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Mata-mato, mata-inseto, mata-pássaro, mata-gente...

17 de julho de 2010
2 min. de leitura
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Iniciarei este texto contando um fato ocorrido quando era vereador em Sorocaba (SP).

Um cidadão me procurou dizendo que havia visto um passarinho morto ao lado de uma poça d’água. Havia chovido um pouco antes – daí a formação da poça – e, detalhe: antes disso, funcionários da prefeitura haviam aplicado o herbicida conhecido popularmente como mata-mato. Teria, a avezinha, sido morta pelo mata-mato? Tudo indicava que sim.

Da tribuna legislativa, discuti o assunto à exaustão. Cheguei a propor um projeto de lei proibindo o uso de “mata-mato” no ambiente urbano, que foi rejeitado. Os argumentos giravam em torno de sua suposta baixa toxicidade.

Gostaria de fazer neste momento um pequeno parêntese. Sempre achei um absurdo as empresas que fazem o marketing de inseticidas usarem como instrumento de sedução mercadológico a afirmação de que, se o produto não cheira, não faz mal ao ser humano – só aos insetos.

Essa coisa de não cheira ou de baixa toxicidade não me convenceram e não me convencem.

Ora, se um produto mata a vida, seja de mato ou de inseto, deve provocar algum dano a outras formas de vida, inclusive, ao ser humano.

Além de propor o projeto de lei, cheguei a levar o caso ao Ministério Público.

Infelizmente, aquilo que parecia óbvio à minha compreensão não gerou qualquer tipo de reação esperada, por parte das instituições envolvidas.

Passados alguns anos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a ANVISA, promoveu uma consulta pública sobre o assunto.

O resultado, divulgado no início do presente ano, foi o entendimento de que o herbicida usado no ambiente urbano é tóxico e, portanto, os procedimentos de segurança devem ser tão rigorosos quanto na zona rural, no sentido de se evitar a exposição da flora e fauna, aí incluídos obviamente os seres humanos. Um dos procedimentos, por exemplo, seria o da sinalização e isolamento da área por 24 horas, após a aplicação.

Procedimentos impraticáveis, segundo o entendimento da própria ANVISA, que gerou a não autorização de sua prática.

Acredito que se houvesse bom senso, esse método de limpeza urbana nunca teria sido usado, porém agora não é mais questão de sensatez ou responsabilidade socioambiental; a ANVISA, finalmente, VETOU o uso de mata-mato no ambiente urbano.

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