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A crueldade cometida contra os golfinhos na ilha de Taiji, no Japão

16 de fevereiro de 2016
5 min. de leitura
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Sheyla Catalán
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Diulgação

Todos os anos, milhares de golfinhos morrem nas ilhas Taiji, no Japão. A prática consiste em encurralar os animais em alto mar, desorienta-os e empurrá-los para águas rasas em uma baía distante de olhares alheios e de difícil acesso. Lá, os animais são mortos e outros são selecionados para serem vendidos a parques de entretenimento humano. E por essa razão, várias pessoas, ativistas e simpatizantes irão se reunir no dia 13 de março no bairro Liberdade, em São Paulo, como forma de protesto em relação as atrocidades cometidas em Taiji.

Em nome de um negócio brutal, estas pessoas trabalham agressivamente para evitar que alguém consiga filmar ou fotografar a matança dos golfinhos. A baía é coberta por toldos que escondem os corpos, impossibilitando contar quantos animais perdem suas vidas, ou de fazer registros sobre a barbárie. E inclusive, os japoneses desenvolveram uma técnica para que quem observa a baía, seu exterior fique menos tingido com as “marés vermelhas”.

Contudo, um crime destas dimensões é impossível de esconder e tem provocado, especialmente nos últimos anos, fortes reações na comunidade internacional. A embaixadora dos Estados Unidos no Japão, Caroline Kennedy condenou a caça aos golfinhos e a artista japonesa Yoko Ono já apelou em carta aberta ao fim desta prática. Dois exemplos recentes entre muitos que se têm feito ouvir.

O sofrimento físico e psicológico infligido aos golfinhos é o principal motivo de condenação de suas mortes.  Não se trata simplesmente de pessoas que matam golfinhos. E sim de um ato muito mais grave.
A forma como os golfinhos são – e não há outra forma de o descrever – massacrados e martirizados, foi exposta globalmente através do documentário vencedor de um óscar, The Cove – A Baía da Vergonha, mas não inibiu os “pescadores” de continuarem a descarregar os instintos mais negros do ser humano nestes pobres animais.

Melissa Sehgal, ativista da Sea Shepherd, descreveu desta forma o massacre à Reuters:
“Estes golfinhos são agredidos e empurrados para a baía da matança, onde já chegam com múltiplos ferimentos. Os assassinos passam deliberadamente por cima dos animais com os botes, agridem-nos, prendem-nos em redes para que não possam fugir e só depois os matam”, conta Melissa.

A forma como os japoneses vão buscar os grupos de golfinhos e os aprisionam antes de os trazer à baía também é macabra. Chocam objetos metálicos, geralmente postes, uns contra os outros debaixo de água, originando barreiras sonoras que confundem e assustam os golfinhos.
Uma vez desorientados, são trazidos para águas mais rasas onde são cercados por redes e deixados durante vários dias à fome, sob estresse e privados de descanso, até serem finalmente arrastados para a fatídica baía.
Não existe qualquer seleção antes do massacre, fêmeas grávidas, jovens e bebés, todos são mortos sem quaisquer cerimônias. Alguns morrem até antes. Tendo em conta o que acontece a seguir, talvez a antecipação da morte seja preferível.

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Divulgação

Libertação
Os golfinhos mais pequenos, se tiverem sobrevivido à captura e à fome, são geralmente devolvidos ao mar. Não, não se trata de algum tipo de piedade por parte dos “pescadores” – um golfinho bebé conta como um indivíduo na quota, mas tem menos carne que um adulto, pelo que dará prejuízo se ficarem com ele.
Infelizmente, a libertação dos golfinhos mais jovens também constitui uma pena de morte para a maioria deles, uma vez que ficam sem progenitores. É muito difícil para um golfinho bebé, órfão, sobreviver sozinho no oceano.
A forma como as embarcações afastam os golfinhos “libertados” chega a ser tão traumática como a captura: são escorraçados enquanto procuram ansiosamente encontrar os seus parentes. Que nunca mais serão vistos novamente.

Cativeiro
Os golfinhos mais “bonitos”, mais raros ou com outros atributos que os treinadores considerem atrativos, são selecionados para vender e passarem o resto das suas vidas em cativeiro, na indústria do entretenimento. Diversos aquários, em particular no oriente (Japão, China, Dubai, entre outros) são clientes atentos e dispostos a pagar largas quantias por cada um destes animais capturados.

Morte
Aos golfinhos a quem é passada a sentença de morte (os mais “feios” ou com cicatrizes profundas dos espancamentos e das redes que os prendem), são empalados com uma haste de metal espetada até à medula espinal.
A morte é lenta, precedida de paralisia, na qual os animais estão conscientes do que lhes está a acontecer, do que está a acontecer aos seus pares e sem qualquer hipótese de se defenderem.
Carl Safina, autor e professor adjunto da Universidade Stony Brook, descreveu à CNN este método de matança dos golfinhos adotado pelos japoneses a partir de 2010. “O ‘novo’ método para matar golfinhos (supostamente melhorado em relação ao método antigo) provoca tamanho terror e sofrimento que seria considerado ilegal matar vacas desta maneira sob a própria lei japonesa”, relata Carl.

Melissa Sehgal, ativista da Sea Shepherd, descreve assim: “Demora entre 20 a 30 minutos até que estes golfinhos morram, seja por hemorragia, asfixia ou afogamento, enquanto são arrastados até ao carniceiro. ”
Tratando-se de animais de elevada inteligência e socialmente conscientes, como é comum a todos os cetáceos, o crime torna-se ainda mais bárbaro.

Talvez a crueldade poderia parar por aqui. Mas o sentimento de repudio frente a descrição sobre a baía de Taiji, permanece. E ainda, quando as pessoas se perguntam porque os japoneses insistem em assassinar os animais, a resposta é “simples”: a população de Taiji precisa da carne dos golfinhos para se alimentar. Mas será que precisa mesmo? Ou será que a tradição, a cultura e a ganância têm mais fome?

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Divulgação

Passa mais informações sobre o evento, acesse a página 1° Ato Contra o Holocausto Asiático – Taiji/Japão

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