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Animais chegam ao santuário de Sorocaba com as marcas dos maus-tratos sofridos no circo

9 de abril de 2009
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Em uma operação conjunta IBAMA – Projeto GAP, um casal de leões e um urso foram transportados de Vitória da Conquista, na Bahia, para o Santuário do GAP em Sorocaba, São Paulo. Os animais chegaram anteontem, 07/04, e já estão alocados em seus novos recintos. Eles estavam vivendo num centro de triagem do Ibama na cidade, depois de serem tirados de um circo.
Abaixo segue um texto do Dr. Pedro Ynterian, presidente do Projeto GAP Internacional, relatando a chegada dos animais, as marcas e sinais dos maus-tratos sofridos por eles no circo e as primeiras reações na nova casa e no contato com seus semelhantes.
“Para falar o mínimo, o que causa inicialmente é indignação, depois raiva, revolta e desejo de punição: um urso sem garras e sem presas, totalmente viciado em Coca-Cola, em uma gaiola onde não pode ficar em pé e que repete movimentos de um lado para outro por longos períodos de tempo; um casal de leões que não ruge, anos a fio morando em uma gaiola de 3 metros de comprimento e menos de 2 metros de altura. É o símbolo de como os circos tratam os animais.
É inacreditável que o Ministério da Cultura ainda forneça vultosos fundos para a Associação de Circos, que os usa, em parte, para defender a permanência dos animais nos circos, submetidos a estes abusos e violência. O próprio Estado apoiando os torturadores.
Após 29 horas de viagem, a carreta levando as duas gaiolas chegou ao Santuário do GAP em Sorocaba. Com um guindaste, que já tínhamos providenciado, descemos as gaiolas em estado lamentável. Primeiro entrou o urso Faze. Ele devia passar pelos recintos dos leões para chegar ao seu recinto temporário, onde por uma janela faríamos a aproximação com a ursa Fofa, que já está há mais de dois meses conosco. O representante do IBAMA, Otacílio Batista de Almeida, que acompanhou a viagem o tempo todo, nos contava que o urso foi transferido de um circo a outro, porque não conseguiam domesticá-lo para trabalhar no picadeiro. Então, além de mutilá-lo, o viciaram em Coca-Cola, como uma forma de fazê-lo trabalhar. Ainda com uma corrente no pescoço, Faze andou, sem acreditar que agora pisaria na grama e tomaria banho em uma piscina, para onde Otacílio o foi chamando. A Fofa esperava por ele na janela com grande curiosidade. Porém, ele não se interessou por ela, só pelo refrigerante que lhe foi oferecido a fim de fazê-lo andar, depois ficou no meio da noite em uma janela do recinto, com seu corpo balançando em movimento repetitivo, sonhando que mais Coca-Cola apareceria a qualquer momento…
Apesar de toda a movimentação, os leões pareciam uns gatinhos assustados e em nenhum momento rugiram. Zeus, o leão que já está conosco há dois meses, rugia de dentro de seu recinto quando sentiu o cheiro de seus irmãos. Rapidamente, entraram no recinto, talvez pisando na grama pela primeira vez na vida ou em muitos anos, ficaram juntos, surpresos no meio da noite, enquanto Zeus os observava com curiosidade através da janela, talvez por nunca ter visto outro irmão tão de perto.
Esta operação entre o IBAMA e o Projeto GAP deve marcar a sociedade, para que, de uma vez por todas, cessem os abusos e as torturas de animais selvagens – sejam chimpanzés, felinos ou elefantes – usados no entretenimento do público.”
O representante do Ibama que acompanhou a operação, Otacílio Batista de Almeida, ficará alguns dias no santuário acompanhando a adaptação dos animais e poderá ser contactado para entrevistas.
Mais informações sobre a transferência podem ser vistas no site do Projeto GAP.
Fonte: GAP

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