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Cães famintos sensibilizam visitantes em região turística da Espanha

25 de março de 2011
4 min. de leitura
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Por Camila Arvoredo   (da Redação)

Cães galgos enforcados numa árvore em Arevallo, região de Castilla y Leon. (Créditos foto: REUTERS)

Espraiando-se pelas praias azuladas e pelos restaurantes e bares da região espanhola de Costa Blanca e passando pelos resorts da Costa Del Sol até a Costa de La Luz e Málaga, capital da Costa de Golf, há sempre algo para divertir a todos, seja com a família, jogando golfe ou vendo a paisagem em Granada, Córdoba ou Sevilha, capital da Andaluzia.

Mas, apesar deste lado “ensolarado”, existe um lado sombrio na Andaluzia e em Murcis, o qual não se encontrará mencionado nos guias de turismo ou websites. Se você já esteve em um desses lugares antes, pode-se notar a grande quantidade de cachorros famintos e amedrontados ao redor dos restaurantes, esperando que alguém lhes jogue um pedaço de pão; pode-se ver grande quantidade de excrementos caninos nas calçadas ou cachorros atropelados e feridos ignorados ao lado das rodovias, afirmou o inglês “The Telegraph”.

Isso é especialmente ruim nesta época do ano, já que a estação de caça invernal espanhola terminou e os “galgueros” – caçadores espanhóis – abandonam seus galgos – cachorros caçadores – aos montes. Os caçadores descartam seus cachorros como bitucas de cigarro. Eles poderão comprar outros em setembro, quando a próxima estação de caça começar. Isso é um problema para os refúgios e associações de resgate animal há décadas e os governos regionais e nacional se recusam a resolver a questão.

Tina Solera é uma jovem inglesa que está tentando fazer algo a este respeito. Ela e seu marido espanhol, Jaime, vivem em Murcia com seus dois filhos há quatro anos. Neste meio tempo, Tina se tornou voluntária de um abrigo espanhol para animais e abriu seu próprio refúgio – Galgos Del Sol – especificamente para cães galgos, em colaboração com outro casal inglês – Gaynor e Les – que além de possuírem a propriedade, mudaram-se para a Espanha.

“O cachorro abandonado é um problema na Espanha e é desolador e difícil de descrever sem entrar em depresão”, ela diz. “Nós os pegamos de auto-estradas, armadilhas e de canis – conhecidos aqui como centros de eutanásia; a maioria tem ferimentos e está amedrontada. Todo dia eu vejo um cachorro abandonado. Um bom dia é aquele em que só vejo um”.

Tina mora próximo de muitas praias consideradas maravilhosas e localizadas no Sul de Alicante, onde há muitos cachorros abandonados e famintos. “Mesmo no exterior dos portões da escola, nós temos um sério problema com os excrementos caninos. As pessoas não percebem o risco que isso tem para a saúde”.

Nos últimos 10 a 15 anos, muitos resorts da Costa Del Sol sofreram consideráveis mudanças com a inclusão de shoppings centers, restaurantes, hotéis e pousadas. Málaga também sofreu com o problema dos cachorros abandonados.

Charl Del Rio se mudou para a região com o seu marido espanhol e seus filhos há dez anos e começou a resgatar cachorros abandonados depois que lhe contaram que um caçador enforcou seu galgo numa árvore.

“Os cachorros andam pelos restaurantes e às vezes as pessoas lhes jogam pão ou chamam o canil. Todo lugar que você anda tem excremento canino. Qual a impressão que isso dá aos turistas?”

Ambas as mulheres afirmam que educar as futuras gerações é a melhor maneira de livrá-los da ideia de que a crueldade contra animais – seja uma tourada, uma corrida de cavalos, o apedrejamento de perus (todos em nome da tradição) – é aceitável.

Elas montaram um pacote para apresentar às escolas e Tina foi convidada para visitar a escola de sua filha, com o seu galgo Guapo, para uma sessão que incluía enrolar massinha marrom e espalhá-la no chão e recolhê-la em sacolinhas plásticas.

Como a maioria dos voluntários resgatadores através da Espanha, a viagem através da costa é emocionante. Como em qualquer país, existe uma minoria que lhes odeia.

Assim, enquanto você está nadando ou tomando sol nas Costas espanholas, esteja atento para o lado negro da vida, atentando para os restaurantes e bares. Não é só de sol e de sangria que a Espanha é feita.

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