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Do semiárido, mocós fizeram de Noronha a própria casa

25 de maio de 2015
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Mocós formam tocas nas pedras, onde vivem em grupos familiares. Foto: Luiz Pessoa/NE10
Mocós formam tocas nas pedras, onde vivem em grupos familiares. Foto: Luiz Pessoa/NE10

Pequenos roedores de pelo em tons de cinza e marrom encantam muitos visitantes que têm a oportunidade de vê-los pelas encostas rochosas de Fernando de Noronha. Eles são os mocós, mamíferos introduzidos na ilha na década de 1960, trazidos do semiárido nordestino.
Esses animais, de nome científico Kerodon rupestris, são mamíferos com grandes dentes frontais que saltam e escalam muito bem. Como os coelhos, têm rabo curto. A semelhança com os ratos está nas orelhas, pequenas e arredondadas. A alimentação é baseada em frutos e raízes.
Os mocós têm reprodução ao longo de todo o ano, com pico nos meses de verão, de menos chuva. Após o cruzamento entre macho e fêmea, ela engravida e, 30 dias depois, nascem de quatro a oito filhotes. Com um mês e meio de idade, os pequenos animais já podem se alimentar sozinhos, caminhar e têm o corpo todo coberto de pelos. Aos cinco meses, estão sexualmente ativos.
As mães já são férteis logo após o nascimento dos bebês. Isso fez com que a população desses fofos mamíferos aumentasse a ponto de transformá-los em uma praga biológica na ilha – ou seja, são tantos indivíduos que não há mais equilíbrio na cadeia alimentar.
De acordo com a bióloga Maria de Lourdes Alves, da Administração de Fernando de Noronha, há pesquisadores estudando formas de reduzir o número de habitantes, já que o problema afeta o ecossistema, as formações rochosas e as fortificações históricas da ilha, desgastadas pelos roedores.
Mas a especialista ressalta que os próprios animais fazem o controle natural. “Quando população fica muito grande, os machos adultos comem os filhotes, fazem canibalismo”, explica.
Os mocós vivem em pequenas famílias e fazem suas tocas principalmente nas encostas do Mar de Dentro, como a que há na Praia do Sancho e na Baía dos Porcos. É para lá que correm na presença de humanos, por se sentirem ameaçados. Porém, não há perigos para os visitantes. “Eles não atacam, são muito amistosos”, afirma a bióloga.
Esses mamíferos foram levados para Noronha com o objetivo de ser caçados pelos militares que moravam na ilha para a alimentação. Com a criação da área de preservação ambiental, em 1988, passou a ser proibido matar todos os animais selvagens, incluindo os mocós.
Fonte: Fernando de Noronha

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