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Cibertráfico de primatas está crescendo nos Camarões

18 de agosto de 2009
2 min. de leitura
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“Kiki está disponível para uma nova família. Tem um temperamento doce e encantador. Kiki é muito bonito e lúdico”, informa um anúncio de venda de um chimpanzé na Internet. Apesar de o comércio estar proibido nos Camarões, o “cibertráfico” está em ascensão.

Nos últimos três anos, a venda ilegal na Internet de espécies de animais protegidas está “em plena ascensão”, alerta Ofir Drori, diretor da The Last Great Ape (Laga-Cameroun), uma organização de proteção dos animais.

O anúncio de venda do Kiki diz que o animal “vem com documentos de saúde, registro, licença da CITES (convenção sobre o comércio internacional das espécies de fauna e flora selvagens ameaçadas de extinção) e um ano de garantia sanitária”.

“Estou em Kilum, região de floresta, nos Camarões. Não tenho condições de dar ao Kiki todos os cuidados e a casa que ele merece”, conclui o vendedor.

Segundo os números da Laga-Cameroun, que pretende infiltrar-se nas redes de venda e realizar investigações em conjunto com a polícia, existem, pelo menos, oito grupos de “cibercriminosos” identificados e parcialmente desmantelados entre 2007 e 2009.

E alguns vendedores prometem um animal sem nunca o chegar a fornecer, muitos são os traficantes que vendem, de fato, as espécies protegidas.

Entre as últimas detenções está uma, em fevereiro, de um camaronês de 27 anos que concretizou, em dois anos, 22 transacções diferentes com o estrangeiro para vender primatas. Foi detido graças a um trabalho conjunto da Laga-Cameroun e das autoridades camaronesas, em colaboração com os Estados Unidos. Incorre numa pena que pode chegar aos 20 anos de prisão efetiva.

Para dar garantias aos seus clientes, o ciber-traficante utiliza uma falsa licença de venda – algumas espécies protegidas são comercializáveis de acordo com cotas fixadas por cada país – com uma assinatura falsa do ministro responsável.

Em 2008, um outro traficante foi detido quando tentava vender tartarugas pela Internet a um importador da Malásia, com a ajuda de um cúmplice camaronês, sediado na China.

Para entrar em contato com os seus clientes, os traficantes colocam geralmente anúncios em sites especializados. Estados Unidos, Malásia, Bélgica, Holanda e África do Sul são os países onde os cibertraficantes encontram facilmente clientes, sobretudo quem procura primatas, como gorilas e chimpanzés.

É uma atividade lucrativa: uma cria de chimpanzé, uma espécie não comerciável segundo a legislação, vendida localmente por 75 euros pode ver o seu preço no estrangeiro multiplicado por cem ou 200 vezes.

A Internet “tem um potencial que pode facilitar a conexão entre os compradores no estrangeiro e os traficantes locais”, salienta Drori. “Uma das coisas que permitiu, até agora, evitar o massacre dos animais era a ausência dessa ligação”, alertou.

Os traficantes gozam ainda “da cumplicidade nas administrações públicas, nos bancos, nos aeroportos e na polícia”, denunciou, em anonimato, um especialista em criminalidade de espécies protegidas. “Para que esta luta avance, as autoridades devem envolver-se”, acrescentou.

Fonte:  Público

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