, somos atentos e atuantes, somos ativistas.

Não existem contradições, o que existe é um grito de modernidade que busca um melhor tratamento aos animais e não é dentro de uma jaula que encontrarão o que merecem. Na realidade, nem deveriam sair de seus habitats. Muitos desses bichos são caçados na Índia e  África, onde, na maioria de seus 26 países, a caça é proibida. Como eles vêm parar aqui não sei.

As ONGs não têm fim lucrativo, bem diferente dos circos e, de fato, não têm tradição de torturar bichos; ao contrário, a ideia é livrá-los do tormento. Quanto ao respeitável público, grande parte dele se afastou exatamente por ter bichos nos circos.

Ao defender com tanto vigor a presença de animais em circos, fico imaginando que esses empresários desprezam, menosprezam o talento do artista HUMANO.

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