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Abrigo precisa de ajuda para cobrir custos com animais na Ilha de Guaratiba (RJ)

3 de setembro de 2015
4 min. de leitura
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Extra Globo
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Em cada canil ou gatil do abrigo de animais Paraíso dos Focinhos, na Ilha de Guaratiba, existem patinhas que percorreram um longo caminho até chegar ali. São 162 cães e gatos que escondem por baixo dos pelos as marcas do abandono ou de maus-tratos. Apesar dos traumas sofridos, os focinhos não parecem abatidos. Na ONG, que funciona há três anos, recebem cuidados veterinários, banho, muito carinho e podem aproveitar o gramado ideal para se aquecer e brincar.
“Revezamos os cães na área externa para que possam ficar um pouco soltos” explica o administrador da ONG, Rodrigo Lisboa, de 28 anos.
Para manter esse bem-estar, são gastos cerca de R$ 80 mil por mês com ração, aluguel do espaço, salário dos funcionários e saúde dos animais. E apenas parte dessa quantia chega por doação.
Mas não é porque os rabos abanando exalam felicidade que a instituição precisa ser o lar deles para sempre. O objetivo das proprietárias Regina Jordão, de 54 anos, e Hanriette Soares, de 44, é que eles passem pouco tempo ali até encontrar uma nova família. As empresárias dizem se conter para não sair levando todos para casa.
“É preciso muito autocontrole” brinca Regina.
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Antes de trocar de “Paraíso”, os animais são castrados e tomam as vacinas necessárias. Na página do Facebook que leva o nome da ONG é possível conhecer a personalidade de cada um e demonstrar interesse na adoção. O problema é não se apaixonar por todos.
Paraíso foi aberto há três anos
As portas do Paraíso se abriram para as patinhas de todas as cores, raças e gêneros em 2012. Na época, Regina acolheu três cadelas na rua, pensando em entregá-las a um abrigo. Foi quando conheceu a realidade desses ambientes e, o pior, dos acumuladores de animais.
“Senti na pele a rotina dessas pessoas que pensam que cuidam, mas acabam praticando maus tratos. Então decidi que precisava mudar e recolhi todos os animais de uma acumuladora” conta a empresária.
Hanri, que é dona de uma agência de comunicação, entrou na história pouco depois. A pedido de Regina, ela começou a divulgar o trabalho da ONG e conseguiu doações e adoções. Acabou se envolvendo de tal maneira que virou sócia e abriu uma loja de produtos para animais com Regina.
Em três anos, passaram pela instituição 438 cães e gatos. Entre eles, Bidu, de 5 anos, que foi atropelado. Com a coluna quebrada, o mais indicado era sacrificar cachorro. Mas os veterinários da instituição não desistiram e, hoje, o mestiço anda e reage bravamente a cada dia de tratamento contra as sequelas do acidente.
Casos vão de zoofilia a animais baleados
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O estado que muitos animais chegam a instituição e a história que trazem na bagagem são impossíveis de imaginar. Casos de espancamento, confinamento, desnutrição, tiro e até zoofilia são comuns. A funcionária Lívia Karoline, de 29, lembra que um dos últimos cachorros a chegar teve o focinho destruído por um explosivo. Outros nove amigos de quatro patas também passaram maus bocados. Eles viviam enjaulados e sem comida, em Teresópolis, até que tiveram seus latidos de socorro atendidos por uma vizinha.
Mas nem todos precisaram passar por estas experiências para chegar ao Paraíso. Há também animais que eram felizes ronronando e balançando o rabo em seus lares, mas perderam seus donos por algum motivo. O gato Dylan, de aproximadamente 3 anos, e outros quatro que moravam com ele foram resgatado há cinco meses após a dona morrer. O carinhoso felino rajado e de olhos verdes chegou a emagrecer de tristeza, mas já se recupera.
Até com moradores de rua os animais  são recolhidos por Hanriette:
“Já comprei animais por R$ 10 ou R$ 20.”
Alguns cachorros chegam a ser devolvidos pelas famílias adotivas por fazer bagunça ou quebrar objetos na casa. Gugu, de 9 anos, é um dos mais antigos na instituição. Para que mais esse trauma não afete os animais, Hanriette e Regina gastam saliva para tentar convencer as pessoas a tentar reeducar o animal.
“Já chorei e tudo” lembra Regina.
Elas dizem que se transformam quando precisam resgatar algum amigo de quatro patas e criam coragem para enfrentar qualquer problema. Também não ligam para críticas, como as que surgiram em junho, quando uma pesquisa do IBGE apontou que as casas brasileiras têm mais cães do que crianças:
“Cada pessoa tem uma missão a cumprir. A minha é defendê-los. Se todos se preocupassem apenas com as crianças o que seriam dos idosos ou das pessoas especiais” destaca Regina, deixando Hanriette completar: “Não importa o que você faça ou quem ajude. Precisamos lutar por uma causa.”
Os interessados em fazer doações ou adotar um animal podem entrar em contato pelo email [email protected].
Fonte: Extra Globo

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