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Um camelo paulistano

13 de fevereiro de 2009
2 min. de leitura
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São Paulo tem garoa, calor, cultura para todos os gostos, excesso de gente, poluição, mas, apesar de não ter deserto, acaba de ganhar um filhote de camelo. Por ser fêmea, será batizada de Yasmin, Thalia, Shakira ou Rani. A escolha do nome foi delegada às crianças que fizerem uma visitinha no zoológico, claro.
Em matéria superanimada da Folha de S. Paulo, a bióloga Fátima Roberti afirmou que o foco da ação é “promover a conscientização da população quanto às questões ambientais e, principalmente, incentivar o respeito aos animais”. Estranho. Manter animais originários de regiões desérticas em um país tropical, presos em um zoo, não é coerente com o objetivo de promover a conscientização quanto às questões ambientais. Incentivar o respeito aos animais, então, passa longe, muito longe disso.
Os camelos, além de serem usados como animais de carga, também são tidos como alimento, fontes de leite e carne em diversas regiões do mundo. No Brasil, em praias do Nordeste, as corcovas dos camelos levam turistas inconscientes em circuitos pelas dunas de areias.
A praia de Genipabu, em Natal, tem o ‘Dromedunas’. Uma empresa que oferece passeios com dromedários. Apesar de ser considerada uma espécie em extinção, dromedários também são usados para divertimento com cadeiras amarradas em volta de suas corcovas únicas. Ao pesquisar sobre o assunto, encontrei em um site sobre turismo a seguinte afirmação dos proprietários Cleide Gomes e Philippe Landry:
“No deserto, os dromedários trabalham muito e não são bem cuidados, mas aqui no Dromedunas eles recebem todos os cuidados e têm assistência médica da Clínica Saffary do doutor George Vilar.”
Não faz diferença carregar carga ou pessoas. Vi uma reportagem de televisão sobre esses passeios. O apresentador com seu excesso de peso sentado de um lado, uma pessoa sentada do outro. Para que pudessem subir e descer, o dromedário inclinou-se diversas vezes com o pescoço rente ao chão. Como não demonstra cansaço e é sempre obediente, gera dinheiro fácil em países que o consideram exótico. É muito triste.
Os camelos que vivem em São Paulo não carregam peso. Apenas têm sua vida resumida em concreto e pessoas que os vigiam todos os dias.
Sobre a fêmea paulistana a ser batizada, o sorteio do nome será às 15h do dia 24 de fevereiro, em frente à lanchonete do zoológico. Pois é, para completar a atividade muito educativa, pais, professores e crianças comerão hambúrguer.

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