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Nem o sarro arranha a Espanha* - Parte 1

30 de julho de 2010
3 min. de leitura
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Catalunha, Espanha (Foto: Locr.com)

Os países podem ser analisados como se fossem indivíduos e se comportam muitas vezes como tal.

É sabido da nossa relação de colonizador/colonizado entre Portugal e Brasil, sendo Portugal apenas um dos países que por aqui pisaram.

Eu e muitos brasileiros nutrimos um carinho especial por Portugal e seu povo, assim como a recíproca acontece. Tenho amiga lá em Portugal e amiga aqui que veio  de Portugal.

Uma coisa que me entristece muito é bairrismo, um tipo de preconceito esquisito, que afeta pessoas que “amam” demais a sua terra.

Um destes dias, acompanhando alguém num hospital, pude ver como a humanidade frágil, se coloca sempre acima dos outros. Mesmo ali, num ambiente que claramente nos dá um tapa na cara, na nossa condição de animais humanos, mesmo ali pude ouvir uma piada preconceituosa.

“Fui para a Argentina e me perguntaram se eu era brasileiro. Respondi: Brasileiro, não! Gaúcho!”

Nossa! Ainda bem que a pessoa em questão estava na Argentina, que conhece a palavra gaúcho, pois, se fosse em determinados países, simplesmente a piada não teria sentido!

Nascer aqui, acolá, ter a sorte ou azar de ser brasileiro, não me importa.

A sensação de que nossa terra é especial é ilusória.

Há lugares belíssimos no mundo inteiro e quem ama viajar e já provou o gostinho de estar em outra cultura, de abrir a janela e ver a brisa do mar de um outro lugar (que pode ser o mesmo mar que banha o continente, e que ao mesmo tempo nunca será o mesmo), pode ter uma ideia de que há coisas especiais e pessoas especiais no mundo inteiro.

Catalunha, Espanha (Foto: Locr.com)

Há poucos dias recebemos a notícia de que em Catalunha, Espanha, as touradas foram proibidas.

Já li relatos de quem presenciou touradas e achou uma barbárie, mas, apesar do barbarismo, com certeza nestes países há pessoas que lutam pela justiça e pela paz.

Práticas bárbaras são praticadas no mundo inteiro e defendidas com o nome de “cultura”. Em dado momento é interessante usar o argumento de cultura, em outro, apenas chamar o ato de crime. Depende muitas vezes de interesses políticos e econômicos.

Pois touradas, vaquejadas, rodeios e outras práticas de gosto duvidoso envolvendo abuso e morte de animais acontecem em diversos lugares do mundo, aqui no Brasil e também em nosso Estado.

Mas há uma corrente de pessoas que têm ativamente se posicionado contra tais práticas. Nestes últimos dias, houve um caso aqui no Rio Grande do Sul de um senhor que resolveu andar a cavalo dentro d’água gelada do Guaíba. Mesmo que o cavalo tenha sido bem tratado, domado de “forma racional” etc. etc., fico me perguntando  qual o sentido de práticas como estas, que mais parecem um exibicionismo e nada têm a ver com a cultura gaúcha? Essas atitudes suscitam “ideias” de exibicionismo coletivo como o caso da cavalgada do mar, prática criticada inclusive pelo Paixão Cortes.

*Trecho de música de Caetano Veloso

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