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Por trás das câmeras: conheça aterrorizantes casos de abusos e maus-tratos a animais

27 de abril de 2015
6 min. de leitura
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Por Loren Claire Boppré Canales (da Redação)

Junto com os horríveis casos de abuso animal perpetuados pela indústria cosmética e farmacêutica, o cinema e a televisão também são responsáveis por utilizar animais em seus shows e eventos publicitários.

Estes pobres animais além de serem privados de sua liberdade, também sofrem graves abusos, sendo obrigados a atuar durante muitas horas, coagidos violentamente para que cumpram com as exigências do roteiro.

Os chimpanzés, por exemplo, são um dos animais mais utilizados e maltratados da indústria cinematográfica. A primatóloga Sarah Baeckler deu ao site La Voz del Muro o seu aterrorizante testemunho.

Por trás das câmeras

“Meu nome é Sarah Baeckler, e durante um pouco mais de um ano – desde junho de 2002 até julho de 2003 – trabalhei como voluntária no Amazing Animal Actors, um centro de treinamento que disponibiliza animais para a indústria do cinema e da televisão.”

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Assim começa o aterrorizante relato narrado por Sarah, uma primatóloga que começou a trabalhar em uma das maiores empresas estadunidenses de chimpanzés para o mundo do espetáculo, lugar onde testemunhou inúmeros abusos e maus-tratos.

Sarah sabe bem do que fala. É licenciada em comportamento de primatas e antropologia, realizou um mestrado em Primatologia cuja tese se centrou no estudo das interações entre os chimpanzés e seus cuidadores. Além disso, conta com uma grande experiência, tendo trabalhado durante cinco anos com chimpanzés que viviam em cativeiro em zoológicos e santuários.

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“Felizmente tenho sólidos conhecimentos científicos tanto do comportamento desses animais como de suas relações com os humanos. Quando há algo de anormal em um chimpanzé, posso detectar rapidamente, inclusive se for algo que um observador inexperiente não perceberia. E desde o primeiro momento que cheguei à Amazing Animal Actors soube que muitas coisas estavam ruins”.

Amazing Animal Actors

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As instalações da Amazing Animal Actors estão localizadas ao norte de Malibú, na Califórnia, e abrigam vários animais selvagens, incluindo cinco chimpanzés, um tigre de Bengala, um falcão e um leão.

Os chimpanzés estão divididos em dois grupos, jovens menores de três anos e os adultos. Ambos os grupos são mantidos em cativeiro em jaulas de menos de três metros de largura por dois metros de altura.

Para treinar os chimpanzés, a empresa não utiliza nenhum sistema de recompensas ou medidas educacionais, sua única ferramenta é o abuso indiscriminado.

“Os treinadores abusam destes animais por várias razões e muito frequentemente também por nenhuma em especial. Se os chimpanzés tentam escapar do treinador, levam uma surra. Se mordem alguém, também apanham. Às vezes eles são espancados sem ter motivo algum e por coisas que estão além de seu controle”.

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“Assim que cheguei ao centro me explicaram as técnicas de adestramento, ‘é preciso bater, bastante forte, para que entendam que não é brincadeira, mas não tão forte a ponto de causar danos permanentes’. Também escutei o diretor dizer: ‘Dê chutes na cara deles o mais forte que você puder. Não vai machucar’. E em um dos meus primeiros dias um treinador me deu um martelo e me disse: ‘Se tiver que bater neles, utilize isto’.”

O primeiro a fazer é “Romper a Alma”

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Como qualquer animal, os chimpanzés jovens são curiosos, brincalhões e enérgicos, qualidades que não ajudam em seu treinamento.

Por esse motivo, com o objetivo de manipular suas vontades, os chimpanzés do mundo do espetáculo são submetidos a uma prática denominada “Rompimento da Alma”. Que não é mais do que maltratar o animal para que ele desaprenda como se comportar como um chimpanzé. Graças aos espancamentos dados durante um dia inteiro, o medo se converte em uma poderosa ferramenta de controle.

“Assim que cheguei conheci a jovem chimpanzé Tea, de caráter independente, que aguardava treinamento. Eu não havia passado nem um dia na empresa, quando um cuidador me disse que ele e outros colegas haviam tido uma longa batalha com a chimpanzé durante um dia inteiro. Quando dias depois voltei a ver a chimpanzé Tea, fiquei em choque. A sua sobrancelha esquerda havia sido raspada para dar lugar a uma enorme ferida com pontos de sutura. Com toda a certeza ela havia sido brutalmente espancada e em seus olhos não havia nenhum sinal de existência do seu espírito independente. Era tão diferente que me fez pensar no ator Jack Nicholson no filme Um estranho no ninho”.

Quando a idade não é uma virtude

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Os dois chimpanzés mais velhos que trabalham para a Amazing Animal Actors, têm já quatro e seis anos. Estão completamente desenvolvidos, são maiores e mais fortes, e só por isso recebem os piores espancamentos de todo o centro.

Sarah disse ter presenciado incríveis abusos contra os chimpanzés jovens, mas o que ela conta sobre os adultos é aterrorizante.

Para conseguir que o chimpanzé se deitasse, o diretor pegou o animal pelo lábio inferior e o jogou para frente, empurrando com força para baixo para que ele ficasse de costas para o chão.

“Fiquei horrorizada quando um dia, enquanto desfazia a mala que haviam levado para a gravação de um anúncio, encontrei um bastão elétrico”.

De portas fechadas

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Maus-tratos aos animal é crime, mas infelizmente os animais não podem se defender sozinhos e nem denunciar seus cuidadores, razões pelas quais estas práticas não têm voz e são realizadas de portas fechadas.

Nenhuma empresa, produtora ou diretor de cinema, audita ou controla as empresas de animais, eles só se procupam em produzir os filmes ou anúncios o mais rápido possível, com o menor custo e sem incidentes.

É muita ingenuidade pensar que os filmes ou anúncios com animais são gravados utilizando a técnica do reforço positivo, depois de várias horas de filmagem.

Os animais não obedecem por amor, mas sim por medo. Os cuidadores não os querem porque sentem carinho por eles, mas porque são sua fonte de renda. E só são úteis enquanto houver lucro.

A crua realidade é que os animais não podem deixar de ser animais, aprender a trabalhar como humanos, executar comportamentos complicados e repetir os mesmos truques repetidamente, se não for através da violência, e a única maneira de mudar esta realidade é fazendo com que os espectadores deixem de consumir os produtos e filmes que utilizem animais. Só assim, serão novamente chimpanzés e voltarão a recuperar suas almas.

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