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DNA de elefante pode ser arma contra comércio ilegal de marfim

20 de junho de 2015
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Foto: Christophe Archambault/AFP
Foto: Christophe Archambault/AFP

Os cientistas podem agora combinar o DNA de estrume de elefante ao DNA extraído do marfim para rastrear a origem de grandes carregamentos ilegais de presas e bugigangas para além das fronteiras – informaram os pesquisadores.
Os especialistas esperam que o método conduza a uma repressão aos crimes contra a natureza em dois principais focos na África, onde a grande maioria das mortes de elefantes ocorrem.
O comércio ilegal abastece a matança de cerca de 50.000 elefantes africanos a cada ano e resulta em cerca de 40 a 50 toneladas de marfim apreendidas.
Grande parte da demanda por marfim vem da Ásia, onde é usado em selos da assinatura, joias, piteiras e outras bugigangas, promovendo grandes lucros para os traficantes.
As duas áreas foram identificadas como hotspots são o sul da Tanzânia e o norte de Moçambique, seguido do ecossistema protegido do Tridom que inclui partes do Gabão, República Democrática do Congo, sudeste de Camarões e do sudoeste República Centro Africana.
“Este é um grande crime organizado transnacional”, afirmou o co-autor Samuel Wasser, da Universidade de Washington.
“Ao identificar estas principais ‘hotspots’, impedimos que os países envolvidos neste comércio neguem a extensão do seu envolvimento, e também permite que a comunidade internacional colabore com esses países para acabar com o comércio, e para parar o fluxo de marfim se estabelecido para estas redes criminosas”.
O tempo é essencial já que restam apenas cerca de 470 mil elefantes africanos, e cerca de um décimo da população está sendo perdida a cada ano pela caça furtiva.
Para o estudo, os pesquisadores analisaram 28 apreensões de marfim feitas entre 1996 e 2014.
Cada arsenal continha meia tonelada de presas ou mais.
Para rastrear as raízes do marfim, cientistas tomaram amostras de fezes de 1.350 elefantes, incluindo elefantes tanto de savana quanto de floresta, em 71 locais espalhados por 29 países africanos.
Ao combinar esse DNA ao das presas, criou-se um mapa que mostrava de onde as presas tinham vindo.
Depois de 2007, foi possível dizer que a maioria das presas de elefante de savana vinha da Tanzânia e de Moçambique.
A maioria das presas de elefantes da floresta veio do Gabão, República do Congo, ou a República Centro Africana.
Os especialistas sabem há muito tempo sobre as áreas onde a caça ilegal está ocorrendo, mas Bill Clark, conselheiro da Interpol, afirma que a pesquisa está ajudando na aplicação da lei em áreas críticas onde há um comércio complicado que atravessa muitas fronteiras internacionais.
A pesquisa “está nos ajudando a entender a estrutura e a dinâmica dos sindicatos do crime organizado transnacional por trás dele”, explicou Clark a repórteres em uma teleconferência. “Faz parte de um quebra-cabeças”, contou.
“Olhando, encontrando, identificando a origem do marfim está nos ajudando a montar esse quebra-cabeças”.
Wasser disse esperar que o estudo coloque uma pressão sobre as nações africanas para tomarem medidas mais duras contra os caçadores furtivos.
“Vai ser muito mais difícil para eles negarem a magnitude do problema, e ele também vai fazer com que a comunidade internacional se una e diga que ‘já chega'”.
Especialistas também afirmaram que o mesmo tipo de tecnologia de DNA e rastreamento pode ser usada para ajudar a capturar criminosos que lidam com outros animais, incluindo leões, tigres, leopardos e pangolins.
Fonte: Diário de Pernambuco

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