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Abandono de animais de estimação cresce nas férias

6 de janeiro de 2011
4 min. de leitura
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Indesejados: ONGs pedem mais responsabilidade das pessoas com seus cães e gatos. (Foto: Aliocha Mauricio)

O verão é marcado pelas festas, comemorações e viagens. Mas também por um fato triste: o abandono de animais domésticos. Os tutores têm uma programação para esta época e, quando viajam, muitas vezes preferem deixar o cachorro ou o gato na rua do que procurar uma alternativa.

As associações e organizações não governamentais que lutam pelos direitos dos animais alertam que o problema é grave e pode ser revertido contra os próprios seres humanos: na rua, os animais podem contrair doenças e repassá-las aos homens. Quem abandona nem sempre pensa nas consequências que este ato pode gerar.

Depois de sede e fome, animais correm risco de atropelamento e maus-tratos. (Foto: Átila Alberti)

A maioria simplesmente joga os animais na rua, como se fossem objetos indesejados. Esta época e o Carnaval são as que as pessoas mais abandonam animais. Muita gente ganha cachorro e gato de presente no fim do ano e depois não consegue cuidar”, comenta Maria Elizabeth Hold Montaguti, presidente da Associação do Melhor Amigo do Homem de Telêmaco Borba (Amahteb), que atua na região central do Estado.

Além do abandono pelo próprio tutor, também são frequentes os casos de pessoas que deixam os animais com vizinhos ou amigos que não estão preparados para lidar com os bichinhos.

Eles então soltam o cachorro ou o gato na rua, de acordo com Maria Elizabeth. “Falta ainda muita conscientização sobre como lidar com o animal e o que fazer com ele quando viaja”, analisa.

Nem só animais sem raça definida ou que foram parar nas famílias por meio de doação acabam abandonados. Cães de raça são frequentemente vistos nas ruas nesta época do ano.

“Quem abandona é quem tem condições de viajar e que adquiriu o cachorro. Aí não querem pagar hotel para o animal e não se importam com ele como deveriam. Quando voltarem de férias, se quiserem ou as crianças reclamarem, compram outro e fica por isso”, comenta Marcelo Misga, presidente da Associação Amigo Animal.

Hotéis

Caso não possam levar os animais nas férias junto com a família, as alternativas para os tutores são pagar diárias em hotéis para cachorros e gatos, ou deixar com alguma pessoa confiável e que esteja acostumada com animais.

Muita gente deixa os bichos sozinhos em casa, com água e comida. Mas eles acabam ficando no meio da própria sujeira, que se acumula depois de vários dias sem limpeza.

“Podemos considerar essas pessoas semiconscientes, apesar da situação”, ressalta Misga. Vizinhos se motivam a denunciar situações de maus-tratos quando os animais estão sem comida, sozinhos há vários dias e no meio de muita fezes.

Associações ficam sem espaço

As associações e ONGs que recolhem animais ficam sobrecarregadas nesta época do ano e não dão conta de tantos pedidos de recolhimento. Se ninguém se dispuser a resgatar um animal abandonado, ele fica vagando pelas ruas e enfrentando várias dificuldades.

As primeiras são sede e fome. Depois, vêm os riscos de atropelamento e de maus-tratos de pessoas, que deliberadamente cometem crueldades contra animais.

Por terem sido criados dentro de residências, cachorros e gatos ainda sofrem em brigas com outros bichos por não saberem se defender. Além disso, podem ficar doentes. Sarnas, pulgas e carrapatos acompanham as vidas desses animais.

“Mas a maior preocupação é com a leptospirose. Eles vão se alimentar de qualquer coisa. Comem ratos e em qualquer lugar, e matam a sede com água suja. É uma doença que passa para o homem. Mesmo vacinado, o animal pode adquirir a doença e ter contato com outros animais”, esclarece a médica veterinária Consuelo Martin Ferreira, do projeto Cão Amigo & Cia.

De acordo com ela, entre as pessoas que estão propensas a abandonar um animal, há aquelas que aproveitam que vão viajar para largar na rua seu bicho de estimação que está velho e com problemas de saúde. “Para que o mundo mate”, lamenta.

Guarda tem que ser responsável

A impulsividade está, em muitos casos, por trás da compra de filhotes de cachorros ou gatos ou da atitude de pegá-los em feiras de adoção. Esse problema é totalmente contrário ao conceito de guarda responsável.

Depois que os filhotes crescem, eles dão mais despesas com comida e precisam de mais espaço. Se ficam confinados em canis apertados, dentro de apartamentos (dependendo do tamanho) ou, ainda, acorrentados o tempo todo, os animais começam a apresentar dificuldades comportamentais. Tudo isso vira um enorme problema para o tutor, que pode optar pelo abandono como saída.

“Infelizmente, parte da população não entendeu o que é esta responsabilidade, o que é ter um animal. Ele virou um objeto de consumo. É bonito ganhar filhote, mas muitas vezes as pessoas não estão preparadas para isso. Nem financeiramente, nem com tempo”, comenta Aurélio Munhoz, presidente da ONG Pense Bicho, que trabalha com conscientização da guarda responsável.

Munhoz acredita que a conscientização é o caminho para que o abandono seja reduzido. Para Marcelo Misga, da Associação Amigo Animal, palestras sobre guarda responsável deveriam ser obrigatórias em escolas públicas e particulares.

Fonte: Paraná On line

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