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Por que muitos profissionais de saúde têm preconceito contra o vegetarianismo?

17 de abril de 2010
2 min. de leitura
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Por Eric Slywitch

A falta de estudo e de atualização científica faz com que alguns profissionais de saúde não gostem da dieta vegetariana.

A formação acadêmica nas faculdades de nutrição e medicina deixa muito a desejar quando o assunto é vegetarianismo.

Muitos profissionais pensam que o vegetariano vive de salada. A maioria se sente perdido quando solicitado a montar um cardápio vegetariano.

O medo do desconhecido é natural para qualquer ser humano. Fica mais fácil dizer que é difícil ou nocivo ser vegetariano.

As alegações de que o vegetarianismo é uma dieta inadequada provêm de bases teóricas mal compreendidas a respeito de diversos nutrientes (ferro, proteína…), de estudos científicos mal desenhados ou mal interpretados e da falta de estudo de muitos profissionais de saúde.

Sobre as bases teóricas mal compreendidas:

Diversas teorias não se sustentam ao serem analisadas na prática. Dizer, por exemplo, que a proteína vegetal é inadequada para o organismo é uma teoria. A prática não demonstra isso. Estudos científicos (metanálise realizada em 2003) demonstram que não há diferença na assimilação da proteína em seres humanos quando ela provém de fonte animal ou vegetal.

O mesmo ocorre com o ferro. A ADA (American Dietetic Association), analisando os estudos bem desenhados, nos dá o parecer de que os vegetarianos não têm maior risco de apresentar deficiência de ferro quando comparados com não vegetarianos.

Sobre os estudos científicos:

Os estudos científicos antigos estavam preocupados em verificar se era possível a adequação nutricional com uma dieta vegetariana. Muitos profissionais ainda estão vivendo nesse passado. Atualmente não há dúvidas científicas quanto à adequação.

A comparação de artigos científicos que descrevem deficiências nutricionais em vegetarianos com artigos que demonstram o contrário mostra que a diferença está no planejamento da dieta e não na presença da carne.

Em 1997, a ADA (American Dietetic Association) revisou os trabalhos científicos bem desenhados sobre o vegetarianismo e se posicionou:

“O posicionamento da ADA (American Dietetic Association) é de que, quando planejada adequadamente, a dieta vegetariana é saudável, nutricionalmente adequada e resulta em benefícios à saúde e na prevenção e tratamento de certas doenças”.

Essa adequação é descrita para todos os estágios da vida (infância, idade adulta, senilidade, gestação e amamentação).

Em 2003, o parecer da ADA (American Dietetic Association) e nutricionistas do Canadá acrescenta a recomendação de que os profissionais de saúde têm o dever de incentivar e apoiar os indivíduos que expressam desejo de se tornarem vegetarianos.

Os estudos científicos atuais estão mais preocupados em demonstrar as implicações à saúde ao se adotar uma dieta vegetariana, visto que a adequação já está comprovada. Os benefícios são muitos .

Dr. Eric Slywitch é médico, coordenador do departamento científico da Sociedade Vegetariana Brasileira. Especialista em nutrologia (ABRAN) e nutrição enteral e parenteral (SBNPE). Pós graduado em nutrição clínica (GANEP). Especialista em nutrição vegetariana.

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