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Tutores de animais perdidos que colocam faixas em SP são vítimas de extorsão

19 de julho de 2009
5 min. de leitura
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Cartaz divulga dados sobre cão perdido em Higienópolis (Foto: G1/G1)
Cartaz divulga dados sobre cão perdido em Higienópolis (Foto: G1/G1)

Tutores de animais que espalham faixas e cartazes por São Paulo em busca de seus bichinhos oferecendo recompensa estão sendo vítimas de tentativas de extorsão. Aproveitando-se do desespero das vítimas por recuperar seus cães, os golpistas ligam dizendo que estão os animais, mas na hora do encontro fazem de tudo para ficar apenas com o dinheiro.

A agente de viagem Nalzira Peres, de 38 anos, perdeu o lhasa apso Billy no dia 8 de junho, em Higienópolis, região central de São Paulo. Desde então, espalhou cartazes e faixas, deixou mensagens em sites, andou pelas ruas do bairro e até contratou um carro de som em busca do bichinho, oferecendo recompensa de R$ 500. No total, ela contabiliza cerca de 15 ligações que se mostraram golpes.

“De todas as pessoas que ligam, cerca de 30% são boas, querem ajudar, e 70% ruins, só querem o dinheiro. A pessoa liga, fala que achou o cachorro, mas quando você vai no lugar é mentira. Eles fingem que vão buscar o cão, mas querem o dinheiro primeiro”, conta Nalzira. 

Segundo ela, todos os golpes têm algo em comum: as ligações ou encontros são marcados à noite. “Fomos até o ponto marcado pelo rapaz que dizia estar com o Billy, mas quando chegamos, em três pessoas, ele queria que só uma subisse no prédio para pegar o cachorro. Não aceitamos, e ele começou a enrolar, pedir dinheiro”, contou. “Nisso, passou um carro da guarda civil, que meu marido chamou. O cara tentou enrolar o guarda e acabou fugindo”.

Telefone exclusivo

Mesmo comprando um telefone celular e criando um email exclusivos para centralizar as buscas por Sasha, sua poodle sumida desde 22 de maio na região de Santo Amaro, Zona Sul de São Paulo, a taróloga Mariana Santos, de 50 anos, não escapou de ser vítima de tentativas de extorsão.

O animal foi roubado junto com seu carro, e Mariana ofereceu, nos cartazes e faixas colocados, R$ 1.500 de gratificação para quem o encontrar. “Recebo muitos trotes, gente que liga e diz que não vou encontrar meu animal nunca mais”, contou. “Uma vez, fui atrás de uma mulher que disse estar com a Sasha, mas não era ela. A mulher quis que eu ficasse com o animal de qualquer jeito, queria o dinheiro, tive que fugir do lugar”.

A taróloga também diz que, em suas buscas pela cadela, sofreu ameaças. “Já cheguei em locais em que disseram para eu ir embora senão ia levar tiro. Não quero meu carro de volta, só a Sasha. Quem roubou o carro está com ela”.

A taróloga Mariana Santos espalhou cartazes de Sasha pela cidade (Foto: Reprodução/Divulgação)
A taróloga Mariana Santos espalhou cartazes de Sasha pela cidade (Foto: Reprodução/Divulgação)

 Vítima das mesmas tentativas de golpe, o vendedor Leonardo Freitas, de 32 anos, já esperava receber ligações que estivessem mais interessadas em seu dinheiro que em recuperar seu Golden Retriever, mas resolveu encarar os riscos. “Só fui me encontrar com pessoas que deram descrições bastante semelhantes ao meu cachorro. Fiquei atento a quem só queria o dinheiro e nem dei trela”, explicou ele, que perdeu seu animal de estimação no início de julho. 

Cidade Limpa

Além dos riscos de ameaças, quem distribui cartazes e faixas pelas ruas da cidade está infringindo a Lei Cidade Limpa. Os tutores de animais ouvidos pelo G1 contaram que suas faixas foram retiradas muitas vezes no mesmo dia da colocação, mas que mesmo assim encaram o risco. “A gente sabe que não pode colocar, mas na hora do aperto, se você tem um animal que você gosta, você faz de tudo”, contou Nalzira.

“Sabia da lei, mas quem ama os bichinhos não liga. Era uma filha que dormia comigo, tudo é possível, tanto que botei R$ 1.500 dos quais não disponho facilmente de recompensa”, disse Mariana.

Cuidados

O consultor em segurança José Vicente da Silva, coronel aposentado da Polícia Militar, alerta sobre os riscos de deixar o telefone exposto em cartazes nas ruas, e recomenda que os tutores de animais coloquem suas informações em locais mais restritos, como pet shops, por exemplo.

“A criatividade dos criminosos é ilimitada. Eles estão nas ruas, procurando oportunidade. Dentro das lojas, fica mais difícil, quem vai ver são pessoas que frequentam o local, e que pode acabar ajudando”, explicou.

Silva acredita que criar um canal apenas para ter informações sobre o animal – como um celular exclusivo para ser divulgado – é uma alternativa criativa, que ajuda a pessoa a ficar mais atenta a possíveis golpes. E lembra que uma coleira com informações do tutor e ter fotos do animal são cuidados essenciais.

Na hora de se encontrar com alguém que diz estar com o cachorro e fazer o pagamento da recompensa, é preciso cautela. “O ideal é que ocorra num local público e movimentado, para reduzir o grau de ameaça e garantir que tenha o animal de volta. Além disso, é preciso ver o animal antes”, explica.

Fonte: G1

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