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Saúde de porcas resgatadas no Rodoanel é crítica, diz dona de santuário

28 de agosto de 2015
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Samantha Lotz/Divulgação
Samantha Lotz/Divulgação

Convulsões, estresse e membros quebrados de tal maneira que dificultam andar e comer. É assim, em estado crítico de saúde, que muitas porcas que sobreviveram ao tombamento de um caminhão no Rodoanel, em São Paulo, lutam pela vida.
O veículo que as transportava tombou na praça de pedágio de acesso à rodovia Castello Branco, em Barueri (30 km de São Paulo), na madrugada de quarta-feira (26). De acordo com testemunhas, o motorista da carreta, que vinha de Uberlândia (MG), teria mudado a direção do veículo bruscamente.
Ao todo, 110 porcas estavam na carroceria. Morreram no local do acidente 19 animais. O frigorífico responsável pelo transporte dos animais recuperou outros 22.
Durante o resgate, considerado desastroso pelas entidades protetoras de animais, agentes da rodovia tentaram levantar várias vezes o caminhão com as porcas dentro, o que causou sérios ferimentos aos animais, muitos já debilitados para o abate.
Ativistas da causa animal, como Cíntia Frattini, 53, que administra um santuário de animais em São Roque (45 km de São Paulo), ajudaram no resgate na tentativa de salvar as porcas, mas muitos animais não resistiram.
Pelo menos 69 delas foram transferidas em caminhões para o santuário. Destas, 42 sobrevivem por lá a duras penas, com risco de morrer a qualquer momento, segundo Frattini.
‘Inferno de Dante’
“As porcas chegaram aqui com hipotermia, fraturas expostas, bacia deslocada, muita sede e bastante estressadas. Fizemos 21 mortes induzidas nas que não tinham mais condições de sobreviver, três porcas chegaram mortas e tivemos baixas na noite passada. A situação é crítica”, disse a ativista.
A engenheira civil, que atua como ativista em prol dos animais há 27 anos, disse que o resgate dos animais na estrada foi “dantesco”.
“Foi horrível, um inferno de Dante. Elas estavam cansadas, ensanguentadas. Vi porca pisoteando porca, porca virada para cima. Foi um grande horror, além da tristeza de ver aquilo”, conta Frattini, que participou do resgate no Rodoanel.
Segundo a ativista, faltou um plano B da concessionária CCR, empresa responsável por administrar a rodovia, para garantir que os animais não se ferissem durante o procedimento.
“Fizemos o melhor possível da nossa parte para salvar os animais. Mas, por parte das autoridades, foi um absurdo manter das 3h40 até as 19h os animais dentro daquele caminhão. As autoridades e as estradas de rodagem precisam ter um plano B para situações como essa”, afirma.
Em nota, a CCR alegou que o resgate teve como foco a segurança dos motoristas.
“É preciso destacar que o atendimento do evento teve como foco a segurança dos motoristas que passavam pelo local e o resgate adequado dos animais, o que demanda planejamento e adequações às variáveis apresentadas no momento. A decisão técnica de destombar a carreta tinha o objetivo de melhorar as condições em que os animais estavam durante o atendimento. A proposta era melhorar também as condições do transbordo dos animais, que seria muito mais complexo caso a carreta estivesse deitada.”
Comida na boca
A autônoma Karina Calzada, 37, que ajudou na transferência das porcas para o santuário na madrugada desta quinta-feira (27), disse ter sido “muito triste e trabalhoso” o processo.
“Colocamos feno no chão para amortecer a saída delas do caminhão, mas algumas nem conseguiam se levantar porque estão com muitas luxações e tendões estirados. Nós juntávamos entre seis e sete pessoas para carregar cada uma, que pesa mais de 300 kg, até o santuário, às vezes precisando arrastá-las”, conta.
A relações-públicas Fernanda Somaggio, 42, voluntária do santuário, se reveza na tarde desta quinta-feira (27) com outras 15 pessoas para cuidar das porcas, mantendo o local limpo e alimentando as sobreviventes com dificuldades para comer.
“As porcas têm os dentes arrancados ou cerrados no matadouro, então têm dificuldade de comer os legumes e verduras que estão sendo doados. Estão acostumadas só a comer ração. Então damos comida na boca”, disse.
Quem quiser ajudar pode fazer doações nos postos de coleta indicados na página da Aspa (Associação Sempre pelos Animais) na internet.
“Quem quiser ajudar pode fazer as doações, mas por favor não venham ao santuário pedir o porco para consumo, para cruzar. Todas essas porcas são mamães, são as minhas Marias. Elas serão doadas para pessoas que tenham compaixão, porque o culpado de tudo isso é quem come carne”, disse Frattini.
Fonte: Boa Informação

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