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Ursos-polares e morsas do Alasca em perigo

22 de junho de 2009
3 min. de leitura
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É mais um dado que alerta para as consequências do aquecimento global: a população de ursos-polares no Alasca está diminuindo e o mesmo está acontecendo com as morsas do Pacífico. A informação consta de relatórios dos Serviços de Peixe e Vida Selvagem do Governo norte-americano, que apontam o degelo e a mortalidade das espécies causada pela intervenção humana como os principais fatores de risco.

“Os ursos-polares e as morsas correm sérios riscos e, a menos que se aja rapidamente para reduzir a emissão de gases que causam o efeito de estufa e se protejam os seus habitats da indústria petrolífera, podemos perder estes dois ícones do Ártico”, enfatiza Brendan Cummings, diretor do programa dos oceanos do Centro de Diversidade Biológica, uma organização não governamental com base no Arizona, nos Estados Unidos da América.

Os relatórios dos serviços de proteção da vida selvagem, uma unidade do Departamento do Interior do Governo norte-americano, compilam informação sobre os números e tendências de evolução das populações de ursos-polares e morsas, assim como as ameaças às espécies. Para tal, os documentos apresentam cálculos sobre a mortalidade animal causada pela ação humana e conclusões que mostram se essa mortalidade é sustentável.

No caso dos ursos-polares do mar de Beaufort do Sul, as autoridades americanas estimam uma população de 1397 animais, com uma mortalidade anual causada pelos humanos de 54 animais – bem acima da taxa considerada como sustentável, que se situa nas 22 mortes. Já na zona do mar de Chukchi/Behring – partilhada entre os EUA e a Rússia -, os serviços apontam no mínimo para uma população de dois mil ursos e uma mortalidade anual causada pela ação humana acima dos 200 ursos – 37 mortos no Alasca e entre 150 e 250 na área controlada pela Rússia. Isto quando o número para manter a sustentabilidade da espécie deveria ser de 30 por ano. No caso dos ursos-polares destes dois mares do Ártico, os relatórios alertam para o “declínio das populações”, sendo que o documento considera que apenas os dados sobre a população de ursos do mar de Beaufort são completamente fiáveis, ao passo que a informação sobre Chukchi/ /Behring pode ter valores acima da realidade (ver caixa).

Pelo contrário, no caso das morsas do Pacífico, o Governo dos EUA reconhece que os dados podem estar ainda aquém do que realmente se passa. Ainda assim, o relatório estima em 15 164 a população de morsas, para uma mortalidade anual entre as 4963 e as 5460. A taxa de sustentabilidade para esta espécie é de 607 animais mortos por ano.

Para Brendan Cummings, os dados destes relatórios não são novidade e confirmam o que os cientistas já sabem há anos: “As populações de ursos e morsas no Alasca estão em perigo. E mesmo que os números populacionais das espécies não sejam exatos, sabemos que sem os seus habitats gelados estes animais estão condenados.”

Os relatórios apresentados pelos serviços foram elaborados à luz do Acto de Protecção dos Mamíferos Marinhos, em que se pede aos secretários de Estado do Interior e do Comércio dos EUA que elaborem relatórios sobre os números das espécies. Estes documentos visam orientar decisões políticas e econômicas relacionadas com as áreas onde os animais habitam, pelo que devem ser revistos todos os anos, no caso de espécies ameaçadas, ou em cada três anos, no que toca a outros animais.

No entanto, enquanto os serviços responsáveis pela monitorização de baleias, golfinhos e focas cumpriram este requisito, a entidade responsável pelos peixes e vida selvagem ignorou-o durante bastante tempo. Até que em 2007 o Centro de Diversidade Biológica processou os serviços, o que resultou na obrigação legal de publicação de relatórios atualizados.

Fonte: DN Ciência

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