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Pelado, mas o churrasco não pode faltar!

24 de julho de 2009
6 min. de leitura
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Para os que gostam de dizer que ser vegano é ser radical, vamos falar hoje sobre as conhecidas colônias de nudismo. Geralmente em praias ou lugares retirados, é comum as pessoas tirarem as roupas nestes locais e adotarem a coreografia da “nudez natural”.

Num livreto que recebi em minha casa sobre uma praia onde ser nu é natural, é um ato de liberdade, vemos de tudo, até o churrasco.

Artigos em que a nudez é retratada como uma forma de tornar natural para as crianças essa prática (novamente as crianças!!!), e que também pode ser vista como um ato libertador para as mulheres!

O vestir-se surgiu provavelmente por diversas necessidades de caráter psíquico, cultural e climático, e o curioso é que, se a prática de ser nu é tão natural, por que não pode ser implementada aqui, no nosso mundo real? Por que a humanidade mudou e com ela os seus costumes e relações com o outro. Ser nu em algumas tribos e em lugares quentes é natural para eles. Se queremos mudar as coisas, vamos por partes.

Quando adolescentes, a roupa é a principal forma de chamar a atenção. É nossa principal identidade. Nos vestimos com roupas bizarras e pintamos muito os olhos, tanto os meninos quanto meninas apostam no preto, como um símbolo da morte, talvez na ânsia de querer entender a vida. Hoje os emos, ontem os góticos (como eu mesma já fui). E dentro desses grupos, as lindas músicas, as posturas, as amizades exclusivas, o estar dentro de uma comunidade, e o melhor: ser diferente dos outros!

Conforme vamos amadurecendo (e alguns nunca amadurecem, como já pudemos notar), a roupa vai se tornando o que menos importa. Até nos importamos em não usar coisas de couro, por razões de princípios, mas o vestir-se já não é mais o principal. Nossa personalidade já está formada e dane-se o que estamos usando. Se precisamos usar terno para representar nossos interesses, vamos usar… Não vamos ficar preocupados com o que nossos amigos vão comentar lá no grupo dos “góticos que odeiam ternos…”.

O fato é que esta revista sobre nudismo, embora pareça ter as melhores intenções, mais parece um grupo de adolescentes que querem ser diferentes. Que adotam a “esquizofrenia moral”. Para um momento a liberdade, mas em outras coisas, o mesmo conservadorismo.

É só observar a clássica cena do churrasco, um boi inteiro no espeto… Nu, mas de sapato(?). Nu ainda, mas as mulheres em diversas situações aparecem de canga, mostrando que estar nu não é tão natural assim. E em tempos atrás, desconfianças de abuso contra crianças em uma dessas colônias…

A nudez a meu ver é muito bonita em protestos, pois é uma forma de denúncia e de chamar a atenção. Sou a favor da nudez nos protestos de libertação animal, na arte, no cinema etc. Mas a nudez hoje é isso: chamar a atenção. E, ao ver as cenas de churrascos e logo em seguidas as clássicas páginas de “combate à poluição”, de “salve a natureza”, de “o nudismo é fazer parte da natureza”, de “consumo sustentável” (o churrasco é sustentável?), fica bem evidente a esquizofrenia que comete as mesmas incoerências que vemos em todo o lugar.

Não tenho nada contra tirar a roupa. É ótimo. Mas fica a reflexão.

 

 

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