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Começa em Portugal reunião da Comissão Baleeira Internacional

22 de junho de 2009
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imagem da caça às baleiasComeça hoje no Funchal, capital da Ilha da Madeira, Portugal, a reunião anual da Comissão Baleeira Internacional.  A 61ª reunião vai discutir, entre outras coisas, as cotas de sobrevivência para as populações autóctones, os métodos de caça, a conservação da espécie, as infrações e questões orçamentais e financeiras.

A conservação desta espécie é uma questão que preocupa a maioria dos países. O responsável pelo Global Whale Programme explica que existem apenas três países que matam baleias com fins comerciais em 2009: o Japão, a Islândia e a Noruega. Todos eles estão representados neste encontro e vão tentar continuar a expansão das suas atividades procurando novas permissões. No caso do Japão, querem permissão para matar mais baleias que aquelas que matam na sua costa, no Pacífico Norte e no Oceano do Sul, o santuário das baleias.

Em 1931, já se abatiam cerca de 40 mil animais por ano – sobretudo por frotas da Noruega, Reino Unido e países da Commonwealth, como Austrália e África do Sul.
Em 1962, atingiu-se o recorde de 66 mil baleias mortas – a maior parte, agora, pelo Japão, Rússia e Noruega.

Estes três países estão entre os que mais criticam o fato de a CBI alegadamente se ter afastado da sua missão original, dedicando-se agora simplesmente a proteger as baleias.

A CBI diz que não tem poupado em medidas de conservação – de cotas de caça à criação de santuários. Em 1982, adotou uma moratória à caça comercial, ainda em vigor.  Poucos duvidam que estas medidas evitaram o desaparecimento de algumas espécies. “A baleia-azul chegou quase à extinção”, afirma a especialista em cetáceos Marina Sequeira, do Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade.

Portugal

Portugal admite o regresso de alguma caça à baleia a nível internacional, em troca de mais medidas de conservação para os grandes cetáceos. Aproximar as posições pró e contra a caça à baleia é a postura que o país está a manter na reunião anual da Comissão Baleeira Internacional (CBI), que começou hoje no Funchal, Madeira.

O ministro do Ambiente, Francisco Nunes Correia, apelou à flexibilidade, como forma de resolver o conflito interno em que a CBI está mergulhada há anos. “Uma solução só pode ser encontrada se ambos os lados estiverem disponíveis para fazerem concessões e para aceitarem que o resultado final não será perfeito para nenhum dos lados”, disse Nunes Correia, num discurso na abertura da conferência.

Argumentos éticos

Há dez anos, data da última estimativa da CBI, não havia mais do que 2300 baleias-azuis em todo o Hemisfério Sul. Da baleia-franca no Atlântico Norte há apenas 300 indivíduos.

A carne das baleias mortas para fins científicos acaba nos talhos e supermercados. Mas o Japão tem argumentado que a própria convenção da caça à baleia obriga a que o animal, quando é necessário matá-lo, seja aproveitado ao máximo.

O debate estende-se aos argumentos éticos. Especula-se que, por terem um sistema nervoso mais complexo, as baleias possam estar sujeitas a maior sofrimento. Além disso, os cetáceos têm estruturas sociais igualmente mais elaboradas. “Uma baleia morta pode fazer falta às que ficam”, afirma Leonor Galhardo, bióloga especializada em bem-estar animal.

Sabe-se, no entanto, ainda muito pouco sobre o comportamento das baleias, um animal difícil de observar. “As nossas suspeitas de uma cognição elaborada [das baleias] obriga-nos filosoficamente a ser prudentes”, opina,  Manuel Eduardo dos Santos.

Protestos

“Não nos mintam, parem com a chacina das baleias” é a mensagem inscrita no cartaz da Sea Shepherd Conservation Society, em protesto contra a capturas de baleias por parte do Japão ao abrigo de alegadas campanhas científicas.

“Estamos, aqui, para denunciar as mentiras do Japão e prosseguiremos o nosso protesto até ao final do encontro”, disse um dos manifestantes que se encontravam na entrada de acesso ao complexo hoteleiro onde decorre a  reunião.

A Whale and Dolphin Conservation Society (WDCS) denuncia também a pretensão da Dinamarca e lembra que a baleia corcunda é uma espécie protegida da caça comercial desde 1966 pelo que apela aos países da União Europeia para rejeitarem, em bloco, este pedido.

Os promotores da campanha «Save the Whales Again», Hayden Panettiere e Roger Payne, pediram à CIB (IWC na sigla inglesa) para determinar o fim de toda a caça à baleia por parte do Japão, Noruega e Islândia assim como a matança de golfinhos e de outros cetáceos, reparo que é extensivo às ilhas Faroe.

*com informações do Público

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