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Moradores de habitações públicas são proibidos de ter cachorro de grande porte

23 de setembro de 2009
4 min. de leitura
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Tyson é um cachorro com cara de bravo – um Staffordshire bull terrier de um ano, 27,2 quilos, pelos cinza-prateados e olhos azuis. Mas a única coisa de bravo que ele tem é seu nome, segundo o tutor.

Tyson obedece a ordens, nunca mordeu ninguém e gosta de colocar suas patas na cabeça das pessoas para brincar com o cabelo. “É um grande bebê”, disse seu tutor, Marc Hernandez, 20, que tinha Tyson desde quando era um filhote de sete meses.

Mas em um dia do mês de maio, Hernandez, estudante da John Jay College of Criminal Justice (Faculdade de Justiça Criminal), levou Tyson para um abrigo em East Harlem, onde o deixou com relutância e tristeza. O problema não era o comportamento de Tyson, mas sua nova casa: Hernandez mora em um dos projetos de moradia pública de Nova York, onde uma nova proibição que bane pit bulls e outros cachorros de grande porte entrou em vigor em 1º de maio.

Kanielle Hernandez com seu pit bull, Denim, em seu apartamento em um prédio de moradia pública, em Nova York (Foto: NYT)
Kanielle Hernandez com seu pit bull, Denim, em seu apartamento em um prédio de moradia pública, em Nova York (Foto: NYT)

O banimento, um dos mais rigorosos das autoridades de moradia pública do país, proíbe os residentes de manter pit bulls, de raça pura ou mestiços, Rottweilers e Dobermans, além de cachorros que pesem mais de 11,3 quilos quando adultos, com exceção de cães-guia.

Essa medida tem dividido inquilinos e revoltado grupos de proteção ao animal.

Para a agência de habitação pública da cidade, New York City Housing Authority, manter o controle de animais em 178 mil apartamentos tem sido um desafio. Mas a forma como anunciaram e impuseram a medida deixou muitas pessoas confusas e raivosas.

Moradia ou cachorro?

Na resolução de 14 páginas, os moradores que já tinham cachorros com os padrões da lista poderiam mantê-los se os registrassem até 1º de maio, mas muitos inquilinos não o fizeram, e foram forçados, assim como Hernandez, a escolher entre continuar com o cachorro ou ficar no apartamento.

Desde abril, os tutores de ao menos 113 cachorros não entregaram os animais citados na proibição a abrigos ou centros dirigidos pelo Animal Care and Control de Nova York, grupo não lucrativo que tem um acordo com a cidade para receber animais carentes.

Dos 113 cachorros, 49 foram sacrificados, por causa de doença, comportamento ou falta de espaço. Cinquenta e nove foram adotados por pessoas ou levados por grupos de resgate, dois permanecem em abrigos e três foram recuperados por seus tutores.

As estatísticas foram fornecidas pelo Mayor’s Alliance for NYC´s Animals, coalizão de grupos de resgate e abrigos de animais que analisou os registros de entrada nos locais acolhedores.

Oposição

O Mayor’s Alliance, que não é filiado à prefeitura, e a Sociedade Americana de Prevenção à Crueldade aos Animais pediram à Housing Authority para acabar com a proibição. Os grupos descobriram que os trabalhadores dos abrigos que receberam cachorros relataram um bom comportamento por parte dos animais.

“Você não pode prever como um cachorro será com base apenas em sua raça”, disse Jane Hoffman, presidente da Mayor’s Alliance. “Eu não quero um cachorro perigoso lá fora. Mas agir dessa forma é errado e está condenando à morte cachorros perfeitamente inocentes”.

A conselheira da cidade Rosie Mendez de Manhattan, presidente do Subcomitê do Conselho de Moradia Pública, também exigiu uma reavaliação da medida. Ela disse que um residente com um poodle de 12,7 quilos lhe disse que planejava não alimentá-lo até que ele chegasse ao limite de 11,3 quilos.

Denúncias

Um porta-voz da Housing Authority, Howard Marder, disse que as novas regras eram uma reação às reclamações e denúncias feita por inquilinos, chefe de inquilinos e pela polícia da existência de cachorros perigosos e ameaçadores. As três raças na lista de proibição foram identificadas como “as raças que apresentam problemas mais frequentemente”, disse Marder. Houve diversos ataques de pit bulls em prédios de habitação pública nos últimos anos. Em junho de 1997, uma garota de 12 anos foi agredida por dois pit bulls no Brooklyn e, desde 2007, houve mais de 17 ataques de cachorro, nos quais pessoas foram feridas ou outros animais foram mortos ou mutilados.

Marder disse que a Housing Authority discutiu o assunto com grupos de bem-estar animal, mas que não sabia de nenhum plano que amenizasse as restrições. “Nós fizemos essas mudanças com base na veracidade dos relatos de residentes de moradias públicas sobre o quão difícil são suas vidas devido a ameaça ou ataques desses animais”, disse.

A agência anunciou as novas regras em um comunicado publicado na edição de abril em seu jornal mensal. Mas nele estavam listadas 27 raças proibidas, incluindo Shar-Pei, Cane Corso e o Dogo argentino. Marder disse que a agência tentou identificar as raças que excediam os 11,3 quilos quando adultos, mas reconheceu que a longa lista era “impraticável” e reduziram o número para três raças.

Fonte: Último Segundo

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