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A atuação do ONCA no sul do Brasil

29 de fevereiro de 2012
14 min. de leitura
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Panthera onca, Onça, pintada, onça-verdadeira, jaguar, jaguarapinima, jaguaretê, acanguçu, canguçu, tigre ou onça-preta. Com base no nome científico de um dos símbolos das nossas florestas sul-americanas, usando a força deste, que é o terceiro maior felino do mundo, após o tigre e o leão, e o maior do continente americano, nasce em 2004 em Curitiba-PR o grupo abolicionista ONCA, com nove anos de atuação, o grupo vem mostrando trabalho no sul do país. Com uma base forte em Curitiba-PR e um braço firme na serra Gaúcha/Bento Gonçalves, o grupo apresenta um ativismo de front mostrando os direitos animais e veganismo de forma prática, nas ruas, em palestras, ações, intervenções, pic-nics etc., vão à luta! Sempre de forma pacífica, criativa e incisiva, colocando no colo de todos informação de graça, detalhes importantes sobre a Causa Animal.

O Grupo ONCA se destaca como um grupo de Ação Direta Pacífica, buscando
oferecer informações corpo-a-corpo. Suas atividades quase sempre são realizadas em locais públicos/abertos, com grande circulação de pessoas. Estratégia ideal para divulgar Direitos Animais.

Validar-se da Ação Direta Pacífica, significa “lutar” no campo físico, real, produzindo o contato com as pessoas e dando a oportunidade de olhos-nos-olhos aos intervencionados, uma conversa simples e uma dúvida tirada na hora certa pode fazer total diferença. Muitas vezes as pessoas levam flyers para casa no bolso, desperdiçando a oportunidade de vivenciarem um diálogo rico sobre o assunto da campanha, sendo regadas de muito mais argumentos do que o papel pode oferecer. Na verdade o papel/Faixa é apenas um convite resumido do assunto, é muito importante um participante no campo físico para explicar o porquê da imagem, o porquê da linguagem usada ou exemplos dados e contidos no material de divulgação/apoio.

Empregar este tipo de ação/método/estratégia não significa participar de “Células da Frente de Libertação Animal (ALF)”, ou fazer uso de força, logo que a diferença fundamental é transparecida: A frente de libertação animal mantém suas ações de forma descentralizada, logo os grupos que agem desta forma (Ação Direta Pacífica) mantém sua centralização unificada, vestem identificação dos grupos que fazem parte através de camisetas e adesivos, muitas vezes existem uma bancada esclarecedora da ação, com motivos e explicações para quem sofre a “Intervenção”, além do material distribuído como sites e e-mails de contato inseridos no próprio material.

O ONCA conta com um grupo relativamente pequeno de pessoas. Com cerca de 20 pessoas é o bastante para amplificar  a chegada de informações na população (Através de táticas diretas), estratégia contrária ao uso de e-mail-lista que quase nunca são lidos por inteiro, Redes Sociais, que já estão se tornando inconvenientes de mais (chatas) para os usuários não-causa animalTwitters, ferramenta pouco direta comparada ao leque vasto de possibilidades existentes (não que não seja importante), e Blogs/Embelezamento de sites, ferramentas muito importantes e que ajudam muito um grupo de pessoas a difundir anti-especismo na sua região, mais que com certeza devem ser usadas como acessório e não como método principal.

O ONCA faz atividades em feiras (com exibição de vídeos, banners e impressos,distribuição de material gratuito e esclarecimentos sobre temas abordados), exibições de documentários referentes à educação animal (Humana e não humana), palestras gratuitas em escolas, ajudando a difundir uma cultura de paz para crianças e adolescentes, protestos temáticos como rodeio, peles, vaquejada, alimentação, testes etc. Além disso, pratica pesquisa e documentação sobre temas diversos relacionados ao uso/exploração animal procurando oferecer informação para desenvolvimento de suas formas alternativas,  Além de produzir material informativo de autoria própria e eventualmente desenvolver projetos de acompanhamento de leis. Ainda avaliam denúncias, processos jurídicos e praticam resgates de animais.

Nos principais centros urbanos a individualidade é mínima e a coletividade é monstruosa, as pessoas acostumaram-se a não manter contato, as pessoas são sempre perigosas, não manter contato em público é um regra. Neste sentido, indo atrás das pessoas no ambiente público, os participantes dos grupos de ação direta conseguem “quebrar” essa “frieza” que há em relação à sociedade moderno contemporânea, mostrando uma postura positiva e um sorriso no rosto a população acaba enxergando nos participantes de ação direta pela libertação animal um perfil educado, simpático e feliz. Por isso vem à importância de sempre se comportar positivamente aos intervencionados, de certa forma estamos representando toda uma imagem de pessoas pró-direitos animais, por isso, colocamos um sorriso no rosto e vamos à luta!

Curitiba é uma destas cidades onde a individualidade já é presente, cidade grande com aproximadamente 1.764,540 habitantes, modelo na engenharia civil no país e palco de importantes passagens históricas nacionais, a cidade já é encarada como “Grandes Centros”, motivo ainda maior para sair em busca de novos contatos/estratégias de divulgação de informação em relação à educação animal.

Tratando-se dos direitos animais e dos hábitos que agridem ao direito não humano, assim como todas as outras áreas e estados do Brasil, Curitiba também sofreu “alterações” vindas de fora. O Barreado é uma delas.

Barreado ou carne barreada é um preparo de carne não humana cozida com temperos e ervas. É um prato típico do litoral paranaense, atingindo o status do mais tradicional do estado.

Os açores, ou Região Autônoma dos Açores, é um arquipélago em território Português. Na rápida passagem por terras curitibanas, atribuiu-se aos açorianos a origem do prato na costa do estado em meados do século XVIII, resultado de 300 anos de cultura especista num preparo de um prato de origem animal.

Guaraqueçaba-PR é indicada como a disseminadora da receita. O tempero do prato embarcou junto da Europa justamente com outras manifestações culturais para a América do Sul, a exemplo do fandango, dança de tamancos ao som de um instrumento antigo chamado rabeca.

O povo curitibano/sulista, portanto, herdam heranças especistas dos colonizadores assim como muitos outros países/estados do mundo, na alimentação, no transporte, no entretenimento, na vestimenta, na língua, na cultura e em muitas outras sub-áreas correlatas. Bento Gonçalves não escapa para as suas “Culturas” especistas herdadas dos colonos, formando toda a base de cultura gaúcha especista conhecida hoje. Como todos podem imaginar, o trabalho dos grupos abolicionistas no sul é bem grande.

O que o ONCA e os grupos de libertação animal locais fazem é trabalhar com umprocesso educativo junto a população (Ação Direta e outras atividades) para que toda essa herança cultural seja abandonada, abandar uma cultura não significa regredir, significa de forma similar ao hábito cultural da escravidão ou tratamento desigual das mulheres, que uma vez identificados como “infrações” aos direitos morais dos afetados são abandonados como sinal de reconhecimento de direitos dos sujeitos indicados. São todos hábitos vindos da idade média que ainda estão sendo utilizados para o atual Pós-Modernidade, práticas que literalmente são dispensáveis nos dias atuais.

A população não só do estado do Paraná/Bento Gonçalves mais de forma geral e global, estão “acostumadas”, “estagnadas” e até mesmo “condicionadas” a viverem de forma a ter como base a exploração não humana (e também humana) herdada dos seus colonizadores, incondicionalmente, sem perceber ou até mesmo em conseguir ver. Não é uma questão de querer fazer o mal, é de fazer o mal incondicionalmente. Vivem com vendas invisíveis impostas pelo modelo sociedade-atual de modo a não enxergarem a forma como estamos lidando com a vida de animais que sentem e não são humanos (sencientes), instruídos a não perceber a fragilidade e sensibilidade que os animais são capazes de obter, como se os animais não possuíssem sérios mecanismos frágeis e sensíveis de recepção à dor. Tais táticas são apresentadas as massas em forma de comunicação. A propaganda da principal marca de hambúrguer do país tem um franguinho sorrido pra você, todo feliz, na caixa de leite a vaca é desenhada livre e em bonitas paisagens, quando não estão sorrindo também. Até mesmo no açougue o porco desenhado na fachada do prédio se mostra um sujeito feliz e simpático, praticamente o chamando para entrar no estabelecimento e levar pedaços de seu corpo para casa.

As massas de forma geral ainda não entraram em contato com o conhecimento de que animais não humanos são sujeitos de direitos, é um pouco complicado de mais entender e esperar que donas de casa tenham contato com a teoria de Regan, muitas delas não sabem nem ler. Simplificando o fato, até mesmo a diferença/similaridade entre animal humano e não humano existe, para essas pessoas o humano é uma coisa e o animal é outra, o humano vive uma vida de desejos e conquistas e o animal existe apenas por um único objetivo, comida. É esperar de mais que termos que para nós tão comuns como “Especismo” ou “Sencientes” estejam estabelecidos socialmente entre essas massas, e se você ficar lendo seu livro abolicionista favorito ou visitando o seu blog semanal isso não vai mudar. Estes trabalhos de ação direta ajudam a resolver de forma prática e eficiente essas questões para as pessoas. Que um porco tem o direito incondicional à vida não porque ele é isso ou aquilo, porque simplesmente é um porco, e porcos assim como uma mulher branca ou negra são sujeitos de direito, por si só, pelo que são não pelo que fazem. É necessário explicar isto as pessoas, elas estão no seu ponto de conforto, está tudo certo para elas enquanto o outro lado sofre com violentas táticas de dominação, afinal os que ainda não foram reconhecidos como sujeitos estão sofrendo um processo doloroso de violência e morte. Estes trabalhos diretos realizam conexões importantes sobre a convivência na terra, ovos de Galinha não devem ser interpretados como comida, e sim como uma excreção natural de um indivíduo que vive uma vida similar a nossa, mais de forma limitada pela forma natural da espécie, se organizando e conquistando espaços de forma diferentes, mais que ainda sim partilham a semelhança fundamental, ser sensível a dor e ter interesse e não recebe-la. Ou o leite materno também é objeto de interesse de comercialização?

Este “choque” deve ser apresentado, esta conexão estabelecida. Porque a amamentação humana não é cultivada em fazendas de confinamento e a amamentação não humana é? Porque sim para um e não para outro? Porque voto para os homens e não para as mulheres? Porque tratamento A para branco e tratamento B para negros? Porque esta diferença? Ela é necessária? De onde ela vem? Ela existe? Como? De que forma? Ela existe no seu dia-a-dia?

As pessoas são constantemente bombardeadas com técnicas de comunicação de massa como televisão, rádio, revista, jornal, que financeiramente são patrocinadas por grupos interessados na “comercialização” do especismo e estabelecem investimentos para lucrar com a morte de milhões de animais não humanos.

Provavelmente uma dona de casa abordada em uma suposta ação do ONCA pode ser decididamente anti-racista, pois conhece muito bem o que significa racismo e que um homem branco e um homem negro merecem por si só, pelo que são e não que cor são serem reconhecidos como sujeitos de direito. Esta mesma senhora pode se mostrar ainda firmemente anti-sexista, provavelmente exemplo próprio do tratamento desigual dos humanos do sexo masculino aos humanos do sexo feminino no início do século, mais esta senhora pode ser especista, e não sabe. Não por força própria ou intencionalmente, mais por condicionamento, por não conhecer a parte “feia” dos animais não humanos, por ainda não ser “quebrada” a imagem que os animais também sentem e possuem sistemas similares ao modelo humano na recepção da dor.

Estas informações são muito novas para a atual sociedade, basicamente estamos engatinhando na teoria abolicionista animal, Antes de Animal Liberation de Peter Singer as informações sobre libertação dos animais eram praticamente não conectadas no sentido de movimento estabelecido e organizado, o movimento de libertação animal contemporâneo vem sido construído nos últimos trinta anos após a publicação do mesmo (Animal liberation, 1975). Apesar de que, os animais sempre foram explorados, desde o tempo de Aristóteles, de forma geral um movimento organizado, fundamentalizado e interessado em abolir escravidão animal é recente, o que os grupos estão fazendo é mostrar informação de forma prática, a importância do ONCA e de outros grupos de libertação animal que usam ação direta é levar esta informação para quem está condicionado/estagnado, assistindo televisão, ouvindo rádio ou lendo jornais, recebendo cultura especista por todos os lados. Levando as informações dos livros para as pessoas.

Infelizmente isso não será alterado com o tempo, pelo contrário o tempo só castigará ainda mais os que estão sendo explorados. Este é o motivo pelo qual não houve e não há mudança no atual estado desde a Idade Média. Os explorados são animais que não são dotados das mesmas habilidades que os animais humanos têm para se organizar e usar de força/inteligência e livrar-se de uma condição perturbadora. Os animais serão explorados para sempre se o deixarmos por si sós. Não haverá uma “Revolução dos bichos” (Animal Farm, Orwell, 1945) como trouxe alegoricamente George Orwell em seu romance. O Barreado, este hábito de “barrear” a tampa com grude de farinha e água, cozinhar até desfiar a carne temperada com especiarias, para quem nunca teve contato com a idéia do direito de vida aos não humanos, não passa de comida, alimentação, Sobrevivência.

O trabalho do ONCA e dos grupos de Ação direta são extremamente importantes para disseminar o direito entre as espécies, ou pela primeira vez indicar que ela existe, algumas pessoas ainda não se deram conta disto, O que o ONCA e os grupos de ação direta locais fazem é explicar ao curitibano e ao resto do mundo que o Barreado é um prato feito de carne, e que carne é um pedaço retirado de um animal senciente, que sofreu um processo violento de abate, e que abate significa morte, e morte é uma palavra forte que transcende a barreira do humano e não humano, morte é sempre morte, ou seja, VIOLÊNCIA. A população de forma geral ainda não fez ou não conseguem fazer esta conexão sozinhos. Se você continuar a apenas Twittar sobre a causa animal isso não vai mudar

Ficar lendo livros para si nada ajuda os animais que estão nos pratos do Barreado, decorar os argumentos de Peter Singer, Tom Regan e Francione não vão ajudar o Gado que foi abatido para servir “Maminha” para a receita, ou para Joe, o Porco que foi morto para fornecer bacon em um dos ingredientes do prato no último domingo.

É importantíssimo instruir-se da teoria abolicionista e consultar os filósofos da Causa Animal, todos nós o fazemos, mais é pouco eficaz ficar discutindo a teoria dentro do próprio movimento e não ganhar as ruas para conversar com onívoros, pessoas que por falta de oportunidade e condicionamento nem conseguem fazer a conexão que dentro do seu prato há violência e morte.

A importância do ONCA e dos outros grupos de libertação animal no Paraná/Bento Gonçalves e de outras localidades mundiais que praticam ações diretas estão relacionadas diretamente em levar informação para quem foi alienado pela cultura especista moderna de não enxergar o que come, em adorar cães e gatos, brigar, chorar e morrer por eles e comer gado/porcos como se estes não tivessem relação alguma.

É claro que não só existe a ação direta para levar a informação, existem muitos outros meios, a Internet está se mostrando uma ferramenta promissora, sendo usada como sites, blogs, redes sociais e e-mails. As publicações em jornais, revistas e livros também, mais de todos os meios que temos estudado para tal, a ação de rua é provavelmente a mais eficaz dos meios listados. Todos os meios tem o seu papel.

Sem contar que em muitas vezes pessoas que são intervencionadas em ações diretas não tem acesso a nenhuma opção acima.

Não há nada de errado em realizar atividades nas ruas, agindo direto, nenhuma lei está sendo quebrada, não se esqueça de que estamos falando de Ações Diretas Pacíficas. Não deixe a sociedade moderna fazer você pensar que o errado é você por ir em busca dos direitos dos que não têm. Se você não agir os animais vão sofrer para sempre.

O site oficial do grupo é: http://www.onca.net.br e na seção “Quem Somos” o leitor poderá se informar melhor sobre a base moral do grupo.

Além disso o pessoal está no FacebookTwitter e YouTube.

Acompanhe as notícias do grupo aqui.

Na seção Vídeos do site o grupo oferece visualização gratuita do Earth Links, Carne é Fraca, Não Matarás e Meet Your Meat (Conheça sua carne).

Entre as diversas seções do site estão “Materiais” no site onde o grupo disponibiliza on line a leitura de alguns artigos importantes da libertação animalPerguntas Frequentos quanto ao Vegetarianismolinks para Receitas vegetarianas,

Para acompanhar as atividades do grupo na mídia, existe o link “ONCA na mídia”, acompanhe um relatório mensal de atividades no link “Nossas Ações”.

O grupo é aberto e qualquer pessoa participar.

Contato:
Email – [email protected]
Site – http://www.onca.net

Dúvidas, críticas ou sugestões:
[email protected]

 

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