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A ironia e contradição dos sacrifícios de animais em religiões de matriz africana

27 de março de 2015
2 min. de leitura
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rituais

Um aspecto de leis abolicionistas ou protetivas do movimento pela igual consideração dos seres sencientes, como a lei que pretende impedir que animais sejam mortos em nome de crenças e cultos em religiões de matriz africana, é o caráter de analogia ou semelhança com as medidas protelatórias do passado, como as leis do ventre livre e dos sexagenários, por exemplo. Tais leis não resolviam todas as injustiças, mas sinalizavam o rumo histórico que ainda estamos em transição na direção de um contexto mais justo e igualitário.

Um dos pontos de “desanalogia” entre o movimento pelos animais e o Movimento Negro, talvez diria o filósofo Naconecy, é que aquelas pessoas do passado, ainda que terrivelmente exploradas, não tinham seus corpos comidos e nem eram trazidos à vida para serem mortos e comidos.
O irônico e triste é que esses crimes em nome de religiões têm voz e imposição justamente num movimento de matriz africana, representantes de um povo que tanto sofreu e sofre exatamente esse mesmo tipo de injustiça: o preconceito e desigualdades por serem “diferentes” nas irrelevâncias ainda que semelhantes nas dimensões realmente relevantes. E ser diferente na cor da pele é tão irrelevante quanto ser diferente no formato de corpo ou diferente por ter nascido em outra espécie que não a humana. E o relevante é que todos – nós e os animais – sofrem e que isso é ruim; e que todos desfrutam e que isso é bom.
Só que esse crime é um crime de toda a humanidade com todos os seus “tons” contra os animais. Não se trata de estigmatizar nenhum grupo, mas de avançar esse pequeno passo nessa tímida chance de tentar livrar os animais de apenas um desses destinos medonhos.
Nesse momento, retomo e colo abaixo o parágrafo de uma outra ocasião, pois sou tão contra os crimes em nome de cultos de religiões de matriz africana quanto os crimes cometidos em nome dos churrascos dos domingos. Acontece que é agora que temos a oportunidade de proibir um deles:
“Um crime não deixa de ser um crime só porque resolvemos chamar o crime de “liberdade de culto” ou outra coisa. E nem deixa de ser crime se a vítima é comida depois do ritual. O foco da justiça deve ser a vítima, e não o grupo que se sente injustiçado por não poder vitimar um inocente. E se ainda, infelizmente, cometemos o mesmo crime em nome da cultura culinária de comer animais, temos de lembrar que 2 errados não fazem 1 certo.”

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