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Devo suplementar com vitamina B12?

23 de novembro de 2015
7 min. de leitura
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“Se você come carne, estará obtendo a B12 absorvida dos corpos das criaturas que você come. E essas criaturas obtiveram a B12 através de sua dieta de plantas ou da sua flora interna. Uma dieta rica em carne provavelmente contém mais B12 do que qualquer outra dieta, no entanto, não garante uma boa saúde.”

Andrew Perlot, jornalista crudívoro vegano

Divulgação
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A vitamina B12, na atualidade, é um dos grandes fatores discutidos, quando alguém se torna vegetariano ou qualquer outra dieta na qual larga os produtos animais.
Este é um dos últimos recursos da indústria, para amedrontar e tentar evitar que pessoas abandonem o consumo dos produtos animais. Eles alegam que apenas consumindo produtos animais conseguiremos este nutriente. Entretanto, não vemos animais veganos na natureza sofrendo de carência da mesma.
Apesar do forte ataque de várias fontes sugerindo que dietas vegetarianas são deficientes nesta vitamina, a deficiência da B12 foi descoberta primariamente em onívoros 6, portanto devemos ficar cientes que ela não ocorre apenas em vegetarianos e uma dieta onívora não o protege desta deficiência. Ademais, é amplamente reconhecido que a incidência de tal deficiência é bem rara, até mesmo em veganos e não existe evidência que veganos, apesar de terem menos dessa vitamina em seus organismos, sofram mais desta carência 7. E devo lembrar que apenas ser um vegetariano estrito, não é o suficiente para ter a nutrição de seu corpo otimizada, já que ser vegano apenas indica que o indivíduo não come produtos animais, mas pode ter outros péssimos hábitos e problemas de saúde que prejudicam seu processo nutricional. Nutrição e comida não são sinônimos e o corpo precisa de diversos outros fatores e de um sistema saudável para devidamente assimilar e utilizar os nutrientes.
A B12 não é produzida nem pelas plantas nem por animais, mas por bactérias.
Existem 21 diferentes gêneros de bactérias que produzem a vitamina B12. Em solos saudáveis, essa vitamina ocorre como um subproduto destes microrganismos, portanto, os alimentos vegetais crescidos em tais solos conterão tal vitamina 8. Portanto, ela é encontrada na superfície de quase todas as plantas orgânicas. A B12 pode ser ou não encontrada dentro e por fora dos alimentos que comemos tanto os de origem animal ou vegetal. E em seres humanos saudáveis, ela é produzida por bactérias naturalmente presentes no intestino, nas passagens nasais e da garganta e nós normalmente reabsorvemos muito da nossa própria B12 em nossas secreções biliares 9, 10.Por isso essa deficiência é tão rara.
Por ainda não ser um assunto completamente compreendido, existem várias teorias divergentes quanto à B12. Uma das mais comuns nos círculos crudívoros é que “perdemos” nossa B12 contida nos alimentos, devido às técnicas de limpeza e esterilização atuais, as que não aconteciam no passado.
Acreditando que ao lavarmos nossos alimentos, lavamos também a B12, assim a descartando, já que ela é contida na superfície dos alimentos. Por isso que muitos tentam lavar pouco seus alimentos, ou até mesmo se criam organicamente em casa, não os lavam. Isso se deu origem devido ao trabalho do cientista James Helsted, que provou que veganos estritos que não lavam seus alimentos excessivamente e eles são provenientes de solos saudáveis, não sofrem de deficiência de B12 11.
De acordo com o Dr. John Mcdougal, praticamente todos os casos de deficiência de B12, ocorre independente da ingestão dietética. Ela ocorre devido a problemas de má absorção desta vitamina devido a doenças intestinais ou generalizadas e má nutrição (excesso ou insuficiência de nutrientes), causada por pobreza ou estilos de vida “excêntricos”. Estas condições são na verdade fatores de confusão em artigos científicos, que fizeram pesquisadores associarem errado, vegetarianos a deficiência de B12.
O Dr. Douglas Graham também alega o mesmo e comenta que vários de seus clientes com deficiência de B12, os quais ele submeteu a jejuns com apenas água, sem suplementos ou alimentos de qualquer gênero, no final do jejum, após 24 dias sem consumir nada além de água, obtinham novamente índices normais e saudáveis.
Ele sugere que outros profissionais que supervisionam jejuns têm a mesma experiência com seus clientes. Ou seja, se não consumiram nutriente algum e os níveis de B12 melhoraram, o problema era na absorção e produção endógena (interna).
A Naturopata, Dr. Gina Shaw, do reino unido relata o mesmo 13. Graham, em seu livro “A dieta 80/10/10”, mostra que um dos grandes fatores contribuintes a deficiência de tal nutriente é uma dieta rica em gordura, que provoca a falta de uma substância química chamada o “fator intrínseco”, que leva a dificuldade de absorção de B12.
“A vitamina B12 está disponível nas plantas em quantidade muito pequena, mas, a forma mais assegurada dela, é principalmente, aquela que é produzida no próprio organismo. O estômago segrega uma substância chamada fator intrínseco, que transporta a B12 criada pela flora bacteriana em nosso intestino.
A necessidade real desta vitamina é tão reduzida, que é avaliada em microgramas (a milionésima parte de uma grama). Um miligrama dela perdurará no organismo por mais de dois anos. Porém, existe um pequeno problema; a putrefação estorva a secreção do fator intrínseco no estômago e retarda a produção de vitamina B12.“ Harvey e Marilyn Diamond no livro “Dieta sem fome”.
Portanto, entendemos que o importante é se manter sadio, praticando uma abordagem holística a saúde e nutrição, já que uma deficiência pode ocorrer independente de o quanto você consome deste nutriente.
De acordo com especialistas, devido a armazenarmos tal vitamina e ela ser utilizada tão lentamente, pode levar até duas ou três décadas, para um onívoro que se tornou vegetariano, apresentar deficiência de tal vitamina. Entretanto, conheço inúmeros veganos de longa data (duas décadas ou mais de veganismo) que alegam nunca terem apresentado deficiências ou suplementando tal vitamina. Seu autor particularmente não suplementa com B12 e já é vegano há sete anos.
Existem vários pontos a se considerar, como os padrões médicos estipulados como “normais”, serem na verdade anormais. Sabemos que pessoas saudáveis não frequentam médicos, assim sendo a maioria dos testes e parâmetros que são obtidos e estipulados como “normais” são feitos com pessoas doentes, ou “saudáveis” perante a norma de pessoas que comem comida cozida. O que quero sugerir, é que os padrões da vitamina B12, quando verificados em uma sociedade que vive de alimentos cozidos e hábitos não saudáveis, se tornam altamente subjetivos e inconfiáveis. Assim como muitos indivíduos consomem suplementos e produtos enriquecidos com B12, alterando os padrões normais. Portanto, se torna inquestionável que não temos como nos basear nos números tido como “normais”.
O impressionante e mais triste é que onívoros devido ao seu alto consumo de produtos animais na atualidade sofrem elevados riscos de doenças coronárias, diabetes, cânceres e ficam imensamente preocupados em adotar uma dieta vegana devido ao risco de “deficiência de B12” que supostamente veganos sofrem quando abandonam produtos animais. Já que câncer, doenças cardíacas, diabetes são as doenças que mais matam e não deficiência de B12, acredito ser insensata tamanha preocupação e enfatizo que no caso de salvar uma vida ou na insegurança, suplementar, não irá lhe fazer mal.
Para conhecimento geral e informação do leitor, os usuais sintomas de deficiência de B12 são: Mãos e pés dormentes, déficits cognitivos como confusão, coordenação muscular fraca, irritabilidade, lentidão mental e problemas de memória.
Curiosidade: Caso deseje verificar seus níveis de B12, o teste mais preciso é o teste urinário de ácido metilmalônico, também conhecido pela sigla (uMMA). Se este ácido estiver no seu nível normal no sangue (< 370 nmol/l) ou na urina (< 4 mg/mg creatinina), significa que seu corpo tem B12 suficiente.
Dica: Existem dois tipos de suplementação de B12, a metilcobalamina e a cianocobalamina. Entretanto a cianocobalamina contém cianeto, o qual é tóxico. Assim as autoridades que defendem suplementação recomendam a Metilcobalamina. Embora existam várias formas de suplementar, geralmente, a mais indicada pelos profissionais é a sublingual.

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