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Implante de marcapassos vem prolongando a vida de milhares de cães

12 de outubro de 2010
4 min. de leitura
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Por Sandra del Soldato  (da Redação)

O cão Grommit recebe cuidados médicos (Foto: Michael Conroy /AP )

Enquanto Grommit, um cão labrador caramelo, de 8 anos de idade, está calmamente deitado na mesa do consultório veterinário, o Dr. Henry Green monitora o ritmo cardíaco do cão, que tem suas batidas  guiadas por um marcapasso, implantado abaixo da nuca de seu pescoço. Grommit é parte de uma elite de cães, cujas vidas estão sendo polongadas pela tecnologia até então reservada apenas aos humanos.

Segundo informações do jornal The State, milhares de cães foram beneficiados com o implante de marcapasso ao longo das últimas duas décadas. Os números subiram de 100-200 implantes por ano na década de 1990 para os atuais 300-500, disse David Sisson, um professor da Universidade Estadual do Oregon, nos EUA, da medicina cardiovascular.

Grommit recebeu seu implante em 2006, após vários desmaios causados por um defeito do marcapasso natural do seu coração, que o colocou em risco de morte súbita. Sua tutora, Molly Hare, 41, disse que não teve que pensar muito para permitir que o Dr. Green, professor adjunto da Universidade Purdue de cardiologia, realizasse o procedimento no valor de US$ 2.000 em seu cão.

“As opções eram eu voltar para casa e encontrá-lo morto no chão ou implantar o marcapasso para que ele tivesse uma vida longa e saudável. Foi isso que eu escolhi”, disse ela sobre seu animal de estimação.

A cirurgia durou cerca de duas horas, o que é típico neste caso. Dois fios foram introduzidos através da veia jugular do cão em seu coração, para estabilizar os impulsos elétricos. Em seguida, o marcapasso – um pequeno computador e bateria envoltos por uma cápsula de metal, no tamanho de uma moeda de US$ 1 – foi implantado sob a pele na parte de trás do pescoço e os fios conectados.

Marcapassos podem salvar a vida dos animais (Foto: Michael Conroy /AP)

Os pacientes portadores de marcapasso canina podem deixar o hospital de Purdue de após um dia ou dois da cirurgia. Uma vez em casa, eles devem fazer repouso durante cerca de um mês para garantir a cicatrização. Para Hare, isso significou pegar Grommit no colo – com seus quase 30 quilos –, para descer os degraus da varanda, sempre que ele precisava ir ao banheiro. Mas o cuidado especial parece ter ajudado o cão se recuperar.

Em um exame recente realizado por Green, o marcapasso do cão está funcionando perfeitamente, produzindo entre 50 e 180 batidas por minuto, dependendo do seu nível de esforço.

“Ele parece muito bom”, disse Green, dando ao cão ofegante um tapinha nas costas.

Green, um dos cerca de 200 cardiologistas veterinários EUA que podem realizar implantes de marcapasso, fez o seu primeiro procedimento em 2000 e hoje realiza cerca de 20 por ano. Uma gaveta em sua mesa de escritório é recheado com cartões de agradecimento dos proprietários gratos, cujos cães passaram por cirurgias bem sucedidas.

O primeiro implante de um marcapasso humano em um cão foi realizado em 1968, mas o processo demorou a pegar, em parte devido ao custo e à falta de disponibilidade. Os implantes passaram a ser realizadas com mais freqüência na década de 1980, quando casas funerárias começaram a doar marcapassos cardíacos de pacientes falecidos para veterinários, disse David Sisson.

Com o surgimento da AIDS, a manipulação de dispositivos médicos foi descartada e foi dada ênfase à obtenção de doações de marcapassos não utilizados, Sisson disse. Hoje, quase todos os marcapassos utilizados em cães e outros animais, como gatos e cavalos, são doados por fabricantes de dispositivos médicos, que repassam os itens de acordo com a vida útil da bateria. Quando ela enfraquece e seu uso se torna impróprio para  seres humanos, os aparelhos são doados.

Os marcapassos doados, que custam entre US$ 5.000 a US$ 10.000, são encaminhados para um centro chamado Companion Animal Pacemaker Registry and Repository, ou CanPacers, que Sisson fundou em 1991. O CanPacers não tem fins lucrativos e vende os dispositivos por cerca de US $ 500. O faturamento é revertido para estudos realizados por residentes de cardiologia veterinária.

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