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Abutre raro sobrevive a eletrocussão e é solto na natureza

5 de julho de 2011
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A equipe de veterinários e tratadores de um centro de animais selvagens em Gouveia, Portugal, conseguiu, em oito meses, recuperar um abutre do Egito, espécie rara e ameaçada, que foi encontrado eletrocutado, com queimaduras nas duas asas. A ave foi libertada este fim-de-semana.

O jovem abutre (Neophron percnopterus) chegou ao CERVAS – Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens cinco dias depois de ter sido eletrocutado na zona de Portalegre, em Outubro de 2010. A ave apresentava queimaduras extensas em ambas as asas.

Depois de recuperada, ave foi solta na natureza. Foto: CERVAS

Foi um longo processo de recuperação. “Os casos de eletrocussão são quase sempre os mais complicados, dado que podem deixar sequelas que impedem o voo”, explicou Ricardo Brandão, médico veterinário do centro.

“Primeiro paramos o processo de gangrena na ponta das asas e cicatrizámos as feridas. Depois, tratamos as queimaduras e controlamos as infecções secundárias, que não eram muito graves”, informou. A fase seguinte foi o longo processo de fisioterapia, “onde demos espaço ao animal para treinar”. Para recuperar a asa que tinha feridas mais graves, “fizemos massagens, extensões da asa e medicação específica”. Nos últimos meses, o abutre viveu no túnel de voo, com as outras aves em recuperação.

Hoje, Ricardo Brandão pode dizer que o animal recuperou cem por cento. “Isto é muito importante porque esta ave é migradora precisará viajar até África já dentro de um mês e meio”.

O abutre foi libertado na sexta-feira passada na Reserva da Faia Brava, no vale do Rio Côa, em Figueira de Castelo Rodrigo. “Escolhemos este local por ter pouca perturbação, por lá ocorrerem outras aves da mesma espécie e por existir disponibilidade de alimento imediato”, referindo-se a um alimentador de abutres a cargo da Associação Transumância e Natureza. “Antes da migração, a ave deve estar na melhor condição física possível”, acrescentou.

Segundo o CERVAS – centro onde, desde 2006, deram entrada 1500 animais selvagens, 50 por cento dos quais devolvidos à natureza –, o abutre do Egito é o menor dos abutres de Portugal e é uma das primeiras aves migradoras a chegar a Portugal, onde pode ser observado entre final de Fevereiro e princípio de Março até Setembro e início de Outubro.

É atualmente considerada uma espécie rara, em perigo (segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal) e em declínio continuado. Os principais fatores de ameaça são o uso de iscas envenenadas, a falta de disponibilidade de alimento, a perturbação humana em zonas de nidificação durante os períodos mais sensíveis (época de reprodução), a colisão e eletrocussão em linhas aéreas de distribuição e transporte de energia, bem como a caça e a degradação dos habitats devido a construção de infra-estruturas como barragens, parques eólicos ou estradas.

Fonte: Ecosfera

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