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Ativistas de São Paulo participam de protesto mundial contra o uso de peles de animais

26 de novembro de 2010
5 min. de leitura
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Por Lilian Regato Garrafa  (da Redação)

A Sexta-feira Mundial sem Pele (Worldwide Fur Free Friday) é uma data marcada todos os anos por protestos em mais de 120 cidades no mundo inteiro, pedindo o fim do extermínio de animais para uso de suas peles. Organizado pela Coalizão Internacional Antipeles, há três anos, trata-se do maior protesto global em favor dos animais.

Na cidade de São Paulo, cerca de 50 ativistas compareceram à Avenida Paulista na manhã desta sexta-feira (26) e emprestaram sua voz e energia ao movimento contra a crueldade promovida pelas indústrias de pele, em um protesto organizado pelo grupo Holocausto Animal.

Ativistas simulam o sofrimento dos animais mortos pela indústria de peles (Foto: ANDA)

Dois ativistas em trajes mínimos permaneceram durante 3 horas deitados sobre um pano branco na calçada, simbolizando os animais que são brutalmente esfolados. Banhados em tinta vermelha como se fosse sangue, ao lado de um casaco de pele, compuseram uma imagem que sensibilizou os transeuntes, muitos dos quais pararam para questionar e pedir folhetos explicativos, que foram distribuídos maciçamente pelos demais ativistas.

Nina Rosa compareceu ao protesto e ressaltou a expressiva posição que o Brasil ocupa neste comércio, mas lembrou que, mesmo que fosse por um único animal, a manifestação também seria igualmente válida. A ativista lembrou que a ignorância em relação ao modo como os animais são mortos ainda é o grande fator para que se continue a usar peles, por isso é importante que se façam manifestações como esta, que conscientizem a população sobre o direito à vida e à liberdade dos animais.

Faixas foram exibidas nos faróis da Avenida Paulista. (Foto: ANDA)

O protesto continuou com faixas e banners sendo exibidos pelos ativistas nos faróis, esquinas e no vão livre do Masp. Ao megafone, o coordenador do protesto Fabio Paiva relatava os motivos da manifestação e o sofrimento pelo qual passam os animais vitimas da vaidade humana. Grande parte da população apoiou a manifestação, alguns chegaram a se juntar ao grupo, outros pediram panfletos para distribuir entre seus conhecidos. Pessoas que compareceram pela primeira vez a um protesto chegaram a se emocionar ao poder se manifestar em favor dos animais.

Ao megafone, Fabio Paiva expôs dados sobre a realidade das indústrias de pele (Foto: ANDA)

Peles no Brasil?

Um dos principais pontos interrogados pelos que desconhecem o massacre foi o motivo de se fazer um protesto contra o uso de peles em um país tropical. Fábio Paiva esclareceu e enfatizou que o Brasil é o maior exportador mundial de pele de chinchilas — um dado desconhecido da maioria, suficiente para que nos envergonhemos da brutalidade de que somos cúmplices em nome de uma vaidade desnecessária e fútil. Além disso, existem lojas de classe altíssima que comercializam peles, e até algumas de classe média que vendem, por exemplo, jaquetas com gola de coelho, muitas vezes na realidade feitas clandestinamente de peles de gato ou cachorro, oriundas da China.

“Nós entendemos que, em pleno século 21, não se justifica matar um animal por causa da sua pele, pois a tecnologia que o ser humano foi capaz de alcançar lhe permite hoje fazer produtos sintéticos até mais duráveis do que uma pele verdadeira. Esses protestos vão continuar até que consigamos, senão acabar, pelo menos minimizar essa matança de animais que hoje chega ao número absurdo de 100 milhões de mortes por ano”, afirmou o líder do grupo.

Alguns dos manifestantes ocuparam a frente do vão livre do Masp (Foto: ANDA)

 

Repercussão 

Segundo Fabio Paiva, desde que os protestos mundiais começaram a pressionar os estilistas, alguns deles desistiram de lançar coleções com peles de animais, como é o caso de Giorgio Armani. Há algum tempo, depois ter se comprometido a não usar mais peles de animais, o estilista acabou lançando uma coleção com peles. O PETA o pressionou e até lançou um banner que o colocava com nariz de Pinóquio, levando Armani ao arrependimento e desistência definitiva do uso de peles. Outros estilistas, no entanto, ainda insistem em usá-las.

Com esses protestos já se conseguiu que a União Europeia proibisse a importação de produtos da China fabricados com peles de animais, principalmente porque, além de ser o maior fornecedor de peles, esse país também as comercializa de maneira fraudulenta, pois mata por ano 2 milhões de cães e gatos e vende suas peles como se fossem dos animais mais “tradicionalmente” usados.

(Foto: Holocausto Animal)

 

China

A China é o maior produtor mundial de peles, respondendo por 51% do abastecimento mundial. Apesar de o  protesto global já estar no terceiro ano e terem sido feitas manifestações específicas na porta do consulado chinês, até o momento o país continua irredutível, não tendo tomado nenhuma atitude para minimizar o holocausto que inflige aos animais.

Evidentemente as críticas não são aos chineses, mas sim ao governo do país. Na China existem ONGs de defesa dos direitos animais, porém, por estarem sob um regime ditatorial, não têm a mesma liberdade de manifestação dos brasileiros para fazer um protesto como este.

Por isso cabe a nós todos continuar a realizar este papel mundial de conscientização e exposição da realidade por trás do comércio de peles, para que, a exemplo da União Europeia, o Brasil e outros países proíbam a importação de produtos fabricados com pele vinda da China.

(Foto: Holocausto Animal)

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