EnglishEspañolPortuguês

Feira expõe filhotes de cães a maus-tratos e infringe lei em SP

11 de agosto de 2009
3 min. de leitura
A-
A+

Uma feira ilegal de filhotes de cães coloca em risco a saúde dos animais e desafia uma lei municipal todos os domingos nos arredores do Parque Villa Lobos, na Zona Oeste de São Paulo. Mesmo com tempo seco e calor de 27°C como registrado neste fim de semana, cachorrinhos de diversas raças eram expostos em porta-malas de carros por preços entre R$ 250 e R$ 3 mil.

A lei municipal 14.483, sancionada em julho de 2007, diz que a venda de cães e gatos em ruas, praças, parques e áreas públicas é proibida e as penalidades vão de advertência à multa de R$ 1 mil a R$ 500 mil. Ela prevê ainda que, mesmo em pet shops, os animais não podem ficar expostos por mais de seis horas e não devem ter contato com os frequentadores do estabelecimento.

Apesar de a legislação estar em vigor há dois anos e recentemente a Prefeitura ter anunciado medidas a favor da posse responsável, tanto a Secretaria de Coordenação de Subprefeituras quanto o Centro de Controle de Zoonoses não têm informações sobre apreensões ou multas neste período no local.

Na região das avenidas Professor Fonseca Rodrigues e Queiroz Filho, o G1 localizou aproximadamente 20 carros. Dentro dos veículos, animais dividem espaço com alto-falantes e outros objetos à espera de um tutor. Postados ao lado dos carros, criadores dizem garantir a saúde e a origem dos animais, mas permitem atitudes que colocam os bichos em risco.

Apenas dois vendedores demonstraram cuidados em relação à higiene. Em um dos carros, a tutora dos filhotes pediu para que não deixasse o filhote lamber as mãos do interessado na compra e outra ofereceu álcool em gel, caso quisesse fazer carinho no cachorro. Nos demais casos, os animais podiam ser manipulados à vontade.

Segundo o veterinário Wilson Grassi, diretor de bem-estar da Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais (Anclivepa), o contato com clientes e outros animais pode transmitir doenças para os filhotes. “A mão pode ser um veículo de transmissão de doença. O álcool ajuda, mas não resolve. Ele pode pegar doença direto do ambiente, do ar. Se um cachorro espirra, pode transmitir aos cachorros ao redor”, explica Grassi.

Entretanto, o que mais assusta o especialista é o calor e o improviso na exposição dos animais. “Eles podem ficar sem água, no sol, sem comida, e, invariavelmente, podemos encontrar cachorros com viroses incubadas”, alerta Grassi. Segundo ele, a alta temperatura pode levar à hipertermia, à desidratação e a desarranjos intestinais. “É contra lei [a feira] porque não oferece condições mínimas de bem-estar”, afirmou. 

Sem apreensões

Segundo a veterinária responsável pelo setor de vistoria zoosanitária do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Solange Germano, nenhuma apreensão foi feita depois que a lei 14.483 foi regulamentada. O CCZ é o órgão responsável pelas apreensões e trabalha em ações conjuntas com as subprefeituras. “Já estivemos três ou quatro vezes na região desde 2007 e a única apreensão feita foi antes da lei ser regulamentada”, afirma Solange.

A Secretaria das Subprefeituras informou, após ser procurada pela reportagem, que vai acionar a Subprefeitura da Lapa para realizar a fiscalização nas imediações do parque. 

“Temos milhares de animais sem dono, passando frio e fome. Em uma situação dessas não deveríamos estimular a compra”, diz Grassi. A Prefeitura mantém um site para quem pensa adotar um animal. O serviço é gratuito.

Você viu?

Ir para o topo