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Nove porcos resgatados do Rodoanel são adotados por veterinária, diz ativista

28 de agosto de 2015
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Animais ainda possuem marcas de machucados devido aos acidentes (Foto: Jomar Bellini / G1)
Animais ainda possuem marcas de machucados devido aos acidentes (Foto: Jomar Bellini / G1)

Nove porcos resgatados após o tombamento de uma carreta no Rodoanel na última terça-feira (25) foram adotados por uma veterinária voluntária que atua no santuário para onde os animais foram levados em São Roque (SP). Em entrevista ao G1 nesta sexta-feira (28), a proprietária do local, Cintia Frattini, conta que a mulher foi a primeira a receber a autorização para receber os suínos, todas fêmeas pesando até 400 kg. Na quinta-feira, mais 22 porcos foram levados ao local pelos ativistas.
De acordo com Cintia, a veterinária voluntária escolheu os nove porcos que estavam em estado mais grave por conta dos ferimentos causados pelo acidente na Grande São Paulo. “Essa voluntária está com a gente desde o começo e se apaixonou pelas porcas. Ela pegou os piores casos, que realmente ninguém iria querer”, conta. No entanto, ainda segundo a ativista, não há previsão para os animais deixarem o santuário.
Cintia comenta que pesou a favor da decisão, ainda, o fato de a veterinária seguir o veganismo, movimento contra a exploração de animais e que exclui da alimentação produtos que tenham origem animal. “É uma pessoa de confiança da turma e sabemos da procedência da dieta alimentar dela”, explica.
A dona do santuário ressalta que ainda não existe um prazo para que os outros animais comecem a ser adotados ou que seja formada uma possível lista de espera com interessados pela adoção dos porcos. Todos tutores terão que assinar um termo de adoção. “Obrigatoriamente eles terão que ser veganos e provar que possuem condições de cuidar das porcas, porque não é a mesma coisa que um cachorrinho”. A estimativa dos ativistas é de que o cuidado com cada animal gere uma despesa mínima de R$ 500 por mês.
Cuidados
De acordo com o veterinário Marcos Machado, chefe de Serviço do Centro de Controle de Zoonoses do Departamento de Saúde de São Roque, os interessados em adotar os porcos terão que ter atenção especial com os animais. “Sugiro uma consulta prévia a um veterinário que esteja na região antes de adotar o suíno para saber se o que esta oferecendo é suficiente para o animal. É comum as pessoas, por ímpeto, errarem em adquirir o animal para ver o que fará depois”, diz em entrevista ao G1.
A primeira coisa que os interessados devem ficar atentos é quanto a legislação da cidade onde moram ou pretendem manter os porcos. Na capital paulista, por exemplo, o artigo 25 da lei municipal de número 10.309 proíbe a criação e a manutenção de animais de espécie suína na zona urbana. Já em Sorocaba (SP), porcos e chiqueiros são permitidos somente na zona rural, conforme a lei 8.354. A mesma norma se estende a São Roque (lei nº 3.867) e outras cidades da região.
O ambiente em que os animais estarão devem ter uma cobertura para que possam se proteger do sol e um espaço para que eles caminhem. “Não existe medida padrão, quanto maior melhor. É preciso lembrar que é um animal que gosta de fuçar o chão, assim, uma área com terra seria interessante. O local deverá ser bem cercado para evitar fuga”, explica Machado.
Os animais devem receber água de boa qualidade e a vontade durante todo o dia. Segundo Machado, os criadores geralmente utilizam bebedouros automáticos encontrados em lojas agropecuárias. “A ração também deve ser fornecida no mínimo duas vezes ao dia e em horários fixos. Para facilitar, no rótulo de cada saco de ração, vem descrito a quantidade daquela ração a ser dada ao suíno.”
Segundo o veterinário, outro ponto que deve receber é a destinação das fezes, urina e restos de ração do animal. “A preferência é se usar uma uma fossa biodigestora desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Com essa atitude, com certeza não incomodará os vizinhos pois estará eliminando odores, não contamina as águas superficiais e nem o lençol freático, ajuda a evitar insetos alados como moscas, e o que poderia ser contaminante de ambiente se tornar adubo”.
Machado afirma ainda que o fato de os animais serem provenientes de frigorífico não deve alterar o comportamento dos porcos ou requerer necessidades especiais por parte dos novos donos. “No meu ponto de vista não, esses animais passaram a vida em confinamentos, normalmente são dóceis, ao assumir um animal o novo criador deverá estar atento nos primeiros dias a adaptação do suíno a nova forma de vida, procurando agradá-lo produzindo o bem estar para a espécie.”
Novos porcos
Ativistas de proteção aos animais dizem que conseguiram um acordo com o Frigorífico Raja, em Carapicuíba, na Grande São Paulo, para a doação de 22 dos 110 porcos que estavam na carreta. O G1 não conseguiu contato com a direção do frigorífico.
Segundo os ativistas, esses 22 porcos foram os primeiros retirados do caminhão e transportados ao frigorífico para serem levados ao matadouro.
Os animais chegaram ao santuário em São Roque durante a noite e os voluntários atuaram até às 4 horas. Agora, o local abriga 24 porcos na área de manejo, 18 no galpão em acompanhamento com veterinários e os 22 recém-chegados, que também foram alocados na área de manejo. Durante a madrugada, outro porco que passava por atendimento médico morreu, aumentando para 25 o número de baixas.
Cintia, entretanto, suspeita que os animais entregues não estavam na carreta que tombou. “Aparentemente eles estão bem. Vamos verificar agora cedo o estado de saúde deles, mas não sabemos se realmente eles estavam no Rodoanel porque são animais menores e mais novos, diferente dos que vieram na primeira leva no dia do acidente”, explica.
Fonte: G1

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