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Zoológico: sofrimento por diversão

11 de dezembro de 2008
3 min. de leitura
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Li uma matéria sobre três tigres brancos que atacaram o funcionário de um zoológico em Cingapura, o qual não sobreviveu aos ferimentos. Como uma notinha, essa notícia circulou em diversos jornais com o tom “pobre homem, só estava fazendo seu trabalho e foi atacado por tigres perigosos”.
Vamos refletir. Tigres brancos são animais selvagens, caçadores e lindos, por isso tornam-se grande atração em zôos. Capturados ou nascidos dentro de espaços delimitados por concreto e grades, esses animais são obrigados a não responder aos seus instintos e a conviver com a companhia indesejada de pessoas que o observam ali, presos. É uma violência, mesmo que sem dor, deixá-los em cárcere.
Não é de hoje que animais atacam seres humanos em zoológicos. Não é de hoje que seres humanos prendem animais em zoológicos.
Se pensarmos que os animais são, para nós, diferentes e curiosos, não precisaremos ir muito longe para entender a motivação que nos faz tê-los presos para nosso deleite se fazemos o mesmo com a nossa própria espécie. Pessoas com deformidades já serviram de atração em circos, os freak-shows, e até hoje são usadas para alavancar a audiência em programas de televisão. Tanto nesse caso como com os animais, nos sentimos superiores, divinos em nossa “perfeição humana”. E esses sentimentos são alimentados desde crianças, quando, entre outras coisas, o zoológico nos é apresentado como um passeio escolar. Um zoológico não pode ser visto como um lugar pacífico e educativo se lá estão animais infelizes. É na escola que formamos grande parte do caráter, moral e ética que levamos para a vida toda. Sendo assim, é ainda mais conflitante, quando adultos, exercermos a reflexão de que animais não nasceram para servir aos homens. Erradicarmos essa prática de ensinamentos pedagógicos é extremamente urgente.
Também é importante mencionar que a maioria dos zoológicos é mantida financeiramente pelo governo, e estes são usados como um grande apelo turístico. O de São Paulo está entre os dez melhores do mundo e gaba-se de ter ali, como mencionado no Portal do Governo do Estado de São Paulo, uma coleção completa de felinos e símios. Hã? Coleção? Pois é, considerados mercadorias e colecionáveis, já foram alvos de envenenamento com suspeita de ação criminosa, como se mantê-los ali não fosse também um crime.
Há quem argumente que zoológicos são muito importantes para a preservação de espécies, porém existem relatos de zôos fechados por envolvimento com tráfico de animais, como o de Capistrano em Santa Catarina, além de pelo menos 15 que foram fechados pelo IBAMA em Minas Gerais desde 1990.
Cabe lembrar o caso do menino de sete anos – sete anos! – que matou diversos animais em um zoológico na Austrália. Além de matar alguns com suas próprias mãos, também alimentou um crocodilo com animais vivos. Entre eles, um iguana, uma tartaruga e quatro lagartos.
É um caso de extrema exceção, mas, sem dúvidas, tem um fundamento. Será que a reação do menino não demonstra o sentimento de superioridade do ser humano? Será que matá-los era uma brincadeira insignificante tanto como tê-los à sua disposição?
A certeza que tenho é de que os animais não nasceram para viver em zoológicos. Em qualquer enciclopédia ou em busca na internet, encontramos qual o habitat natural de cada animal preso em um zoológico. Não restam dúvidas onde eles deveriam estar.

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