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Animais abandonados:60 cães vivem num 'asilo' criado por empresária de Famalicão

22 de agosto de 2009
3 min. de leitura
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Há dois anos que uma empresária acolhe, no Parque da Terra Nova, cães doentes, abandonados e maltratados e dá-lhes comida, remédios e liberdade. “Na prática, a minha casa é uma espécie de lar para cães doentes e abandonados”, explicou Paula Ferreira, responsável pelo projeto e criadora do Parque da Terra Nova, em Riba de ave, Famalicão.

Empresária têxtil durante um quarto de século, Paula Ferreira começou a adotar cães há cerca de dois anos. Primeiro tomou conta de cães que amigos encontravam abandonados. Depois alguns veterinários começaram a pedir-lhe para receber cães com doenças graves ou abandonados pelos tutores nos consultórios.

“Atualmente tenho 60 cães e tenho a noção de que não posso aceitar mais nenhum. Implica um auto-controle muito grande”, frisou Paula. Das seis dezenas, pode-se contar nos dedos os que não têm problemas de saúde. “Tenho vítimas de acidentes de estrada, de caça e maus-tratos, tenho cães mancos, cegos, com AVCs e até um cão que foi abusado sexualmente”, relatou.

Todos os cães têm nome e, tanto Paula quanto a prima Alexandra Oliveira, também responsável pelo projeto, sabem a história de vida de cada um.

No blog Parque da Terra Nova, são contadas as histórias de vida de cada um dos cães e são pedidos “padrinhos e madrinhas” para os animais. Em 2010 deverá ser publicado o livro “Alma de Cão”, com o relato das vidas atribuladas de cada animal.

Para alimentar 60 cães, só com ração, carne e arroz, são gastos 350 euros por semana que saem do orçamento familiar da dona do local e da ajuda financeira e em gêneros que vão chegando a Riba de Ave. Todas as noites, com a ajuda da família e de um empregado, Paula prepara três panelas de comida.

“Os cães estão divididos por grupos e cada grupo tem a sua hora de comer, de andar à solta pela chácara e de se recolher”, disse. A ordem é mantida para criar rotina e, sobretudo, por uma questão de organização do trabalho de alimentar, brincar e passear com 60 cães.

De todas as histórias, algumas sobressaem pela violência. Em 2004, chegou ao parque um doberman com as patas arqueadas e atrofiadas. “Era um cão reprodutor que um criador manteve numa jaula pequena durante muitos anos e o animal não podia se esticar. Ficou com as patas tortas para toda a vida”, revelou.

No mesmo ano, o parque acolheu Julieta, uma cadela que estava no canil do Porto para ser abatida. “Disseram-nos que tinha mordido um agente da PSP, que era muito perigosa e até tivemos que assinar um termo de responsabilidade para trazê-la”, recorda, enquanto afaga a cadela, “uma das mais dóceis daqui”.

A ‘preta grande’ (na chácara, há mais duas cadelas com o nome ‘preta’), cruzada de pitbul é um exemplo de amor e dedicação. “O tutor era um jovem toxicodependente que morreu com AIDS. Enquanto esteve no hospital, os amigos levavam-lhe fotografias da cadela e parecia ser o único estímulo a que o doente reagia”, recorda a dona do ‘asilo de cães’.

Do Parque da Terra Nova nenhum animal sai vendido. “Já demos alguns cães para adoção mas selecionamos muito bem as famílias onde vivem porque não fazemos negócio com a vida dos cães”, finalizou Paula Ferreira.

Fonte: Expresso

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