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Governo é sócio de pecuaristas desmatadores, diz Greenpeace

1 de junho de 2009
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Um relatório do Greenpeace de 140 páginas, chamado de “Abatendo a Amazônia”, acusa o governo brasileiro de, indiretamente, financiar o desmatamento na Amazônia. De acordo com a ONG, de 2007 a 2009, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) liberou créditos de US$ 2,65 bilhões para pecuaristas, que seriam responsáveis por 80% da devastação da floresta, ajudando a alimentar uma cadeia de indústrias que impulsionam a destruição. O BNDES informou seguir a lei ambiental. É o que mostra reportagem de José Meirelles Passos na edição desta segunda em O GLOBO.

A cada 18 segundos, um hectare da Mata Amazônica vira pasto. Só o setor pecuário na Amazônia brasileira responde por 14% do desmatamento global anual.

“Através do BNDES, o governo tem formado alianças estratégicas com as cinco maiores empresas da indústria pecuária. Entre 2007 e 2009, essas empresas, responsáveis por mais de 50% das exportações brasileiras de carne, receberam US$ 2,65 bilhões do BNDES, em troca de ações do governo brasileiro”, diz o documento. O Plano Agrícola e Pecuário 2008/09 liberou US$ 41 bilhões em linhas de crédito para aumentar a produção do setor agropecuário, 85% delas para agricultura industrial.

A entidade constatou que áreas protegidas foram invadidas pelos pecuaristas, localizando uma fazenda de gado instalada ilegalmente em terra indígena. O Greenpeace descobriu que fazendas brasileiras que fornecem gado para o mercado mundial utilizam trabalho escravo.

Para o coordenador do estudo, André Muggiati, a pesquisa revela como a destruição da Amazônia está conectada ao mercado mundial:

– A situação é gravíssima. O governo brasileiro tem papel fundamental, porque investe em indústrias localizadas na Amazônia que, ao se expandirem, estimulam o desmatamento.

Critérios para investimento vão mudar, diz Minc
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse considerar o levantamento do Greenpeace “da maior relevância” e reconheceu que o setor pecuário é o que mais contribui hoje para o desmatamento. Minc afirmou que já estão sendo tomadas providências, junto com o BNDES, para reverter a situação. Explicou que os frigoríficos que pedirem empréstimo ao banco, a partir de agora, serão objeto de investigação por instituições como o Ibama:

– O BNDES não pode financiar atividades que estejam desmatando a Amazônia. Um frigorífico que tenha entre fornecedores pessoas que agem dessa forma é corresponsável pelos crimes ambientais.

– No relatório do Greenpeace, havendo novas evidências de desmatamento, não hesitaremos. Vou mandar fiscais do Ibama inspecionarem os locais apontados – assegurou.

Fonte: O Globo

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