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Entidades estão empenhadas em preservar golfinhos do Estuário do Sado em Portugal

22 de maio de 2009
3 min. de leitura
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A proteção e monitoramento da comunidade de golfinhos do Estuário do Sado é o principal objetivo de um plano de ação para os próximos cinco anos, que deverá custar cerca de dois milhões euros. O projeto inclui restrições à atividade náutica e a criação de um centro na região de Mourisca.
A implementação e desenvolvimento de um programa de monitorização dos 25 elementos da comunidade de golfinhos de estuário, a criação de um centro interpretativo e a implementação de restrições às atividades marítimas (navegação e pesca) são algumas das propostas do “Plano de Ação para a Salvaguarda e Monitorização da População de Golfinhos do Estuário do Sado”.

O plano, apresentado na quarta-feira, na região de Mourisca, com a participação dos secretários de Estado da Defesa e dos Assuntos do Mar, João Mira, e do Ambiente, Humberto Rosa, identifica as ameaças e os problemas desta comunidade de golfinhos.

Um dos problemas desta comunidade residente de cetáceos é o fato de ser uma população pequena e cujo número de indivíduos tem vindo a diminuir nas últimas décadas, passando de 40 animais, em 1986, para os actuais 25 indivíduos. Neste momento, a população está envelhecida, sendo que, “catorze dos 25 golfinhos tem uma idade avançada, apresentando uma menor capacidade reprodutora”, revelou a bióloga Marina Sequeira.

Outra das dificuldades tem que ver com a baixa variedade genética. A especialista explica que “apesar de se comunicarem com outros golfinhos, fora da comunidade, a reprodução só acontece entre membros da comunidade, o que faz com que haja uma consanguinidade grande”, por isso, pode haver uma maior mortalidade das crias.

Ainda que estas sejam ameaças intrínsecas, difíceis de combater, existem ameaças externas que podem ser evitadas, nomeadamente através do Plano de Ação, a ser implementado durante os próximos cinco anos.

A permanência dos golfinhos no Estuário é ameaçada pelo aumento do tráfego marítimo com a consequente poluição acústica que “perturba a comunicação entre os animais e a sua capacidade de caça”. Também a pesca ilegal e/ou excessiva constitui uma ameaça. A bióloga explica que os problemas das embarcações de recreio estão associados às “mudanças bruscas de velocidade e de rota” e a “perseguição” que por vezes fazem aos roazgolfinhos.

“Devido a todos estes fatores”, alerta a especialista, “daqui a dez ou quinze anos, a população pode passar do declínio à extinção”.

É neste momento que surge o Plano de Ação, que teve início em Maio de 2008 e que pretende proteger e recuperar a população de roazes do Sado, melhorando as condições do seu habitat, através da concertação dos agentes relevantes para a sua conservação.

De acordo com o coordenador do projeto, João Carlos Farinha, uma das ações prioritárias é a criação de uma rede de intervenção rápida para situações de arrojamentos dos golfinhos. O desenvolvimento da marca “Golfinhos do Sado” também é considerado importante, além da criação de um centro interpretativo sobre a população de golfinhos do Sado, que deverá ter lugar na região da Mourisca, com o objectivo de sensibilizar para a importância da comunidade local.

A implementação das ações do plano vão ser asseguradas por financiamento próprio, através de fundos específicos para a conservação da natureza, sendo que, o valor total estimado do plano está na ordem dos dois milhões e cem mil euros. Grande parte desta verba será direcionada para a criação do centro interpretativo.

Apesar de estar confiante na eficácia do plano, o secretário de Estado do Ambiente não esconde que “poderá não bastar um plano para garantir o futuro dos golfinhos, uma vez que há fatores de ameaça intrínseca, como o envelhecimento da população…mas há seguramente muita coisa que podemos fazer quanto ao controle de algumas das ameaças”, refere. Esse controle pode passar por algumas restrições. “Não se trata de impedir que as pessoas naveguem, que usufruam do estuário, que pesquem ou que deixem de poder observar os golfinhos, trata-se é de encontrar os acordos adequados para que haja uma auto-contenção e, quando necessário, uma regulamentação, de modo a que as várias atividades possam conviver”, esclareceu Humberto Rosa.

Fonte: Seturbalense

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