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Experimento prova que crustáceos sentem dor

11 de novembro de 2013
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(Foto: Divulgação)
(Foto: Divulgação)

Lagostas são vendidas e cozidas enquanto estão vivas, para, supostamente, preservar o sabor e a textura da carne do animal. A mesma coisa acontece com caranguejos e outros crustáceos que não são protegidos pelas leis de direitos animais. Até o momento, a ciência considerava que esses bichos não eram capazes de sentir dor – em vez disso, eles passariam por uma espécie de ‘percepção da dor’ chamada de nocipção, que causaria o impulso de se afastar de algo prejudicial. Mas agora essa noção pode mudar: de acordo com um novo estudo publicado na revista Nature, realizado pelo pesquisador de comportamento animal Robert Elwood, da Universidade de Belfast, os crustáceos podem, sim, sentir dor.

Para chegar a essa conclusão, Elwood analisou se os crustáceos conseguem aprender através da dor, como vertebrados, ou apenas respondem a estímulos imediatos para evitar situações desconfortáveis, como supõe o modelo da nocipção. Ele analisou o comportamento de caranguejos que podiam se abrigar em duas tocas construídas pela equipe de cientistas. A primeira dava choque nos animais e a segunda era segura. A conclusão foi que caranguejos que já haviam passado pelo choque escolhiam, com uma maior frequência, a segunda toca, se comparados com caranguejos que nunca haviam passado pela experiência. Ou seja: o choque foi sentido e a experiência na primeira toca se tornava aversiva.

Em uma segunda etapa do estudo, um conceito similar foi usado para analisar o comportamento do Pagurus bernhardus, conhecido popularmente como Bernardo-eremita no Brasil – uma espécie de crustáceo que usa conchas abandonadas por outros animais para se proteger. Os animais eram expostos a dois tipos de concha – um que a espécie é conhecida por preferir e uma segunda concha genérica. Ao escolher se mudar para a concha mais popular, os bichos levavam choques. Quando, novamente, eram colocados na mesma situação de escolha, eles se mudavam para a concha menos popular entre sua espécie, contrariando seus instintos para evitar a dor.

De acordo com Elwood, resultados como estes fariam com que, se estivéssemos falando de vertebrados, como ratos, por exemplo, os animais fossem poupados de mortes dolorosas (como serem cozidos vivos). “Estamos nos comportando de forma ilógica ao termos leis que protegem ratos da crueldade, mas não os crustáceos”, declarou o cientista em uma convenção realizada em Newcastle, na qual ele apresentou suas conclusões.

Fonte: Revista Galileu

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