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Jornalistas da Globo comem zebra, impalas e girafas em restaurante da África do Sul

24 de maio de 2010
4 min. de leitura
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(Da Redação)

Jornalistas da Rede Globo alardeiam a crueldade e a violência. Dois repórteres do programa Globo Esporte comem zebras, girafas, impalas, entre outros animais, e ainda relatam com orgulho o feito gastronômico.

A África do Sul é berço de muitas espécies do planeta. Lá vivem os maiores mamíferos do mundo. Por suas savanas andam livremente os ‘big five’ – leões, elefantes, búfalos, leopardos e rinocerontes, animais protegidos que dividem o território com girafas e hipopótamos. Nos mares do país habitam baleias, tubarões brancos e golfinhos. Esses e outros animais são símbolos da África do Sul. Mas há muito mais na fauna do lugar. O país é um dos mais ricos em biodiversidade, com inúmeras espécies de pássaros, mamíferos, cobras, lagartos, aranhas e insetos.

Um cenário perfeito não fosse a crueldade humana. Uma barbaridade gastronômica praticada no país sede da Copa do Mundo de 2010 está sendo divulgada com orgulho por jornalistas da TV Globo.  Uma churrascaria  ampliou o cardápio e passou a servir animais como impalas, kudus (espécie de antílope), zebras e girafas.  Só não oferecem os “Big Five”, porque são os únicos animais da África do Sul protegidos pelo governo. Se não fosse isso estariam no cardápio.

Cozinheiro exibe espeto com carne de zebra em restaurante. Foto: Thiago Dias / Globoesporte.com

O restaurante considerado por eles como exótico é, na verdade, um antro de crueldade. O restaurante “Carnivore”  fica um pouco afastado do centro de Joanesburgo. Logo no hall de entrada ele chama a atenção com figuras ilustres locais, como o ex-presidente Nelson Mandela, e ostenta também fotos de animais selvagens. Este é um dos três restaurantes da rede fundada há 22 anos; os outros dois estão no Quênia e no Egito.

Com absoluta falta de senso ético, dois jornalistas do Globo Esporte, Thiago Dias e Zé Gonzalez, relatam orgulhosamente sua experiência no restaurante, exaltando os sabores da carnes, o exotismo do cardápio, e ridicularizando, claro, os vegetarianos.

Algumas das espécies servidas no cardápio. Foto: Thiago Dias / Globoesporte.com

A matéria revela o sarcasmo e sadismo dos dois profissionais, quando dizem que “Ao degustar a zebra é impossível não pensar no simpático bichinho que corre livre pelas savanas ou que alegra os nossos filhos na série de desenhos Madagascar no cinema. Mas o remorso vai embora cedo.”

Comentam com base “no paladar brasileiro” que “A carne de zebra é diferente. Bem assada, com uma leve casquinha crocante, mas com um gosto um tanto quanto amargo. Pelo paladar do brasileiro, dificilmente alguém trocaria uma picanha bovina pela tal da zebra.”

E completam, “Logo em seguida, quase como num esquema de rodízio brasileiro, outros espetos começam a chegar à mesa: crocodilo, impala, kudu… Dessas, o kudu – uma espécie de antílope – foi a unanimidade na mesa dos brasileiros. Por 175 rands – o equivalente a R$ 42 – a experiência vale a pena. É conhecer a fauna africana, digamos, sob um outro olhar.”

Veja a reportagem original do Globo Esporte aqui.

Nota da Redação: A falta de ética e a arrogância de muitos jornalistas são absolutamente revoltantes. A Rede Globo, ao dar espaço a essa lamentável reportagem, é conivente com a violência, com a crueldade. Não bastasse já fazerem parte de toda uma cadeia de sofrimento ao divulgarem e consumirem bois, vacas, galinhas, coelhos, ovelhas e tantos outros animais, ajudam a espalhar  a “nova moda gastronômica” no intuito de que mais pessoas adiram a esse abjeto paladar. A ANDA se pergunta por que os jornalistas não comem carne de gente? Esse questionamento é tão ou menos chocante que o texto do repórter.  A esquizofrenia da Rede Globo precisa ser tratada. Qual a posição da emissora de TV diante de reportagens como essa? Por que pautam essas atrocidades e, o pior, veiculam como coisas legais, exemplos interessantes? Para depois produzirem programas “fofinhos” sobre animais?… A Rede Globo se exalta como uma empresa jornalística pautada pela ética, pelo humanitarismo. A ética se estende a todas as formas de vida. O ato de matar é sempre criminoso, o que muda é a vítima. Quanto mais indefesa, ainda mais cruel é o ato assassino.

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