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DNA e armadilhas fotográficas para estudar mamíferos

13 de setembro de 2009
4 min. de leitura
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À medida que o desmatamento avança pela Amazônia, fragmentos de floresta vão sendo deixados entre os pastos e as plantações. Aparentemente, a mata está conservada nessas áreas, mas um olhar mais atento revela que a biodiversidade em seu interior é seriamente prejudicada.

Um grupo de onças pardas caminha plea floresta. Ao fundo, presa à árvore, caixa com sensor que dispara a armadilha fotográfica. (Foto: Fernanda Michalski/Divulgação)
Um grupo de onças-pardas caminha pela floresta. Ao fundo, presa à árvore, caixa com sensor que dispara a armadilha fotográfica. (Foto: Fernanda Michalski/Divulgação)
Fernanda Michalski (Foto: Fernanda Michalski/Divulgação)
Fernanda Michalski (Foto: Fernanda Michalski/Divulgação)

A bióloga Fernanda Michalski esteve por oito anos na região de Alta Floresta (MT) estudando os efeitos da fragmentação sobre mamíferos amazônicos, tentando determinar de que área de floresta eles precisam para sobreviver e qual o tamanho apropriado para os corredores de vegetação que são deixados para preservar as encostas dos rios, e que acabam fazendo com que os fragmentos não fiquem totalmente isolados.

Para verificar por onde circulam os mamíferos, ela usa armadilhas fotográficas – câmeras com sensores que disparam quando um animal se aproxima – e, mais recentemente, análises de DNA de fezes.

As armadilhas fotográficas também funcionam à noite. Neste caso, uma onça-pintada foi flagrada num passeio noturno. (Foto: Fernanda Michalski/Divulgação)
As armadilhas fotográficas também funcionam à noite. Neste caso, uma onça-pintada foi flagrada num passeio noturno. (Foto: Fernanda Michalski/Divulgação)

“O DNA é um método inédito para pesquisa de carnívoros na Amazônia e está funcionando muito bem. Além de identificar as espécies, estamos tentando reconhecer indivíduos”, explica. “Isso nos surpreendeu porque na floresta amazônica, o calor e a umidade degradam o DNA muito rapidamente”. O trabalho de identificação genética é uma parceria com o cientista Eduardo Eizirik, da PUC do Rio Grande do Sul.

As conclusões do trabalho da cientista da Universidade de São Paulo e do Instituto Pró-Carnívoros devem ser apresentadas em um congresso científico em algumas semanas. Segundo ela, mais de 30 mamíferos distintos foram flagrados pelas câmeras.

Anta caminha em terreno aberto: nem todas as espécies se aventuram fora da floresta. (Foto: Fernanda Michalski/Divulgação)
Anta caminha em terreno aberto: nem todas as espécies se aventuram fora da floresta. (Foto: Fernanda Michalski/Divulgação)

Uma das coisas que a pesquisadora pode comprovar no trabalho de campo é que varia muito para cada espécie o tamanho do corredor de floresta que precisa ser deixado para que os animais circulem entre os fragmentos. Esse intercâmbio é importante para manter a troca de material genético entre as populações.

“O macaco-aranha, por exemplo, precisa de uma faixa de pelo menos 400 metros de mata”, explica. Já a onça-parda se desloca de um fragmento a outro até por campos abertos. Sua prima, a onça-pintada, por sua vez, prefere se mover por corredores que beiram os rios. Por lei, a mata ciliar precisa ser mantida como área de preservação permanente.

De acordo com a pesquisadora, para que a fauna seja mantida na sua totalidade, um fragmento de floresta deve ter pelo menos 10 mil hectares (100 km²).

Avanço do desmatamento na região de Alta Floresta (áreas claras)  

Mapas adaptados de artigo de Fernanda Michalski, Carlos Peres e Iain Lake. Foto: Reprodução G1
Mapas adaptados de artigo de Fernanda Michalski, Carlos Peres e Iain Lake. Foto: Reprodução G1

Fonte: G1

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