EnglishEspañolPortuguês

Por que ninguém percebe a exploração - Parte 2

11 de março de 2009
2 min. de leitura
A-
A+

O condicionamento social e a organização de nossos neurônios, que acabam fazendo ligações fortes durante a vida, é que moldam nossos comportamentos mais básicos. Dessa maneira, embora tenhamos aptidão para mudanças e adaptações, alguns hábitos são extremamente difíceis de mudar.

Daí vem o espanto de notarmos que, em momento algum, a grande maioria das pessoas associa carne e derivados de animais com a origem desses ‘produtos’. Há uma tendência geral à aceitação cotidiana, mesmo por quem trabalha em frigoríficos, matadouros e outras fontes dessas carcaças, que as pessoas preparam com temperos e mil truques para disfarçar o cheiro de sangue e, por que não, de podre.

Quem já trabalhou na indústria alimentícia sabe muito bem das condições de higiene desses locais. Açougues e frigoríficos não precisam esconder a ‘sujeira’, simplesmente por que é normal, é aceitável. Basta passarmos no mercado da cidade para apreciar o fedor e a cara das pessoas, que acham aquilo tudo muito normal.

Quando houve o escândalo do leite contaminado por soda cáustica e outros derivados, não houve nenhum pio. Na semana seguinte, será que alguém parou de tomar leite? Não. Mesmo sendo obviedade que nosso organismo nem sempre tolera o leite, pois ele vem de outro animal e nossa biologia aceita apenas o leite materno, ainda assim todos insistem em beber a famosa ‘fonte de cálcio’, como se não existisse outra fonte de cálcio no mundo. O leite não é nosso. Ele é de outra espécie. Mesmo o leite puro e pasteurizado é apenas um complemento da dieta. Totalmente substituível.

Mas a aceitação da crueldade e dessa forma ‘prática’ de viver apenas mostra que ainda levará um tempo para sermos verdadeiramente ecológicos. Nosso condicionamento determina muitas vezes o autor preferido, o lugar para onde ir no verão e para onde ir no inverno, o time para o qual devemos torcer, mesmo detestando futebol, e a postura que temos que adotar diante dos outros. E quem não faz o que a ‘manada’ determina é considerado excêntrico ou radical.

Pois a reflexão é uma das formas de quebrar essa ditadura silenciosa, imposta pela sociedade, por meio da nossa organização interna. A segunda forma efetiva de quebrar condicionamentos é a atitude. Só a reflexão não vale muita coisa, pois o mundo está cheio de boas reflexões sobre tudo, mas pouca atitude. Somente juntando estas duas formas de agir, mais a coragem, poderemos fazer mudanças importantes não apenas para nós, mas para os animais. Estes que podem ser considerados as vítimas sem defensores, pelo menos em grande parte do mundo.

Você viu?

Ir para o topo