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Galos esperam por adoção na avenida Paulista, em SP

1 de setembro de 2009
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Há duas semanas Átila está exposto ao público, numa feira de adoção, enquanto aguarda um tutor. Todos os dias, em média, 50 pessoas que passam por uma das construções mais antigas da avenida Paulista param para vê-lo, encantadas com as penas em tons de verde, marrom e laranja. A cada movimento ou som que faz, é possível ouvir palavras de admiração e espanto.

Átila e mais 36 galos de combate, criados para rinhas, foram apreendidos na Grande São Paulo, numa operação realizada pelo Ibama, no início de julho, segundo a ONG Projeto Natureza em Forma, responsável pela feira. Depois de um período de tratamento veterinário no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), os galos aguardam adoção em um sítio, em Igaratá, a 77 Km de São Paulo. No momento, apenas Átila está exposto.

“Estamos acostumados a recolher cachorros e gatos. Receber tantos galos de uma só vez é uma novidade. Ainda estamos aprendendo como agir nesse caso”, diz Lito Fernandez, biólogo e fundador da Natureza em Forma.

Quem quiser levar Átila para casa enfrentará um questionário ainda mais rigoroso do que o usualmente aplicado aos adotantes de cães e gatos.

Além de fornecer cópias de CPF, RG e comprovante de residência, o candidato precisa convencer a ONG de que lá o bicho terá boa comida, espaço para se exercitar e veterinário quando necessário. Lito explica que a preocupação é para evitar que os galos adotados virem almoço no dia seguinte. “Tento investigar o máximo da pessoa. Se ela for vegetariana, ganha mais ‘pontos’. Mas, no fim, te nho mesmo é que acreditar na palavra da pessoa”, esclarece.

Dos galos apreendidos, 15 já foram adotados –12 doados a voluntários de ONGs e apenas três destinados a particulares que não têm relação com a causa ambiental.

Um dos novos tutores é Adriana Salvador, de Pindamonhangaba (SP), que adotou uma das aves para ocupar o lugar do galo de estimação que morreu no ano passado. Obina, como o animal foi chamado, em homenagem ao jogador do Palmeiras, teve dificuldades para se adaptar a nova casa. “Dá impressão que ele sofreu muito. Chegou muito assustado”, diz a dona.

Para garantir que os galos sejam bem tratados, a ONG mantém um sistema de monitoramento pós-adoção. O plano inicial era que, além dos contatos periódicos por e-mail e telefone, os tutores também enviassem, uma vez por mês, fotos atualizadas das aves. No entanto Lito cancelou o envio das imagens, pois acredita que o excesso de regras dificulta o processo.  

Um ponto positivo nessa adoção é que o tutor gastaria pouco com o novo bichinho. Lito garante que a ave não come mais do que 2 Kg de ração por mês –que pode ser comprada por menos de R$ 2 o quilo–, além de restos de verduras e legumes.

Enquanto não ganha um lar, Átila continua sendo o destaque da feira de adoção. Os voluntários do Natureza em Forma contam que o galo faz sucesso sobretudo com os homens, que gostam de se comparar ao animal. “Ele impressiona pelo porte, passa uma sensação de potência, de vigor. Por isso demos esse nome a ele, fazendo referência ao grande conquistador [rei dos Hunos, que viveu no século 5 e comandou ataques contra o Império Romano]”.

Todos os animais disponíveis na feira de adoções, inclusive os galos, são castrados, vermifugados e levam um microchip com informações do RGA, o Registro Geral de Animais, controla do pelo CCZ.

Fonte: Folha Online

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