EnglishEspañolPortuguês

Estudiosos alertam sobre a importância da preservação dos morcegos, em Portugal

19 de junho de 2009
3 min. de leitura
A-
A+

Desmistificar mitos e superstições, alertando para a importância da conservação das doze espécies de morcegos que atualmente vivem na Quinta da Regaleira, na cidade de Sintra, em Portugal, são os objetivos dos espeleólogos que há sete anos ali criaram um abrigo artificial – morcegário.

A Associação de Espeleólogos de Sintra e a Cultursintra, fundação que gere o patrimônio da Quinta da Regaleira, criou em 2002 um centro de observação para controlar a maior colônia de criação da espécie morcego-ferradura-pequeno em Portugal. A espécie tem pequeno porte, cerca de três centímetros, e se alimenta de insetos.

Por vezes a pequena sala de monitorização da Quinta da Regaleira chega a ser “a primeira casa” do Espeleólogo, Gabriel Mendes, que descobriu a sua paixão por estes mamíferos de pequeno porte em 1981.

É habitual trocar o conforto do lar pelo desconforto da cadeira que tem em frente a um computador e um televisor que monitorizam “a toca” dos morcegos, estes animais “mal-amados”, protagonistas de filmes de terror e ditados supersticiosos.

“Os morcegos são animais discretos, andam de noite, são muito suscetíveis à perturbação e por isso escolhem locais sossegados como ruínas, castelos, sótãos ou caves. Aquilo que o nosso imaginário normalmente associa ao fantástico e que a literatura mundial e depois o cinema se encarregaram de criar preconceitos nas pessoas, como por exemplo com o famoso conde Drácula”, disse à agência Lusa, Gabriel Mendes.

“Há que desmistificar isso e também é esse o objetivo desse projeto para levar o conhecimento até às pessoas sobre a importância dos morcegos. Quando as pessoas sabem que um morcego pode comer entre 1500 a 2000 mil melgas por noite começam a ter um carinho especial por eles e começam a perceber qual é o seu impacto no ecossistema”, disse.

Segundo o responsável, a grande maioria das espécies de morcegos enfrenta um sério risco de extinção, graças à ação direta do homem que contribuiu para este cenário através da redução e transformação dos habitats de alimentação dos morcegos, a destruição e perturbação dos abrigos e o envenenamento motivado pelos pesticidas.

Estes fatores aliados à baixa natalidade, uma vez que cada fêmea só tem uma cria por ano, e a uma maturidade sexual tardia, pois enquanto em alguns casos os morcegos acasalam a partir do primeiro ano e meio de vida, noutros podem-no “fazer aos quatro anos”.

“No mundo existem mais 1000 espécies de morcegos, o que representa 25 por cento dos mamíferos. Em Portugal a relação é ainda maior pois nós temos 26 espécies que representam 38 por cento dos mamíferos que vivem em Portugal”, disse Gabriel Mendes, acrescentando que atualmente grande parte das espécies destes animais estão classificadas como vulneráveis ou em perigo.

Gabriel Mendes adiantou que este projeto permite, além da divulgação para as comunidades cientificas nacionais e internacionais, o estudo do “comportamento e da construção de abrigos alternativos sempre que haja colisão de interesses entre os morcegos e o patrimônio ou algo que vá ameaçar seu habitat”.

A Fundação Cultursintra em parceria com a Federação Portuguesa de Espeleologia e Associação dos Espeleólogos de Sintra e com o apoio do Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, da Câmara Municipal de Sintra e do AIPT- Comité da UNESCO, promove a XIII Noite Europeia dos Morcegos.

Nesta iniciativa, que tem como objetivo alertar a população para a importância da conservação dos morcegos e desmistificar preconceitos e superstições, será inaugurado o novo morcegário da Quinta da Regaleira.

(Com informações do Expresso)

Você viu?

Ir para o topo