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Mais de 50% dos primatas podem ser extintos em no máximo 50 anos

20 de janeiro de 2017
5 min. de leitura
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Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais

Foto; Claudia Valeggia, Yale University

Eles são os parentes mais próximos da humanidade, mas mais de 60% dos símios e macacos do mundo estão ameaçados de extinção, revela um relatório chocante.

O futuro dos primatas não humanos – símios, macacos, tarsiers, lêmures e lóris – está ficando sombrio à medida que seus lares florestais são dizimados.

Pesquisadores disseram que, para a maioria das 504 espécies de primatas do mundo, agora é “a 11ª hora” na Terra. Quase dois terços enfrentam a extinção e 75% das populações estão em declínio.

Por trás do colapso mostrado pelos números está um aumento na agricultura industrial, pecuária em grande escala, exploração madeireira, perfuração de petróleo e gás, mineração, construção de barragens e de estradas.

Apesar de estar entre as espécies mais carismáticas de animais, apenas uma “revolução” irá impedir que estes animais sejam extintos, escrevem os autores.

Foto: Getty Images

Para interromper a perda de habitats de primatas, as nações industrializadas terão que reduzir suas demandas de madeira tropical, carne de boi, óleo de palma, soja, borracha, minerais e combustíveis fósseis “entre outros bens” e aumentar o uso sustentável dos recursos.

Primatas são encontrados na América do Sul e Central, na África e na Ásia – mas dois terços das espécies são vivem em apenas quatro países: Brasil, Madagascar, Indonésia e República Democrática do Congo.

Na Europa, a única colônia de macacos selvagens está na rocha de Gibraltar. O comércio de carne de caça – que mata símios e macacos por suas carnes – também está dizimando os animais, provocando mudanças climáticas e propagando doenças dos seres humanos para os macacos.

Na Nigéria e em Camarões foram descobertas 150 mil carcaças de primatas de 16 espécies comercializadas anualmente como carne de caça em 89 mercados.

Foto: Getty Images, Hemis.fr RM

Plantações de árvores para produzir óleo de palma – usado em muitos alimentos populares – são uma ameaça particular para os primatas na Indonésia, disseram os autores, além da mineração de ouro e safiras em Madagascar.

No estudo publicado na revista Science, os autores afirmam: “Considerando o grande número de espécies atualmente ameaçadas e que sofrem declínios populacionais, em breve, o mundo irá enfrentar um grande evento de extinção se uma ação efetiva não for implementada imediatamente”.

Como muitas espécies vivem em florestas tropicais, a redução de milhões de hectares de floresta para suprir a crescente demanda de madeira ou devastar terras para a agricultura está destruindo seu habitat e tornando as populações mais fragmentadas.

Foto: Getty Images

Entre 1990 e 2010, a expansão agrícola em regiões primárias foi estimada em cerca de meio milhão de milhas quadradas (1,5 milhão de quilômetros quadrados) – uma área três vezes maior do que a França.

O aumento da demanda de óleo de palma ameaça os orangotangos e macacos de Sumatra e Bornéu na África, enquanto a expansão das plantações de borracha no sudoeste da China quase causou a extinção de duas espécies de gibões.

Os pesquisadores disseram que os primatas são culturalmente importantes para muitas pessoas, desempenham um papel significativo nos sistemas florestais, como a dispersão de sementes e oferecem dados sobre a evolução humana, biologia, comportamento e a ameaça de doenças emergentes.

Foto: Getty Images

Anna Nekaris, professora de antropologia da Oxford Brookes University e uma das autoras do relatório, disse: “A extinção iminente de nossos parentes mais próximos não deve ser encarada levianamente. Os primatas, sejam eles grandes e carismáticos ou pequenos e noturnos, são partes vitais do ecossistema”.

Paul Garber, professor de antropologia da Illinois University que co-liderou o estudo, completou: “Esta é realmente a 11ª hora para muitas dessas criaturas. Várias espécies de lêmures, símios e macacos – como o lemur de cauda anelada, o macaco-colobus vermelho Udzunga, o macaco de Yunnan, o langur de cabeça branca e o gorila de Grauer – foram reduzidos a uma população de alguns milhares de indivíduos”.

Segundo ele, restam menos de 30 gibões de Hainan, uma espécie de macaco da China. “Infelizmente, nos próximos 25 anos, muitas dessas espécies de primatas desaparecerão, a menos que façamos da conservação uma prioridade global”, acrescentou.

Apesar da crise de extinção, os pesquisadores disseram que a conservação dos primatas “ainda não era uma causa perdida”, mas uma ação imediata é necessária.

Com a maioria dos primatas vive em partes do mundo com muita pobreza, seriam valiosos esforços para melhorar a saúde e o acesso à educação, desenvolver o uso sustentável das terras e apoiar meios de subsistência tradicionais para a segurança alimentar e proteger a natureza.

De acordo com o Daily Mail, os autores escreveram: “A conservação significativa dos primatas exigirá uma grande revolução no compromisso e na política. Aliviar as pressões sobre os habitats dos primatas exige diminuir a demanda per capita das nações industrializadas pelas madeiras tropicais, carne, óleo de palma, soja, borracha, minerais e os combustíveis fósseis, entre outros bens”.

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