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Ampliação da Marginal derruba árvores e prejudica fauna local em SP

19 de junho de 2009
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Quem passa pela Marginal do Tietê por volta da meia-noite tem visto motosserras cortarem galhos de imponentes sibipirunas, falsas seringueiras, paus-ferro e quaresmeiras. Após a remoção, caminhões fazem a terraplenagem e a pavimentação da via. No total, 1.534 árvores do canteiro central serão removidas por causa das obras de ampliação de 23 quilômetros de pistas em cada lado da via. O projeto prevê a construção de três novas faixas em cada sentido, quatro novas pontes e três viadutos.

Do total de árvores removidas pela Dersa, responsável pelo gerenciamento da obra, 935 serão replantadas na Marginal. O replantio inclui espécies nativas da mata atlântica, como paineiras e jerivás. Haverá também eucaliptos e chorões. Sem informar prazos, a Dersa terá de plantar 166 mil árvores, como compensação ambiental – 83 mil na Marginal e subprefeituras da região e mais 83 mil no Parque Ecológico do Tietê.

A retirada da vegetação do canteiro e a construção de mais pistas na Marginal do Tietê vêm recebendo críticas. “Essas medidas contribuem para o aumento de temperatura e afetam a fauna que vive ali, como pássaros e capivaras. Essa obra não vai resolver o problema dos congestionamentos a longo prazo, mas o governo prefere investir no transporte privado individual em detrimento do público”, avalia o professor Marcelo Pompeo, professor do Departamento de Ecologia do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP).

A priorização dos veículos também é criticada pela arquiteta e urbanista Saide Kahtouni, presidente da Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (Abap). “A vegetação do canteiro é responsável pela permeabilização do solo. O rio continua perdendo espaço e se avança cada vez mais sobre sobre uma área tradicionalmente de inundação. É bem possível que alagamentos voltem a ocorrer com maior frequência.”

Segundo Saide, boa parte dessas árvores foi plantada recentemente dentro do Plano Diretor de Macrodrenagem, elaborado em 1998, ainda na gestão do governador Mário Covas. O objetivo do programa era reduzir as enchentes.

TRÂNSITO

Por causa das obras, começou ontem às 11 horas o primeiro bloqueio na Marginal, em uma das faixas que liga a pista expressa à local, entre as Pontes da Freguesia do Ó e do Piqueri, no sentido Castelo Branco, além da pista auxiliar que passa por baixo da Ponte do Piqueri. O bloqueio deve durar um mês.

O motorista enfrentava 179 quilômetros de congestionamentos por volta das 19 horas de ontem. A Marginal concentrava o maior trecho de lentidão, com 14,5 km de extensão, na pista local, da Ponte do Piqueri até a Ponte do Aricanduva. A CET afirmou que, pelo menos ontem, as obras não contribuíram para aumentar a lentidão.

A poda das árvores são realizadas da meia-noite às 5 horas para evitar congestionamentos. Nessa madrugada, a pista local próxima à Ponte do Piqueri e a expressa entre as Pontes da Vila Guilherme e da Vila Maria ficaram bloqueadas.

Fonte: Estadão

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