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Pele humana impressa em 3D pode trazer o fim aos testes de cosméticos em animais

31 de janeiro de 2019
4 min. de leitura
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Testes de cosméticos feitos em tecido cutâneo humano impresso em 3D ao invés de animais podem ser uma realidade até 2020. A Organovo, uma empresa que produz tecido humano para testes medicinais e aplicações terapêuticas, está oferecendo uma alternativa ética às empresas de cosméticos que desejam acabar com os testes em animais.

Foto: BBC

“O que antes só aparecia em histórias de ficção científica agora está se tornando uma realidade em nossas pesquisas”, disse Taylor Crouch, CEO da Organovo, ao Financial Times.

Em 2015, a L’Oréal anunciou que estava experimentando o uso de pele humana impressa em 3D para testar seus cosméticos. A empresa de cosméticos francesa foi a primeira a anunciar tais intenções. No mesmo ano, a L’Oréal fez uma parceria com a Organovo. Esses tecidos impressos em 3D imitam a forma e a função do tecido nativo no corpo, aumentando a precisão dos resultados dos testes realizados.

Existem dois tipos de tecidos da pele que podem ser criados pela tecnologia de bioprinting, de acordo com Joshua Zeichner, dermatologista e diretor de pesquisa clínica e cosmética em dermatologia do Hospital Mount Sinai, em Nova York, EUA. O primeiro tipo de tecido da pele é desenvolvido com as próprias células do indivíduo e pode ser usado para tratar queimaduras ou doenças de pele.

O segundo tipo é uma pele regular formada usando um estoque de células de DNA humano. Aqui as células são retiradas de órgãos de doadores e restos de cirurgia plástica e depois transformadas em uma bio-tinta imprimível. É esse segundo tipo de tecido que poderá ser uma alternativa aos testes em animais.

Segundo a PETA, entre 100 mil a 200 mil animais – incluindo coelhos, cobaias, hamsters, ratos e camundongos – sofrem e morrem em cruéis experimentos realizados pela indústria de cosméticos a cada ano em todo o mundo.

A União Européia proibiu o teste de produtos cosméticos em animais em 1998 e proibiu a venda de cosméticos cujos ingredientes foram testados em animais em 2013. Enquanto isso, nos EUA, apenas quatro dos 50 estados aprovaram leis que proíbem testes em animais. De acordo com a Cruelty Free International, milhares de animais morrem em testes de cosméticos a cada ano nos EUA.

Na China, a realização de testes de cosméticos em animais ainda é legalizada, o que significa que as empresas geralmente terceirizam os experimentos para este e outros países onde a prática ainda não foi proibida. A L’Oréal, apesar de ter afirmado que “não testa mais seus ingredientes em animais e não tolera mais nenhuma exceção a essa regra”, ainda permite que seus produtos sejam testados em animais em alguns países.

A coordenadora de mídia e parcerias da PETA, Jennifer White, disse que “a PETA reconhece que a L’Oréal está dando passos significativos no sentido de fabricar produtos mais éticos, e esperamos ansiosamente pelo dia em que a empresa acabará com todos os testes em animais – visto que a empresa atualmente paga ao governo chinês para conduzir os testes em seus produtos na China.”

Além do óbvio argumento contra os testes em animais, que é a crueldade envolvida no processo, outro fato que refuta a suposta relevância da prática é que 92% das drogas que foram testadas em animais e consideradas seguras para seres humanos falharam em testes em humanos. Andrew Knight, assessor científico do Animal Welfare Party e professor de bem-estar animal na Universidade de Winchester argumenta que “faz sentido testar produtos de beleza em pele humana impressa em 3D em vez de animais, pois é mais ético e mais confiável”.

Outra boa notícia é que os testes em pele impressa em 3D também acabarão custando menos. Em experimentos que realizam testes em animais, leva de dois a três anos para se obter os resultados, enquanto com os testes em pele humana impressa em 3D, os resultados saem em até duas semanas. Quanto menos tempo levarem os testes, menos dinheiro será gasto nos experimentos.

Estima-se que os Estados Unidos gastem anualmente mais de 12 bilhões de dólares em testes em animais para fins de pesquisa. O uso de métodos “in vitro”, pele humana e outros órgãos impressos em 3D, reduziria significativamente esse valor.

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