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Elefanta vítima de maus-tratos é encontrada em sítio no interior de SP

23 de junho de 2009
4 min. de leitura
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Eram 11h15 quando a Guarda Municipal (GM) do Pelotão Ambiental de Limeira chegou a um sítio localizado na Rodovia Limeira/Artur Nogueira, no km 8. No local, uma cena inusitada. Uma elefanta, de 50 anos, de nome Bambi, encontrava-se embaixo de uma lona de circo.

O animal, exótico, estava preso com uma corrente de cerca de 60 centímetros na pata dianteira esquerda. Junto a Bambi estava também seu tratador, que se identificou apenas como Roberto. Ele comentou que o animal está há seis meses no sítio.

No início da operação, além da equipe da GM, estavam presentes também a bióloga da Secretaria do Meio Ambiente de Limeira, Ana Maria Lucato Vasques; o biólogo do zoológico de Leme, Edilson José Guerra; e o delegado do 3º Distrito Policial, Renato Balestrero Barreto.

De acordo com a bióloga, o local em que estava a elefanta não era adequado. Dentro da lona, uma espécie de cerca elétrica – para Bambi não escapar – também podia ser vista. “Ela está sofrendo maus-tratos. Está acorrentada, com movimentos limitados e tem comportamentos de um animal estressado, pois faz repetição de movimentos”, afirma.

O tratador, por sua vez, alega que Bambi é bem tratada e fica solta o dia inteiro no local. “Por semana, ela come 25 fardos de feno e três sacos de ração. Ela fica presa apenas na hora de dormir”, comenta.

Ana Maria rebateu dizendo que até a alimentação não estava adequada. “Ela precisava comer ervas, verduras, frutas, capim e folhas de árvores. Bambi é um animal de idade, que, devido às suas instalações, pode ter problema de digestão, má circulação e atrofiamento”.

De acordo com o gm Ângelo Antonio Gomes de Oliveira, o responsável pelo animal pode responder por crime ambiental, baseado na Lei 9.605, artigo 32, que diz sobre maus-tratos. “Além disso, falta a documentação de posse e de importação e exportação “, fala.

Depois de algum tempo, o dono do animal, Márcio Stankowich, chegou ao local junto com a família, a secretária e um veterinário. Ele afirma que Bambi não está sofrendo maus-tratos. “A cerca elétrica é autorizada pelo Ibama. Além disso, ela não fica presa o dia todo. A corrente que está na pata é como se fosse uma coleira. Também não vejo sinais de estresse”, defendeu.

Segundo Stankowich, o animal está com ele há 40 anos. “Bambi está aqui porque está passando por tratamento veterinário. Ela ia ser transferida para um zoológico de Itatiba para receber tratamento psicológico. O animal trabalhou comigo no circo a sua vida toda”, disse.

No local, o proprietário da elefanta apresentou apenas uma guia de transporte, de 1993, que, de acordo com Ana Maria, é válido apenas por um mês. O documento, porém, não significa que ele tem a posse do animal. Já Stankowich afirmou que possui o documento, mas que está no Ibama.

“Para estrear o espetáculo na cidade, precisamos ter várias autorizações e alvarás. Não tem como ela ser ilegal”. A bióloga rebateu: “o documento tem que estar com ele, e não com o Ibama”.

Outros animais

No sítio, foram encontradas ainda quatro lhamas – três machos e uma fêmea. Algumas estavam com cordas amarradas ao corpo, mas não estavam presas. “Como a lhama é um animal “doméstico”, não vimos nenhuma irregularidade”, comentou a bióloga Ana Maria.

Bambi irá para o zôo de Leme

No final da tarde, o delegado Renato Balestrero Barreto afirmou que apreendeu o animal, que deve ser levado para o zoológico de Leme. “Por enquanto, ela vai ficar lá. A bióloga constatou que houve maus-tratos. Por isso, vou fazer o processo e encaminhar para o Fórum”, fala.

Segundo Barreto, o zoológico de Leme é a única instituição habilitada e disposta a receber Bambi. O delegado também investiga se a elefanta seria vendida por 150 mil dólares para um zoológico particular de Itatiba. “O Stankowich já perdeu a posse do animal. É a primeira vez em 30 anos de carreira que pego um caso desse”, afirma.

Novo lar

No parque ecológico, receberá atendimento veterinário e vai ganhar uma área maior, embora bem longe da ideal. O parque tem 16 hectares de mata preservada e abriga 500 animais de 90 espécies, sendo 14 ameaçados de extinção, como lobo-guará, tigre-de-bengala, jaguatirica e cachorro-vinagre.

Fonte: Jornal de Limeira

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