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Grupo paulista já catalogou 802 espécies de aves

25 de setembro de 2009
4 min. de leitura
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Nos fins de semana, o médico Luiz Fernando Figueiredo costuma se reunir com amigos para ir a parques e reservas ecológicas paulistas. Mas ele não vai caminhar, andar de bicicleta ou passear com o cachorro. O hobby de Figueiredo não é tão usual. Pelas lentes de seu binóculo, ele olha para cima, na direção da copa das árvores e do céu. Procura por garças, tangarás, gaviões, sabiás. Cada pássaro que voa na sua frente acaba em seu caderno, onde anota dados da espécie. Estima já ter registrado 500 tipos de aves.

Figueiredo e seus colegas são fanáticos por aves. “É nosso futebol de fim de semana”, diz o médico. “Só que levamos a sério esse lazer.” Tão a sério que ele e cinco amigos fundaram o Centro de Estudos Ornitológicos (CEO) para organizar excursões, pesquisas, palestras e fóruns sobre o tema. A instituição, que comemora 25 anos na próxima terça-feira, conta com 50 loucos por pássaros que catalogaram 802 espécies paulistas – 462 na capital. Amostra desse trabalho será exibida por Figueiredo no domingo, às 14h, em palestra gratuita que fará em homenagem à organização no Espaço Catavento, museu científico no Parque Dom Pedro II, no centro de São Paulo.

No CEO, há tanto profissionais da área, a exemplo de ornitólogos e fotógrafos especializados, quanto aqueles que têm a atividade como um passatempo. Figueiredo é um dos cerca de 40 amadores do grupo. O médico começou a observar pássaros na infância. Nascido em Passos, interior de Minas Gerais, ele capturava aves com seu pai, que as criava em cativeiro. “Porém, eu sempre preferi vê-las soltas na natureza”, conta.

Aos 10 anos, começou a pesquisar sobre as espécies que admirava. “Lia livros que pegava na biblioteca”, lembra. Quando foi para Belo Horizonte cursar Medicina, se aprofundou no hobby: comprou o primeiro binóculo e um guia de campo.

Figueiredo chegou à capital paulista em 1979 para se especializar em Saúde Pública na Universidade de São Paulo (USP). Na faculdade, se aproximou da professora Liliana Forneris, do Departamento de Zoologia, que costumava atender alunos interessados por aves. Dela veio a ideia de juntar esses curiosos e formar um grupo de pesquisas sobre o tema. Assim nasceu, em 29 de setembro de 1984, o CEO. “Os que se associam normalmente são viciados nessa área, mas que pouco sabem do assunto”, afirma a fisiologista Maria Aparecida Visconti, presidente da instituição. “No centro, aprendem a localizar, identificar e analisar as aves que observam. Muitos até se tornam especialistas.”

Caso do fotógrafo Edson Endrigo. Quando entrou para o CEO, há dez anos, ele era empresário do ramo de mineralogia e tinha como lazer retratar pássaros que pousavam na sacada de seu apartamento, no Morumbi, zona sul de São Paulo. Hoje, após o conhecimento que adquiriu com o grupo, abandonou a antiga empresa e se dedica a fotografar aves brasileiras. “Já registrei cerca de 1.200 das 1.800 espécies do País”, diz. “Cheguei a ficar imóvel durante sete horas, no meio da Floresta Amazônica, para capturar um raríssimo galo-da-serra com minhas lentes.” Endrigo publicou cinco livros sobre o tema por sua editora, a Aves e Fotos. Seu guia de campo, Aves da Grande São Paulo, lançado em 2004, vendeu 11 mil cópias e é um dos mais utilizados pelos observadores paulistas.

A maioria dos membros, porém, não lucra com a atividade. Pelo contrário, eles arcam com as despesas de viagens, máquinas fotográficas, livros. “Sai muito caro, tanto que às vezes não consigo acompanhar os gastos de outros colegas”, afirma o sargento da Polícia Militar Fábio Ferrão, no CEO desde 2007. A paisagista June Rodrigues Alves ainda investe em tintas e pincéis. É que, além de observar as espécies, ela pinta os pássaros em telas de madeira. “Amo admirar a natureza desde pequena”, diz June. “Também sempre gostei de desenhar e os pássaros têm cores ótimas para tal. Então, juntei minhas duas paixões.”

PARTICIPE

Interessados em entrar para o CEO devem se associar pelo site www.ceo.org.br. É cobrada uma anuidade de R$ 50 (metade para estudantes). A organização orienta iniciantes e prepara excursões no Estado de São Paulo.

Para observar pássaros, o centro ainda indica que principiantes tenham binóculo, guia de campo relacionando as espécies e botas para trilhas.

Fonte: estadao.com.br

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