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Governo do Quênia quer capturar zebras e gnus para alimentar leões selvagens

11 de fevereiro de 2010
4 min. de leitura
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O Serviço de Vida Selvagem do governo do Quênia iniciou uma operação de captura e transporte de 7 mil zebras e gnus (espécie de antílope africano) para alimentar leões e hienas do Parque Nacional Amboseli, no sul do país.

De acordo com as autoridades quenianas, a seca mais forte dos últimos 26 anos devastou o ecossistema do parque em 2009 e fez com que o número de zebras na região diminuísse. As autoridades realizaram um censo dos animais do parque em outubro de 2009, que mostrou que havia apenas 3.023 gnus e 2.467 zebras na região. Estes números representam uma grande queda na população, já que o censo realizado em 2007 indicou que havia 12.411 gnus e 6.978 zebras no parque.

Como as zebras são as presas preferidas de leões e hienas, estes animais começaram a atacar o gado das comunidades em volta do parque. No entanto, a seca já tinha levado à diminuição em até 80% dos rebanhos da região. Devido aos ataques dos leões e hienas, os pecuaristas também têm reagido com mais frequência contra os animais selvagens para proteger o gado.

Custos e fases

A operação de captura e transporte das zebras e gnus para o parque tem um custo estimado de US$ 1,35 milhão e está dividida em fases.

A primeira fase, que visa à captura e transporte de mil zebras, deve ocorrer até o dia 28 deste mês. As outras fases vão incluir os gnus e devem ocorrer entre março e junho. A equipe de captura conta com 26 integrantes, incluindo um piloto de helicóptero, técnicos, motoristas, autoridades de captura e guardas-florestais. O transporte dos animais é feito pelas equipes aéreas e terrestres. A equipe do helicóptero identifica os grupos de animais e os leva para um cercado camuflado, em formato de funil. A equipe terrestre então conduz os animais na direção do caminhão que vai transportá-los.

De acordo com o cientista do Serviço de Vida Selvagem do Quênia, Charles Musyoki, a operação visa restabelecer o equilíbrio entre os animais do parque e, ao mesmo tempo, reduzir o número de casos de conflito entre comunidades que moram na região e os animais que saem do parque para se alimentar do gado.

O Parque Nacional Amboseli e a região que o cerca é um dos polos turísticos mais famosos do Quênia. E a morte de leões por moradores da região pode prejudicar os esforços do governo para conservação e de estímulo do turismo.

O conflito entre os animais e os humanos moradores da região é uma das causas principais do rápido declínio da população de leões no Quênia.

Fonte: O Globo

Nota da Redação: Cercado de decisões incoerentes, o governo do Quênia faz o que se vê de mais decadente no mundo atual: apesar dos esforços para a preservação das espécies, do habitat e até mesmo pelo desenvolvimento da sensibilidade e da compaixão, muitas pessoas ainda ignoram a crise e preferem caminhar na contramão, “tapar buracos”, reagir à situações de forma impulsiva e arrastar-se na vida e na história da humanidade usando paliativos em situações mais ou menos complexas.  Não há nenhuma lógica, nenhuma demonstração de inteligência, em decisões deste tipo. Chega a causar espanto – e porque não dizer vergonha? – ver governantes meterem os pés pelas mãos e ter apoio público em uma demonstração insana de inconsciência e desprezo à vida.  É dado que “uma das causas principais do rápido declínio da população de leões no Quênia é o conflito entre os animais e os humanos moradores da região”. Então digamos que haja, por parte do governo, uma real preocupação com a preservação das espécies em questão. Por que é que em vez de capturarem outros animais selvagens (zebras e gnus) e tirarem-nos de seu habitat, causando ainda mais desequilíbrio; não se preocupam com um trabalho educacional e formas de repressão aos pecuaristas assassinos e inconsequentes?  No entanto, a preocupação do governo queniano parece ser muito maior – ainda que não explícita – com os problemas causados aos criadores de gado e com a lucratividade do turismo, do que com a necessidade de alimentar leões e hienas – já que, convenhamos, há, no mínimo, soluções mais baratas para o problema.


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