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Morte de gato a pauladas em cemitério de SP gera revolta

10 de junho de 2015
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Cascão: xodó do cemitério (Fotos: Arquivo Pessoal)
Cascão: xodó do cemitério (Fotos: Arquivo Pessoal)

O gato mais querido pelos funcionários do Cemitério da Quarta Parada, na Zona Leste, vivia no local há quinze anos. Era o xodó dos cuidadores de túmulos e dos integrantes da ONG Bicho Brother, que realiza trabalhos de veterinária com os animais de lá. Desde a última quinta (28), no entanto, a lembrança de Cascão agora é sinônimo de tristeza.
O gato preto com manchas brancas foi morto a pauladas e jogado aos cães que vivem no local. O autor do crime não foi identificado, mas a suspeita dos ativistas é que se trate de um dos moradores de rua que adotaram o cemitério como casa há alguns meses.
“Eles vivem lá dentro. Dormem nos túmulos, nas capelas. Estão matando os animais para fazer churrasco e comer a carne com cachaça”, revolta-se um dos gestores da Bicho Brother, Eduardo Pedroso, de 46 anos. “Cascão era um animal muito carinhoso, sempre estava por perto.”
O assassinato teria ocorrido pela madrugada, conforme constatou o veterinário que fez a autópsia no gato. Eduardo contou ter procurado a administração do cemitério para relatar o fato e pedir ações, mas o responsável não estava no local. “Ninguém tomava providências, então eu registrei um boletim de ocorrência na delegacia da região constatando a ausência”, diz Pedroso.
No local, os invasores ainda teriam ameaçado o ativista com pedras. “São mais ou menos dez pessoas. A única proteção contra eles era a da Guarda Civil Metropolitana, que mantinha uma base no cemitério, mas que saiu de lá há algum tempo”, explica o protetor de animais.
Segundo um dos cuidadores de túmulo do Quarta Parada, que não quis ser identificado, cerca de dez felinos que circulavam por lá foram mortos. “Os invasores preferem os maiores e mais gordos”, diz. Os ocupantes ainda seriam responsáveis por roubos de objetos, como vasos e estátuas de bronze.
O administrador dos cemitérios da cidade, Frederico Okabayashi, nega a versão de que a ausência do responsável pelo Quarta Parada configure irresponsabilidade. “Ele não necessariamente está no local a toda hora. Precisa sair, fazer cursos ou outras atividades voltadas ao serviço funerário”, afirma.
A questão dos moradores de rua é tratada com cautela pela administração. “Não podemos fazer política higienista e retirar os moradores à força. Sempre tratamos isso com compreensão e, na medida do possível, retiramos as pessoas do local.”
Cascão foi velado no balcão da administração do cemitério pelos próprios funcionários. “Achei chocante tudo isso. Espero que não se repita mais, mesmo sabendo que é uma situação difícil de ser contida”, lamenta Pedroso.
Fonte: Veja SP

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