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ONGs promovem trabalho de reabilitação de animais silvestres

25 de maio de 2009
3 min. de leitura
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Com apenas três meses, o pequeno bugio -um macaquinho de pelo castanho- adorava circular com seu bando pelo sítio de Josiane Pereira, no interior de Jundiaí. Um dia, apareceu sozinho, com a cauda toda machucada, provavelmente mordida por cães. Preocupada com o estado do animal, Josiane o encaminhou para uma ONG da região, que resgata e cuida de bichos feridos para depois devolvê-los à natureza.

Por duas semanas, o bugio recebeu tratamento veterinário. Tomava antibióticos e tinha os curativos na cauda trocados regularmente. Quando se recuperou, foi levado, em uma gaiola, pela bióloga Andrea Sesso, responsável pelo tratamento, e por Josiane ao mesmo local onde havia sido encontrado.

Depois de ter a cauda tratada, o bugio voltou à natureza; trabalho de reabilitação foi realizado pela Associação Mata Ciliar
Depois de ter a cauda tratada, o bugio voltou à natureza; trabalho de reabilitação foi realizado pela Associação Mata Ciliar

Por cerca de três horas, as duas caminharam pela mata em busca da família do bichinho. Assim que reconheceu seus companheiros, o macaco começou uma espécie de sinfonia na mata. Emitiu sons muito fortes, e o grupo respondeu no mesmo tom. “Ficamos cerca de 40 minutos observando a comunicação até soltar o macaquinho de volta à natureza”, diz Andrea.

Histórias como essa são comuns na Associação Mata Ciliar, ONG responsável pelo tratamento e pela soltura do pequeno bugio, que recebe uma média de três animais por dia.

Segundo a veterinária Karen Bueno, a maioria é vítima da degradação ambiental ou do tráfico. “Há, por exemplo, casos de queimadas, em que os bichos fogem da mata e acabam atropelados.”

A volta ao habitat, no entanto, nem sempre é um processo rápido como foi o do bugio. Além de recuperar a saúde, os bichos precisam se habituar novamente a disputar comida, a caçar e até reaprender funções básicas, como voar.

Na capital, esse trabalho é feito desde 1991 pela divisão de fauna do Depave (Departamento de Parques e Áreas Verdes), da Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente.

De acordo com a diretora, Vilma Geraldi, a maioria dos bichos (quase 60%) encaminhados ao órgão são aves. “Nem sempre sabemos como eles foram feridos. Há os que são vítimas de tráfico, os que foram eletrocutados em postes e até os que tiveram as asas cortadas por fios de pipa”, relata.

Em média, 51% dos animais são devolvidos à natureza. Do restante, parte não sobrevive ao tratamento. Outros, que ficam com lesões permanentes, são encaminhados para criadouros ou zoológicos.

Na S.O.S. Fauna, ONG que atua na região de Juquitiba, o processo de soltura leva pelo menos um mês. Primeiro, o animal fica em uma gaiola no local onde será libertado, para se acostumar com o novo ambiente. Após cerca de 30 dias sendo monitorado por veterinários, o bicho é solto. “Num primeiro momento, é preciso disponibilizar no ambiente a mesma alimentação a que o animal estava acostumado em cativeiro”, alerta Marcelo Pavlenco, presidente da organização.

No caso de animais domésticos, como o de um pitbull que sofreu maus-tratos, as denúncias devem ser encaminhadas a instituições como a União Internacional Protetora dos Animais (www.uipasp.org.br).

Como ajudar

Se encontrar um animal silvestre machucado, entre em contato com a Polícia Ambiental para o resgate (tel. 0800-555190) ou com o Ibama (tel. 0800-61-8080)

Onde saber mais

www.ibama.gov.br/patrimonio
www.prodam.sp.gov.br/svma/parques/medicina.htm
www.sosfauna.org
www.mataciliar.org.br

Como funciona a reabilitação

– A partir de denúncias, os animais são resgatados pelas polícias Civil e Ambiental, pelo Ibama ou pelo Corpo de Bombeiros

– Eles são encaminhados para ONGs ou órgãos públicos de reabilitação, onde são examinados e tratados por veterinários

– Os bichos que se recuperam são devolvidos a seus habitats naturais

– Todo animal solto recebe uma anilha com o contato da instituição responsável pela soltura, para o caso de uma recaptura; com isso, é possível estudar o fluxo migratório dos bichos

– Aqueles que apresentam sequelas e não têm condições de retornar à natureza são encaminhados a zoológicos

Fonte: Folha Online

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