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Festas juninas exigem cuidados redobrados de tutores de animais

6 de junho de 2009
3 min. de leitura
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As viagens para hotéis fazendas durante as festas juninas foram completamente descartadas pela empresária Margarete Esteves, de 40 anos. Até mesmo uma saída de casa durante a noite nesse período se tornou impossível. Tudo desde que Tomy, o Lhasa apso de 6 anos que ela cria em seu apartamento na Chácara Flora, Zona Sul de São Paulo, sofreu uma crise de estresse tão grande durante o estouro de rojões no São João de 2008 que acabou deslocando um olho.

“Ele ficou desesperado. O estresse faz com que ele entre em guarda. E ele é um cão muito tranquilo. A sorte foi que a gente conseguiu socorrer rápido. Foi feita uma cirurgia para reverter [o quadro] e ele conseguiu se recuperar”, conta Margarete.

Depois do sufoco do ano passado, ela decidiu redobrar os cuidados com o cão para o São João deste ano. “Em período de festa, não saio mais de casa. Fico com ele no colo. Também tenho colocado um algodão especial no ouvido dele, para proteger do barulho”, disse.

Embora o deslocamento ocular não seja algo comum, vários outros problemas podem ocorrer com animais de estimação durante o São João. De acordo com a veterinária Tatiana Ferraz e Silva Pelucio, coordenadora para Assuntos Profissionais do Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo (CRMV-SP), alguns animais mais frágeis, como pássaros e animais silvestres, chegam a morrer em razão dos fogos. O pânico das explosões também causa paradas cardiorrespiratórias, perdas auditivas e surdez. Outros animais chegam a sofrer alterações de seu ciclo reprodutivo e há histórico de animais que, pelo trauma, mudam de comportamento para sempre.

Para que não ocorram incidentes como os mencionados pela veterinária, é necessário que os tutores de pets tomem certos cuidados nesse período. “As comemorações com fogos de artifício são sempre traumáticas para os animais porque os mesmos têm a audição muito mais acurada que a das pessoas”, afirma Tatiana.

Sem brigas

A veterinária aconselha que os tutores evitem deixar os bichos juntos no momento das explosões de fogos para que não ocorram brigas e também que não os mantenham acorrentados, pois eles correm risco de enforcamento. Além disso, portas e janelas da casa devem ser recobertos com edredons e outros materiais que ajudem a diminuir o barulho dentro do ambiente em que está o animal.

O diretor do Hospital Veterinário Sena Madureira, na Vila Mariana, Mário Marcondes, aconselha também que o tutor separe dentro da casa um local arejado, mas protegido do barulho, para colocar o bichinho. “É importante criar um ambiente que não tenha muito barulho e onde ele se sinta seguro. Algum cômodo mais afastado, que não esteja muito na frente da rua. Também é importante que nesse ambiente não existam objetos em que ele possa se machucar”, afirma.

Ambos os veterinários concordam ainda que os animais devem usar um tipo de algodão parafinado para proteger o ouvido. “Ele é feito em farmácias de manipulação e fica moldado no ouvido para proteger do barulho”, conta Marcondes. O material deve ser feito sob prescrição veterinária.

Problemas alimentares

Mas não são apenas as explosões de fogos que prejudicam os bichinhos nesse período do ano. As comidas dessa época, que tanto despertam a gula dos humanos, também atraem os animais e podem causar de diarréias a graves distúrbios gastrointestinais.

A preocupação com a barriga de Teddy, um Pichon frisé de 11 anos, faz com que a dona de casa Meire Stada Kudler, de 47 anos, não desgrude o olho do cão nesse período do ano. “Ele ama pé-de-moleque, pipoca, e é meio ladrãozinho. Mas ele tem um estômago super sensível. Se eu me descuidar, ele passa mal, tem diarréia”, fala.

Segundo o veterinário Marcondes, a alimentação dos animais não deve ser alterada nessa época. “Essas dietas de doces e salgados são totalmente prejudiciais e podem causar diarréia, vômito, irritação gástrica”. O ideal, segundo ele, é manter a alimentação à base de ração.

“Não dá para ter dó. Eles ficam com o olhinho, pedindo, e as pessoas têm pena, mas não dá para ter ou eles ficam doentes”, aconselha Meire.

(Com informações do G1)

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