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Noruega estimula assassinato de baleias grávidas durante caça anual

2 de abril de 2017
5 min. de leitura
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Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais

Foto: Michael Tenten/IMMCS

Uma baleia minke emergiu para tentar conseguir um pouco de ar quando um arpão atingiu seu corpo. Ela se contorceu, mas não conseguiu fugir. Morreu lentamente e de maneira dolorosa conforme seu sangue tingia o oceano de vermelho.

O navio que a atingiu pegou seu corpo. Uma vez que ela estava a bordo, os pescadores a cortaram para que pudessem vender sua carne.

Isto é exatamente o que a Noruega planeja começar a fazer em abril, quando  inicia sua caça anual de baleias no Ártico. Neste ano, o objetivo é matar 999 baleias minke, um número maior do que a cota de 880 de 2016.
Enquanto outros países como o Japão e a Islândia receberam muita atenção da mídia por suas caças de baleias, a Noruega é atualmente a nação que mais mata baleias no mundo, assassinando mais indivíduos anualmente do que a Islândia e o Japão juntos.

Foto: Michael Tenten/IMMCS

A caça ocorre apesar do fato de ser ilegal caçar baleias sob a legislação internacional desde que a Comissão Baleeira Internacional (IWC) colocou uma moratória global sobre a caça comercial de baleias em 1982. O Japão encontrou uma brecha para a moratória, alegando objetivos científicos. A Noruega, no entanto, simplesmente se opôs à moratória e continuou a caçar baleias.

A prática possui uma extrema crueldade. Caçadores atiram nas baleias com granadas acopladas a arpões que possuem “garras” nas pontas.

Quando o arpão atinge a baleia, ele se encaixa profundamente na carne do animal – e isso não apenas as mata lenta e dolorosamente, mas é usado para transportar seu corpo para o convés do navio. Se as baleias não morrem imediatamente, os caçadores usam rifles.

Em alguns casos, de acordo com Michael Tenten, da International Marine Mammal Conservation Society (IMMCS), as caçadas podem continuar por horas antes de a baleia finalmente morrer. De fato, há registros de uma caça que supostamente durou quase seis horas, da qual Tenten soube depois que ele e um colega embarcaram em um navio norueguês em 2016.

Foto: Michael Tenten/IMMCS

“Nós dois não queremos pensar sobre o que aconteceu em um procedimento de 333 minutos”, disse Tenten ao The Dodo.

“A granada atinge o corpo da baleia e detona, causando um trauma enorme. Acreditamos firmemente que não há maneira humana de matar uma baleia e que a caça comercial é inerentemente cruel”, explicou Kate O’Connell, uma consultora da fauna marinha do Animal Welfare Institute.

Outra faceta deplorável da matança é que os caçadores costumam perseguir as fêmeas e a maioria delas está grávida. De fato, 90% das baleias caçadas são fêmeas grávidas, de acordo com um novo documentário sobre a caça de baleias na Noruega.

“As baleias grávidas são nadadoras mais lentas. Elas são fáceis de atingir e os caçadores não podem distinguir uma baleia grávida de uma baleia não grávida, muito menos um macho de uma fêmea porque geralmente você só vê a ponta das costas e não todo o animal”, disse Astrid Fuchs, líder de programas de Conservação de Baleias e Golfinhos (WDC).

Atualmente, a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) lista as baleias minke como uma espécie de “menor preocupação”. No entanto, Fuchs acredita que a captura de fêmeas grávidas, ou de qualquer baleia, ainda pode ter efeitos devastadores sobre a população da espécie.

Foto: Michael Tenten/IMMCS

“Dados científicos mostram que as baleias possuem uma cultura e os indivíduos são realmente importantes para o grupo em termos de conhecimento de onde estão as melhores áreas de alimentação e de educar as baleias mais jovens sobre aonde ir”, acrescentou.

A remoção de baleias do oceano também pode gerar prejuízos para o ambiente marinho, de acordo com Paul Watson, presidente da Sea Shepherd Conservation Society, que se opõe ativamente às caças de baleias globais.

“Quanto mais baleias, mais saudáveis são os oceanos porque as baleias fornecem o nitrogênio e o ferro necessários para uma população vital de fitoplâncton. Populações de fitoplâncton diminuíram 40% em 1950, principalmente devido à redução da população de baleias”, apontou.

Apesar da oposição de ativistas e cientistas, as caçadas norueguesas continuam, embora não esteja claro o motivo. Poucas pessoas na Noruega realmente querem comer carne de baleia, então a demanda é baixa e o país exporta a maior parte da carne para o Japão.

Foto: Michael Tenten/IMMCS

Em 2016, foi revelado que a Noruega usou a carne das baleias mortas para alimentar animais torturados em fazendas e cujas peles seriam usadas para produzir casacos e outros itens de vestuário.

“Estamos chocados com o fato de a Noruega, como uma líder na proteção da natureza, matar a maioria das baleias em todo o mundo – a maioria delas fêmeas grávidas”, disse Nicolas Entrup, consultor do OceanCare, um grupo de proteção da vida marinha.

“Esperamos que esta prática termine muito em breve diante do crescente protesto internacional. Não há necessidade e não há lugar para a caça comercial de baleias no século XXI”, completou.

Embora impedir a Noruega de caçar baleias pareça uma tarefa colossal, organizações como a OceanCare, a AWI, a WDC e a Sea Shepherd Conservation Society estão trabalhando duro para chamar a atenção para isso e acabar com a matança. Há também grupos menores que lutam para proteger as baleias, como o German chapter do IMMCS, que tem trabalhado para filmar e fotografar as caças norueguesas de baleias.

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