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O que há de errado com Pamela Anderson?

24 de abril de 2009
3 min. de leitura
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O ativismo pelos animais em muito tem semelhanças com o ativismo feminista, mas podemos perceber hoje exemplos de comportamentos questionáveis entre ativistas pela causa animal.

O que há de errado com a Pamela Anderson? A meu ver nada. Mas percebe-se que, entre mulheres vegetarianas, ela não é muito bem-vinda.  Seja pelo seu comportamento que alegam ser fútil ou pela sua aparência: o fato é que ser mulher, famosa, rica, linda e ainda por cima lutar pelos animais tem incomodado muita gente. Pessoas como Morrissey, por exemplo, saem do palco e fazem o que querem, mas não têm essa visão negativa por parte do público. Então por que ela tem?

É uma pergunta que incomoda, pois não há nada de errado em ser vegetariana e usar a sua fama, dinheiro e influência para promover essa causa. Ser vegetariano/vegano não tem relação com o sexo ou com o contexto social das pessoas. Eu posso ser fútil e rica e mesmo assim posso ter consciência de algo que realmente me parece óbvio, que é o sofrimento animal. Se há sexismo e preconceitos diversos nas campanhas, isso é uma  outra discussão que não envolve logicamente apenas o meio ativista.

Todos nós temos nossos momentos de futilidade, e a futilidade masculina é curiosamente aceita ou possui outros nomes, a feminina não. O próprio conceito (ser fútil) é vago e o senso popular há muitos séculos não nos serve de referência do que é verdade ou não.

A belíssima Brigitte Bardot é um exemplo de beleza e ativismo e provavelmente em sua época foi dessa forma criticada pelas mulheres de seu tempo. Hoje ela já é velha (e continua linda na minha opinião) e “pode” ser ativista numa boa, mas por que a Pamela  Anderson não pode?

A Brigitte Bardot usou seu tempo, sua beleza, influência e dinheiro para ajudar os animais e faz isso de maneira intensa até hoje. Ela é uma referência feminina para muitas mulheres e um exemplo para todos. Provavelmente teve todas as “facilidades” da fama e todas as “futilidades” ao seu alcance, mas ao longo do tempo refletiu e agiu. Será que muitos de nós que nos rogamos corretos e com ‘bom senso’ seríamos assim mesmo, se tivéssemos a oportunidade que estas mulheres tiveram de usar seu dinheiro para a causa animal? Será que muitas das pessoas que possuem o estereótipo de “eco-lógicas” na sua essência são realmente preocupadas com os animais?

Por isso acredito que essa crítica que a ativista Pamela Anderson sofre agora é mais baseada na insegurança feminina, no machismo generalizado, na inveja, do que em algo palpável. E gostaria de estar errada.

Não há problema nenhum em ser bonita, em usar a imagem ou o que quer que seja, se a pessoa é adulta e dona de si.  A causa animal não é um dogma, ela é uma ideia e muitas ações em conjunto.  Não é uma religião onde mulher não possa entrar pois “ameaça”, pois é uma “tentação”.  A mente humana está deveras imersa em conceitos puristas, nossa própria linguagem é baseada em ideias antiquadas, pois nossos ancestrais eram assim. Por isso, temos mesmo que nos desvencilhar de certos conceitos que nos impedem de ver algo real e só ver malícia onde não há.

A mulher vegana deve ter em mente que os meios usados para a escravidão dos animais, exploração da natureza e o condicionamento social a que estamos imersos são muito semelhantes às formas de controle social da mulher. Sejam veladas ou escancaradas, essas formas de controle existem e é bom abrir os olhos para não seguirmos além dos séculos reproduzindo estas ideias.

E um viva à beleza dessas mulheres!!

Obs.: Para quem ainda acha que não existe machismo e que as pessoas exageram quanto ao feminismo, uma sugestão de leitura abaixo que serve muito bem para estas pessoas e contém muitas dicas para os ativistas veganos:

Wolf, Naomi. O mito da beleza: como as imagens de beleza são usadas contra as mulheres. Rio de Janeiro: Rocco, 1992. 439p.

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