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Crescimento urbano afasta animais do seu habitat natural

24 de setembro de 2009
3 min. de leitura
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Morar perto de áreas verdes tem muitas vantagens, como o ambiente mais limpo, a ventilação e até os sons da natureza. Mas há também aspectos inusitados, inclusives aqueles gerados pela ação do homem. Com os desmatamentos e a queima de lixo e de vegetação em parques ecológicos, casas e estabelecimentos comerciais que ficam nas imediações freqüentemente recebem visitantes inesperados. Sagüis, iguanas, corujas, raposas, gaviões saem de seu habitat natural, vão para residências e comércios em busca de abrigo e comida. O que muita gente não sabe é que se apropriar de animal silvestre é crime, pode gerar multa, processo penal e situações irreversíveis para a natureza.

Em Fortaleza, há locais onde essa fuga de animais acontece com maior freqüência. Bairros como Papicu, Cidade 2000, Cocó, Edson Queiroz, Aerolândia, Passaré e Castelão por exemplo, que ficam próximos ao manancial do Cocó ou ao Parque Ecológico desse rio, são os que mais apresentam esse tipo de ocorrência. Nos arredores da construção do Centro Multifuncional de Feiras e Eventos, na Avenida Washington Soares, as modificações feitas na área estão levando muitos animais a irem para pontos comerciais do bairro.

Em um shopping de decoração localizado na mesma avenida, por exemplo, vendedores e clientes às vezes ficam espantados com as visitas. “Outro dia apareceu aqui um camaleão. Tomei foi um susto, mas acho mesmo é que ele estava com mais medo do que a gente. Afinal, o asfalto e as luzes não fazem parte da sua natureza”, avalia a vendedora Renata Vieira. Quando isso acontece, os seguranças são logo acionados. “Não matamos nem maltratamos. Simplesmente pegamos o animal e levamos para perto de alguma árvore, algo assim”, diz um segurança que não quis se identificar.

Na Cidade 2000, os moradores das casas localizadas no final da Avenida Flamboyant, por exemplo, estão até acostumados com os vizinhos silvestres. Tanto que, quando aparece um sagüi, uma iguana, raposa ou mesmo uma cobra, ninguém entra em pânico. Há quem saiba que o certo é deixar o animal partir livremente ou acionar a Companhia de Polícia Militar Ambiental (Cpma) ou o Ibama.

O órgão federal mantém, em Fortaleza, um Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), no bairro Guajiru, para onde são enviados bichos capturados. De acordo com o analista ambiental Alberto Klefasz, o espaço recebe, por mês, uma média de 450 animais, sendo que 80% são aves. Até por volta das 10 horas de ontem havia 339.

Tratam-se de espécies da fauna sinantrópica, ou seja, que convivem em áreas urbanas, mas são silvestres. Os mais conhecidos na cidade e recorrentes no Cetas são os populares soins (sagüis), iguanas ou camaleões, raposas, corujas, caçacos, guaxinins, gaviões carijós e tartarugas de água doce. Ontem de manhã, por exemplo, policiais da Cpma levaram para o local um jibóia encontrada em residência no Mondubim e três corujas que estavam no sótão de uma casa no Edson Queiroz.

Nos dois casos, os proprietários das residências ligaram para o órgão ambiental e solicitaram a captura. Nesse caso, a pessoa não sofre qualquer tipo de sanção. Ao contrário. “O procedimento certo é esse”, diz.

Segundo ele, se a pessoa resolver criar ou domesticar o animal estará incorrendo em crime. Isso porque as espécies silvestres são consideradas bens públicos e, portanto, não se pode apropriar delas. A captura irregular resulta em multa de R$ 500,00 por cada unidade de espécie e instalação de processo penal. Se o animal estiver em extinção, o valor da multa para cada indivíduo capturado salta para R$ 5 mil.
  
Fonte: Diário do Nordeste

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